Acândia entrou primeiro, em seguida eu, e depois Rennê.

Seguimos o caminho pouco iluminado e empoeirado. Viramos uma vez à direita e depois, finalmente, chegamos ao Salão Principal.

Rennê tirou a capa de mim rapidamente, balançando o tecido com poeira para longe.

– Onde vamos primeiro? – perguntei, baixinho.

– Primeiro, vamos ao salão para dar um jeito na sua aparência. Alias, fiz um novo vestido para você.

Arregalei os olhos.

– Mais um?

– Um vestido de princesa dessa vez.

Concordei, apreensiva. É claro que era um vestido de princesa agora. Por um instante, me senti tola.

– Depois – Rennê prosseguiu –, vocês vão até o escritório do seu pai.

Entrei em pânico.

– Certo. Alguém me explique o que está acontecendo – exigi, impaciente.

Acândia suspira e, de algum jeito, sei o que aconteceu.

– Vimos um bilhete ontem. – Acândia simplesmente explica. – Meriya, essa pessoa sabe sua identidade.

Pisco algumas vezes.

– O bilhete diz isso?

Acândia nega.

– Mas, estava em cima de um uniforme de empregada.

Senti um frio na barriga.

– Meriya, era seu uniforme.

Não precisei dizer mais nada. Um dos meus uniformes tinha sumido mesmo, mas eu não ligara na hora. Não era grande coisa.

E lá estava o paradeiro do uniforme.

Alguém entrou no meu quarto.

Alguém roubou meu uniforme.

Alguém me escreveu um bilhete.

Senti as faces se contorcerem de raiva e não fiz mais perguntas por todo o caminho.

Chegando ao salão de Rennê, ele lavou e hidratou o meu cabelo, soltando as madeixas que estavam presas em uma trança.

Vesti minha camisola, coloquei pantufas diferentes e me olhei no espelho, com medo, no entanto, feliz por estar de volta.

Bem vinda de volta, Meriya.

Rennê me abraçou forte e eu saí do salão, em direção ao escritório.

Chegando lá, vi mamãe e papai conversando alguma coisa. Minha mãe segurava um bilhete bem apertado entre as mãos.

Passei meu olhar do pai pra ela e engoli o seco.

Fiz uma mesura.

– Acândia me contou sobre o bilhete – comecei, cautelosa. – O que ele diz exatamente? 

Sinto meus olhos pesarem. Ainda estou um pouco cansada e fico imaginando como eu gostaria de ir para a cama.

– Ah, Meriya... – Minha mãe me encarou com seus olhos lacrimejando e entregou o bilhete.

Respirei fundo e o abri:

"Eu acho melhor que a nossa princesa esteja no aniversário dela para receber os meus cumprimentos. Caso contrário, a festa será bem explosiva"  

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