Ele é mesmo um policial? Será que ele está aqui a mando Charlie e do meu pai para me segurar aqui até eles chegarem?

Me sento no sofá devagarzinho para não fazer barulho e olho para onde escondo a minha bolsa de fuga. Remexendo o cabelo penso no que vou fazer sem muitas alternativas, pular a janela como eu estava pensando em fazer quando estava doidona está completamente fora de cogitação, não sou um pássaro, então eu precisava agir com calma. Tento me levantar devagar, mas o cachorro late mais alto e o vizinho policial lindo e perigoso aparece na porta.

Com um sorriso ele seca a mão no pano de prato, ele deve ter se metido na minha cozinha exatamente para vasculhar. Ele deve já até saber quem eu sou. Merda! De todo lugar que parei e fui tinha que ser exatamente aqui. Acreditando, igual a uma babaca ser um lugar seguro, para no final de tudo ter um vizinho policial e que ainda me salvou.

Isso que dá Catherine, acreditar em Raquel e nas pessoas. Relaxa, você confiou até no seu pai e sua mãe

— Espero que não se importe, mas lavei a louça que estava na pia — Thalles o vizinho lindo me olha com aqueles olhos verdes, tão lindo. — Guardei também as coisas que você não comeu na geladeira.

— Ah! Obrigada, mas não precisava. — Me ouço dizendo, com o coração batendo rápido —Quer dizer... Obrigada por ter cuidado de mim, mais uma vez — Dessa vez eu sou sincera e volto a ficar com vergonha, porque me lembro de ter segurado o seu casaco em alguma hora, fazendo dele o meu bote salva vidas.

Merda eu parecia estar desesperada.

Quase choro, porque vou ter que arrumar um novo lugar para fugir, o que vai levar quase todas as minhas economias. Tentar encontrar um novo lugar seguro, um lugar que possa me pertencer. Mas engulo o choro e me ergo. Me sondando de longe, Thalles parece saber exatamente o que eu estou pensando. Ele ergue a sobrancelha e cruza os braços.

— Achei melhor ficar e verificar a sua pulsação depois que você apagou. — Seus olhos focam os meus. — Espero que você não tenha se importado.

Porque ele tem que ser tão cuidadoso assim?

Eu devo estar ainda sobre o efeito dos remédios e dos cigarros de maconha, porque ele está parado na minha frente todo de preto, parecendo exatamente o anjo da morte que nunca existiu da boate. Deus do céu!

— Não... Não tudo bem, eu faria a mesma coisa. Obrigada mais uma vez e me desculpe ter te dado trabalho. — Me remexo desconfortável pelo seu olhar, sentindo até as minhas pernas dormentes.

— Você está bem? — Thalles me pergunta sem se aproximar de mim.

Droga ele nem parece um policial. Forço um sorriso, achando que a qualquer momento ele vai pular sobre mim, me dar um soco e me amarrar.

— Estou sim.

Sorrindo ele deixa o pano prato sobre a mesa e sai andando, logo parando na porta da sala do meu apartamento.

— Então eu vou indo, qualquer coisa é só me chamar Cathy — Sua voz rouca parece acariciar a minha pele como um veludo. Diante do seu olhar fico meia ansiosa, com o coração batendo ensandecido e contorço as mãos engolindo a seco ao ver ele parado me deixando ter espaço e até livre.

Talvez Cathy ele nem faça ideia de quem você seja. Mas e se fazer? E se tudo isso for um truque de Charlie ou do seu pai?

Sem conseguir responder sequer uma palavra apenas assinto, observando ele assoviar e o cachorro latir para mim, antes de sair seguindo ele. Respiro fundo me afundando na poltrona. Ainda um pouco tonta tento me lembrar da conversa que tivemos mais cedo. Sua forma de carinho comigo não me passou despercebida e nem a forma de como ele me pegava no colo, sem eu sequer pedir. Thalles não deve ser uma pessoa ruim, ele me trouxe até o café da manhã, me viu vomitar, cuidou de mim.

Perigoso desejo - Série destinos traçados, Livro 5Onde histórias criam vida. Descubra agora