Capítulo 2 - O Ancião

68 4 0
                                    

      O sol finalmente ressurgiu, e todos os moradores saíram de suas casas para contemplar o dia, Lux ficou em festa e todos voltaram aos seus afazeres diários. A floresta ainda estaria fechada impedindo a passagem de qualquer meio de transporte, a pé ou a cavalo.

      Até então Oxin não teria saído de sua casa, pois estava muito ocupada preparando algumas frutas para se alimentar, logo depois foi até o quarto e ao retirar o pano que envolvia Ária, ficou assustada em ver pequenas marcas brilhantes com desenhos estranhos no seu ombro, mas brilharam pouco e logo sumiram. Ela aparentemente ignorou o fato que acabara de acontecer, levou a bebê para o lago do vilarejo (E o pequeno Ety sempre no rastro das duas, observando tudo de muito perto), apesar do clima frio banharam-se nas águas límpidas e mornas do lago Flux, que as deixou relaxadas. Então Oxin se ajeitou, enrolou a criança em um pano limpo e seguiu caminho até a casa de Anny (Sua amiga mais próxima) pedir roupas para bebê, pois sabia que seus filhos já haviam crescido e tais roupas poderiam servir em Ária.

      Ao chegar na casa da vizinha todos, sem exceção, ficaram assustados, Anny chamou sua amiga para o quarto, surpresa, questionou:

  — Como isso é possível ?!? Você não podia engravidar, te vi ontem mesmo e nem estava grávida!!
  — Essa criança estava perdida na floresta, eu não poderia deixa-la sozinha... - Afirma Oxin com tom de mistério.
  — O que??!? Você entrou na floresta e conseguiu voltar??? Como?? O ancião Sapere disse que nós não podíamos ir pra floresta...

      Oxin ficou sem reação com a pressão que recebera, apenas virou-se e disse:

  — Preciso de roupas para a bebê, você pode me doar algumas?
  — Claro Oxin, se precisar de alguma coisa estarei aqui, sempre, pode confiar em mim... - Disse a mulher de curtos cabelos ruivos, olhos pretos, aparência jovial e roupas simples, alguns panos velhos e gastos, que realçavam a beleza da jovem.

      Se dirigiram até um velho baú que continha várias roupas, não muito gastas, de bebês e crianças. Anny envolveu tudo num pano grande e deu para sua amiga levar consigo, então Oxin agradeceu e seguiu para casa.

      Chegando lá sentiu falta de seu parceiro, e quando acomodou Ária na esteira, virou-se e de repente avistou uma silhueta enorme de alguém forte e assustador, que se debruçou sobre o chão do casebre, observando atentamente percebeu que era seu homem, ele chorando muito, soluçando disse:

  — Mulher, fui convocado pra lutar e não sei se irei retornar !!

       Nessa hora pôs a mão no ombro de sua amada sussurrando ao seu ouvido:

  — Mulher, fique calma, em sonho eles me contaram tudo. Estou ciente que você está pre-destinada a cuidar de Lux... Não se preocupe,  manterei segredo... – Antes mesmo que pudesse falar alguma outra palavra, mais lágrimas rolaram sobre seu rosto e então ele a abraçou mais forte, olhando para a pequena Ária deitada na esteira, disse uma última palavra:

  — Adeus...

       Dut, seu amado, saiu porta afora sem olhar pra trás, já com seu destino traçado. Oxin pegou Ária, que estava chorando muito, e a abraçou forte dizendo :

  — Fique calma querida, sempre estarei aqui. Vai ficar tudo bem!

      O pequeno dragão subiu no ombro de Oxin, e às entrelaçou em um caloroso abraço, simbolizando um laço. Depois desse acontecimento estranho Oxin decidiu ir até o encontro de um dos anciões do vilarejo, e lá chegando observou uma grande movimentação de pessoas em frente ao casebre simples do velho, feito de palha com alguns pedaços de madeira, também continha alguns ossos pendurados na porta e janela, sem entender o que acontecia, aproximou-se de uma mulher e perguntou:

  — O que está acontecendo Sra. Lia ?
  — Nobis e Nulos (Marido e filho) não encontravam-se em casa hoje cedo quando acordei, um dos garotos​ afirmou ter visto ambos, junto com Dut, Sr. Solus e Fidels (Marido de Anny) entrarem aí !!! – Desesperada explicou a mulher apontando para a casa, e logo depois de responder voltou a gritar.

      Nessa hora um clarão enorme surgiu sobre o casebre do ancião Septem, uma luz tão forte que todos se assustaram, fazendo-os recuar para suas casas, menos Oxin, que sentiu-se protegida, pois apesar de estar com Ária nos braços​ Ety também estava por perto. Septem, o ancião mais antigo do vilarejo abriu a porta lentamente, podia-se ouvir até o ranger da porta, assustada Oxin fitou-o de cima a baixo; pois o velho encontrava-se envolvido em uma túnica rasgada, de cor amarelada e aparência envelhecida, pés descalços, sua barba era tão grande e volumosa que tinham várias tranças bagunçadas e ainda haviam fios soltos assim como seus cabelos também​ eram grandes, ambos de tom castanho e algumas mechas brancas, com seu rosto enrrugado, a maioria das vezes causava medo nas crianças. Observando Oxin parada praticamente em sua frente lhes convida para entrar, antes mesmo que ela pudesse falar ele já foi dizendo:

  — Minha jovem, quando vosmicê nasceu precenti que serias importante para a humanidade, mas não pensei que poderia ser tanto... - Ohando misteriosamente para os três.
  — Por que eu? Por que pra mim? Não consigo entender o que está acontecendo... - Receiosa do que poderia acontecer, interrogou.
  — Nesse momento existem 4 Deuses em guerra, pois a Deusa Trevi e o Deus Thorine que já tem um filho de 2 anos não aceitam que ele se torne mortal e lute pela própria vida, por ficar perto da criança que nasceu a pouco, dos Deuses iã e Syã, e vise e versa. Pois você deveria saber que nosso Deus Dominus Siderium, pai de tudo e senhor de toda a criação, ordenou que seu aprendiz seria aquele que fosse capaz de sobreviver pelo menos 3 luas como mortal, sabendo que quando os sangue puro (Filhos dos Deuses, nascidos depois da segunda geração) chegam perto uns do outros eles tornam-se mortais. Pra fazer isso Dominus Siderium declarou que essas duas crianças seriam destinadas a ficar juntas, e ao passar de determinadas luas quem sobrevivesse continuaria sendo seu aluno; Se os dois sobreviverem algo irá acontecer...
  — Por que esses 5 homens foram embora?!? Foram lutar!!?? - Oxin ficou assustada com tanta informação.
  — Sabendo que não poderia interferir na guerra diretamente e também que a guerra não traria coisas boas, o grande Mestre decidiu treinar humanos de alma pura e honesta... É... Melhor você ir pra casa, logo a noite far-se-á presente, se prepare mais mistérios ainda vão se revelar...

       Então Oxin voltou para seu casebre, que mal se aguentava em pé, simples, feito de madeira continha também algumas cercas ao redor, o této de palha, existiam também alguns sacos na frente com pó de madeira e frutas. A noite se firmou com sua beleza, sons e mistérios fascinantes. Falando em mistérios, Oxin chamou Ety próximo à janela e perguntou:

  — Ety, por que ela se chama Ária Lux? - Com expressão de curiosidade, pergunta.
  — Bom, Ária significa " Melodia " e Lux significa " Luz ". Sua mãe escolheu esse nome, pois o local da floresta que Lux nasceu é cheio de encanto e sons magníficos, e também porque ela iluminava a floresta onde estavam. - Afirma Ety com um brilho nos olhos.

      Oxin fez uma expressão de espanto, mas sem demora mudou para um sorriso, seu olhar transformou-se, e seu rosto logo simbolizou felicidade, e honra... Mesmo com o dia difícil que acabara de enfrentar, muito esperançosa olhou para a paisagem que estava através da janela, guiou seu olhar através de uma montaha enorme, que formou-se ali próximo, até o topo e viu estrelas em formatos estranhos nunca vistos antes naquele infinito azul, ficou um tempo pensativa, prontamente entendeu que encontrava-se em uma jornada perigosa que prometia vários anos de aprendizagem, experiências, sentimentos e dificuldades.

Et Peregrinorum LuxOnde histórias criam vida. Descubra agora