Quando Kayla decidiu que diria a ele que tinha molho de carne em sua orelha, ela foi interrompida ao ver uma serva histérica correndo na direção deles.

Ah, Kendra, você não fez isso.

Kayla queria sair correndo ou simplesmente se esconder em algum lugar, mas não daria tempo, o vulcão em erupção iria explodir ao seu lado, e ela seria derretida em sua lava. Ela colocou as duas palmas das mãos no rosto tentando esconder a vermelhidão, mas não adiantou, e enquanto isso o príncipe olhava para ela sem entender nada.

Talvez as pessoas de Uro fossem loucas naturalmente. Pensou o príncipe, mas não sabia o quanto elas realmente poderiam ser loucas ao olhar na direção em que a princesa de Uro insistia em encarar e viu uma jovem até que bonita, com um vestido verde floresta correndo na direção deles, e assim ele pôde notar que era uma serva, só não entendia o porquê dela estar correndo, até porque se algum servo de Frigus corresse assim por qualquer lugar no castelo, seria mandado embora no mesmo momento.

— Kayla Christina Huba! Onde você estava?! Eu te procurei como uma mulher solteira na meia-idade procura por um marido! — gritou a serva, contudo tapou a boca com a mão ao perceber que estava na presença do príncipe. Kayla quis bater na própria testa e depois na destrambelhada da Kendra. Elas estavam fazendo exatamente o que o rei John pedira para não fazerem. Arrumando confusões, brigas, conspirações, e acabando com a imagem de Uro.

A princesa olhou para Kendra como se pudesse queimá-la com o olhar, contudo sua fúria se direcionou a outra pessoa ao ouvir o que o príncipe Kaikus tinha a dizer sobre o comportamento da dama de Kayla.

O príncipe olhou de uma jovem a outra, com certa curiosidade, e pelo que Kayla pôde perceber, ele falou exatamente o que veio a sua mente, e Kayla queria fazer com ele a primeira coisa que também passou por sua mente.

Arrancar a sua língua e dar para as aves.

— A princesa deixa os seus súditos falarem assim consigo mesma? — pergunta incrédulo. Kayla olhou na direção do príncipe mais irritada ainda e sentiu a mão de Kendra em seu braço alertando a jovem de pavio curto para pensar nas consequências antes que fizesse qualquer besteira. Ou um favor ao mundo, em sua concepção.

Enquanto isso o príncipe percebia que talvez invejasse a princesa, já que nenhum servo seu ousaria falar assim com ele ou a sua família, talvez por medo ou falsidade, e talvez ele gostasse dessa espontaneidade de Uro.

O que ele estava pensando, estava louco? Gostar de algo do reino inimigo só poderia ser loucura, era a única explicação.

— M-me perdoe, Vossa Alteza — a serva se desculpa envergonhada escondida atrás de Kayla, fazendo uma mínima reverência.

Kayla manda um olhar mortal para Kendra, como se dissesse para ela não se desculpar com o jovem príncipe arrogante, na verdade ela queria mandar Kendra calar a boca, mas não faria isso na frente do príncipe, principalmente porque ele precisava saber que Kendra era amiga de Kayla, e não uma escrava. Kendra acena com a cabeça entendendo o recado da princesa, ela sai de trás de Kayla e volta pelo mesmo caminho que veio correndo, seguindo em linha reta e virando no corredor enquanto fingia que não ouvia a discussão dos dois, já que o rei John fora bem claro com ela e pedira para a mesma cuidar de Kayla, já que ele conhecia o gênio de sua filha.

Coroa De Guerra (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora