A Kate já estava arrumada para escola, mas acabou não indo.

Pegamos o Jônatas e fomos para o hospital. Encontrei uma da enfermeiras que estava cuidando da Ester na recepção do hospital.

- Que bom que chegou. - Ela falou assim que me viu.

Seguimos até o quarto da Ester, e ao entrar a vi sentada na cama, respondendo algumas perguntas que o doutor fazia. 

- Doutor já disse que estou bem! - Ela ainda não tinha notado minha presença, mas logo olhou pra mim.
- Que bom que acordou. - Corri e a abracei.
- Lais?- Falou enquanto eu ainda a abraçava.
- O que foi?- Perguntei.
- Você está me sufocando.- Ela falou rindo.
- Ah sim! - Nos soltamos do abraço.

Ela estava mesmo bem, eu não podia acreditar.

- Cadê o Miguel? Preciso ver meu filho. E o Arthur?- Questiou-me
- Acho que eles ainda não sabem que você acordou. Vou ligar pra eles.- Sai do quarto e liguei primeiro pra mãe da Ester, Ela disse que já estava a caminho.

Logo em seguida eu liguei pro Arthur que atendeu no segundo toque.

- Alô, Lais? Aconteceu alguma coisa?- Perguntou preocupado.
- Arthur a Ester acordou !

Arthur narrando

Senti meu coração soltar no peito ao ouvir as palavras da Lais,mas eu não poderia ir vê-la, pelo menos ainda não.

- Não posso ir agora Lais.- Falei contendo a imensa vontade de dirigir para o hospital

- Por que?-  contei meus planos para a Lais. -  Você tem certeza disso? Quer dizer, depois que você fizer não tem mais volta.
- Eu sei exatamente o que eu quero,- Falei convicto.-  também sei que a Ester pode não aceitar. Mas estou disposto a arriscar isso. Não posso mais viver sem ela.
- Tudo bem, então te dou meu total apoio.- Sorri em saber que a Lais estava do meu lado, apesar de tudo o que eu fiz com a Ester. -  Agora vou desligar que os pais da Ester acabaram de chegar, tchau. - Nos despedimos e encerramos a ligação.

Ester narrando.

Abrir meus olhos com muita dificuldade, demorei um pouco para me acostumar com a claridade, e mais um pouco para notar que estava em um hospital.
Olhei para o lado quando ouvir a porta do quarto se abrir.

- Vejo que nossa Bela Adormecida acordou. Como se sente ? -O doutor Pedro, que conheci no dia que a Lais deu a luz ao Jônatas, falou demonstrando sua felicidade.
- Eu estou bem.- Me lembrei do que aconteceu, e me lembrei do Miguel. - Cadê o Miguel?- Me levantei bruscamente, e me arrependi logo em seguida quando minha cabeça começou a girar freneticamente. - Aí minha cabeça!
- Calma, se deite novamente que eu vou pegar um remédio.- Ele saiu e voltou novamente com um comprimido e água.
- Sua tontura e dor de cabeça é normal, por conta do coma.- Falou enquanto apontava uma lanterninha para o meu olhos e pedia para eu o segui.
- Esperai eu estava em coma?- Perguntei depois que o doutor se afastou.
- Sim, o acidente na cabana lhe deixou inconsciente por quase duas semanas.
- E meu filho doutor onde está?- Precisava saber se o Miguel estava bem.
- Ele está bem, mas agora eu preciso saber se seu coma deixou algumas sequelas . Além da dor de cabeça você está sentindo algo de estranho?
- Não, mas eu estou com fome, só que isso nunca foi estranho. - Ele riu.
- Quer tentar sentar novamente? Dessa vez com calma.- Balancei a cabeça afirmativamente. 

O doutor segurou a minha mão e me ajudou a sentar, mas a tontura voltou por um breve momento.

- Consegue sentir todas as partes do seu corpo?- Indagou-me, embora eu já tivesse afirmado que eu estava bem.
- Doutor eu já disso que estou bem!- Falei enfática, olhei para o lado e vi a Lais.

Ela veio até mim e me abraçou, um abraço literalmente de tirar o fôlego.
Assim que nos desprendemos do abraço eu lhe perguntei sobre o Miguel e o Arthur, ela disse que iria ligar para eles e saiu da sala.
Não demorou muito para que ela entrasse novamente acompanhada dos meus pais e meu filho e logo em seguida o Bruno segurando um bebê e a Kate.

- MAMÃE! ! - Miguel pulou em cima de mim me abraçando.

Eu o abracei sem dizer nada. Só de pensar que eu poderia perde-lo me doía o coração.

[...]

- Precisamos fazer alguns exames em você para ter certeza de que não ouve nenhuma sequela. - Doutor Pedro informou depois que todos no quarto se acalmaram.
- E isso vai demorar?- Indaguei.
- Talvez cerca de um dia. Se tudo estiver em ordem você receberá alta depois de amanhã.- Suspirei.

- Tudo bem! -Senti minha barriga roncar. - E eu ainda estou com fome.- Eles riram

- Vou mandar trazer alguma coisa pra você comer.- Falou o doutor, mas eu protestei.

- Ah não! Não quero comida de hospital não, sem ofensas mas é ruim de mais.- Pedro riu do meu drama.
- Tudo bem, deixa que eu compro algo na lanchonete aqui em frente. Ela pode comer não é?- Bruno questionou olhando para o doutor.
- Ela passou quase duas semanas se alimentando com alimente artificial, eu libero ela para comer sim. 
- Graças a Deus!- Levantei as mãos aos céus.

Bruno entregou o Jônatas, que era muito fofo, para a Lais e saiu. O Miguel ficou a todo o momento ao meu lado.

O Arthur não havia aparecido ali, e eu queria saber o porquê! Mas não tive coragem de perguntar, ou talvez meu medo fosse a resposta.
Eu o rejeitei, e não foi só uma vez. Tinha medo que ele tivesse saído da minha vida para sempre.

A hora de visita havia chegado ao fim, então minha família teve que ir embora, e eu fiquei naquele quarto junto com a minha mãe, que insistiu em passar a noite comigo. Na manhã seguinte eu faria uma bateria de exames. Mesmo eu afirmando que estava bem, eles disseram que esses exames eram necessários. 

Continua

"Porque, quando meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me recolherá." Salmo 27.10

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