- Quer chamar Drew? Eu espero.
- Deixa eu ligar pra ele. – o rapaz pegou o telefone e marcou de encontrar no restaurante. – Drew disse que a faculdade hoje está num alvoroço só.
- Por quê?
- Uma visita ilustre. Camila apareceu lá e souberam que está contratando um pessoal para trabalhar com ela. Diz que tem aluno se estapeando pela vaga.
- Nossa, é tudo isso?
- É, aquela baixinha causa impacto mesmo.

Na faculdade Simon estava mais do que feliz com a presença da ex-aluna.

- Achei que não viria me ver.
- Me mudei faz poucos dias e ainda estou ajeitando minha vida. Onde está Veronica? Gostaria de vê-la.
- É só olhar para trás. – falou a professora.

Camila se virou e correu para abraçá-la.

- Que saudade! – Veronica falou.
- Eu que morro de saudade de vocês, infelizmente o trabalho não me deixa tempo para revê-los, mas aqui estou para botar o papo em dia.

Conversaram um bom tempo e depois resolveram ir almoçar. Encontraram com Drew no corredor e decidiram ir com ele. Chegando ao restaurante encontraram Tyler com Lauren.

- Ai meu Deus! Eu não sabia que ela vinha. – Drew falou desconsertado.

Camila pensou bem, achou desaforo sentar em outro lugar.

- Era de se imaginar, mas sentamos juntos, sou uma pessoa civilizada, não preciso me retirar e acho que nem ela.
Lauren ficou toda satisfeita até ver que Veronica estava junto, fechou o cenho e emburrou.
- E essa mulher? Tinha que vir? – falou entre dentes para Drew.
- Fica quieta que você ta no lucro. Se soubesse que estava aqui eu não teria aceitado, não quero confusão com ela.
- Camila bagunçou as aulas hoje na faculdade. – Simon brincou.
- Não achei que o pessoal fosse me reconhecer.
- Você tem a mesma carinha menina, só cortou os cabelos. – falou o professor.
- Umas rugas de preocupação a mais. – riu.
- A idéia de recrutar alunos será uma boa. – Veronica comentou.
- Sim, na verdade eu não preciso de profissionais fixos, porque normalmente trabalho com artistas que já têm seus músicos particulares e que gravam para eles, mas também criamos arranjos, campanhas publicitárias, jingle e é nessa hora que preciso de bons profissionais. Eu gosto da idéia de pegar alunos ainda em formação, pois dá a eles mais experiência. Comecei assim. – sorriu.
- Fará um bom trabalho com eles, tenho certeza.

O papo na mesa transcorreu bem, mas Lauren e Camila não se dirigiam a palavra. Veronica e Simon ficaram um pouco constrangidos, pois notaram que havia diferenças entre as duas. Logo que terminou de comer Camila pediu licença, pois precisava ir embora.

- Vou com você querida. – Veronica falou.
- Tudo bem, a acompanho até a faculdade. – Camila sorriu toda simpática.

Aquilo deixou Lauren enfurecida, quase levantou e socou a cara da professora, mas sabia que ela nem tinha culpa e que Camila estava forçando. Ficou bufando de raiva.

- Calma! Está saindo fumaça pelo seu nariz. – Drew brincou.
- Não me irrite mais.
- Ei, não estressa. Ela fez pra te provocar e funcionou.
- Não vou me deixar levar por isso, vou abstrair.
- Boa garota. – ele a arreliou.

Lauren rosnou pra ele de volta.

Camila saiu do restaurante se sentindo o máximo pela cara que Lauren tinha feito. Acompanhou Veronica até a faculdade, trocaram telefones e endereços.

- Veronica, esse celular é o meu e, por favor, lhe peço para não repassá-lo a ninguém. Senão não tenho sossego.
- Tudo bem, fiquei feliz em revê-la.
- Eu também.
- Nos vemos por aí, sempre que puder apareça na faculdade. – sorriu.

Abraçaram e Camila voltou para a obra. Chegando lá teve uma péssima notícia, o engenheiro disse que haviam embargado tudo por se tratar de um estúdio de música e o escritório de baixo não concordou alegando que o barulho iria incomodá-los.

- Que barulho!? - Camila se indignou. – Estamos revestindo o chão, as paredes idem e tudo com o melhor material possível. Como ele pode embargar alegando barulho se nem está pronto ainda.
- Terá de recorrer judicialmente. – falou o engenheiro.
- Nossa senhora! Aonde vou arrumar um advogado?! – Camila estava desolada.

Saiu da obra pensando e depois se lembrou de Tyler. Pediria ajuda a ele. Chegou em casa e ligou para o celular do rapaz, mas deu caixa postal, então tentou o escritório, Selena quem atendeu:

- Quem gostaria?
- Camila. Camila Cabello.
- Um minuto, por favor.

Aguardou na linha e logo ele falou.

- Fala moça! O que manda?
- Oi Tyler, preciso de sua ajuda, ou melhor, dos seus serviços.

Camila relatou o assunto e ele pediu que ela fosse até o escritório e levasse alguns papéis.

- Tenho mesmo que ir?
- Sim. Preciso de alguns documentos e alvará da obra para dar entrada no fórum.
- Demora muito?
- Alguns dias.
- E até lá a obra fica parada?
- Infelizmente sim.

Camila tomou um banho rápido e se arrumou para ir ao escritório, não queria perder um minuto. Olhou para o apartamento e falou para si mesma.

- Ainda nem aproveitei minha casinha.

O apartamento era bem arejado, tinha janelas grandes de vidro e o piso era todo branco. Camila fez um quarto de estúdio como o seu outro apartamento em São Paulo e às vezes ia para lá tocar, se distrair, ou trabalhar mesmo. Seu quarto era suíte e nele tinha uma banheira sem paredes que separassem, apenas um vidro jateado. Quando viu achou muito diferente e gostou da inovação. No outro quarto que era de hóspedes ficava Dinah com Sarah. Ainda tinha uma sala de jantar, uma de TV e outra de reuniões. A cozinha era grande e também tinha uma área bem ampla. Tinha uma varanda embaixo, mas o diferencial era a piscina na parte de cima com churrasqueira e tudo.

No caminho, Camila avisou Justin e ele disse que ela poderia fazer o que achasse melhor para resolver o assunto. Assim que chegou ao escritório Selena reagiu como se tivesse visto um fantasma.

- Tyler está me esperando. – Camila falou séria.
- Ah sim. Pode entrar.

Camila bateu na porta e ele autorizou. Cumprimentaram-se e sentaram para que ele analisasse o caso.

- Acha que demora quantos dias? – perguntou apreensiva.
- Sendo bem sincero, talvez quase um mês. Eu conheço esse pessoal que embargou, é um escritório meio concorrente nosso. O pai desse cara é juiz e por isso ele se acha à margem da lei e de tudo. Vive aprontando confusão.
- Se eu conversasse com ele pessoalmente? Talvez negociasse...
- Está falando de dinheiro? Ele não precisa disso, ele faz pra aparecer mesmo.

O rapaz voltou a olhar os documentos e então parou para pensar.

- Tem alguém que ia gostar muito de bater de frente com ele, é claro que eu entraria como advogado do caso, mas essa pessoa montaria todo o processo com argumentação e tudo.
- Me fala que eu a procuro agora.
- Está na sala aqui do lado. – Tyler riu com sarcasmo.
- Ah não. Quero Lauren fora disso.
- Escuta Camila, sei dos seus motivos e a apoio, mas neste caso seria bom que ela olhasse, porque além de conhecer esse idiota, ela é melhor que ele. A briga na justiça ela ganha com certeza. Estudaram juntos e ela o conhece bem. Posso chamá-la?
- Tenho que ficar aqui?
- Claro, tem que ouvir o que ela vai dizer. Não se preocupe que Lauren é muito profissional, não vai misturar as coisas.
- Tudo bem.

Tyler pegou o telefone e a chamou.

- Lauren, estou com uma dúvida, pode vir à minha sala?
- Um minuto. – ela respondeu.

Pouco depois ela entrou e nem acreditou no que viu.

- Lauren, temos um problema. – Tyler falou.

A morena somente olhava para a empresaria. Camila estava linda, usava uma calça jeans claro e uma blusa pólo preta, mas com detalhes bem delicados na barra, calçava um tênis branco com cinza e estava muito cheirosa, os cabelos estavam molhados e parecia ter acabado de sair do banho.

- Nossa que cheiro bom aqui. – Lauren falou.
- Temos um problema. – Tyler cortou.
- E qual é?
- A obra do estúdio de Camila foi embargada. O estúdio fica no último andar do Edifício Sales Bonjardim, que fica na Barra. A reforma começou há algumas semanas e os vizinhos do andar debaixo embargaram alegando que o barulho do estúdio, quando ele funcionar, vai atrapalhar o trabalho deles.
- Como eles embargam uma coisa que nem começou ainda? Não podem fazer isso, pelo menos não agora.
- Você sabe onde é esse prédio?

Lauren precisou pensar e logo se localizou.

- Ei, é onde fica o escritório do Bernardo.
- Sim e foi ele mesmo quem fez essa sacanagem.

Lauren sorriu com sarcasmo e balançou a cabeça num gesto contrariado.

- Você se enganou Tyler. Quem está com um problema é ele. Um problemão!

Tyler sorriu ao ver o entusiasmo da prima. Lauren pegou o documento sobre o embargo e leu atentamente, pegou alguns outros que estavam na mesa e depois de ler tudo falou calmamente.

- Camila, pode ligar para o seu mestre de obras e dizer para retomar o trabalho agora se quiser.
- Não posso, aqui diz que está sujeito à ação da polícia.
- Deixa chamarem a polícia, se prender qualquer um dos trabalhadores que estiverem lá eu rasgo a minha OAB.

Camila olhou nos olhos de Lauren e soube que ela falava sério. Apesar de tudo confiava nela e na profissional que era. Ligou para o engenheiro e avisou que estava tudo liberado e que contratasse mais homens para terminar o mais rápido possível.

- E agora o que eu faço? – Camila perguntou.
- Não faça nada, continue com a obra e aguarde um contato nosso. Com certeza Bernardo vai criar caso com isso e quando ele vier com o fubá eu já voltei com a polenta. – Lauren sorriu.
- Tudo bem, eu aguardo e se precisarem de algo ligue para Dinah que ela me avisa.
- Deixe seu telefone assim entramos em contato direto. – Lauren tentou.
- Não, melhor com ela. Agradeço a atenção de vocês.
- Se precisar me liga nesse número, pois meu celular mudou. – Tyler falou.

Camila até achou que Lauren daria o telefone dela, mas não o fez. Antes da empresaria sair da sala a morena se retirou.

- Bom, preciso ir, tenho um cliente agora. Fique tranquila Camila, esse cara só quer fazer alarde. – Lauren saiu fechando a porta.

Camila sorriu sem jeito e saiu da sala logo em seguida. Depois que ela se foi Tyler correu na sala da prima.

- Atender cliente?! Ahan.
- Tive que fazer um charme, assim valorizo o passe.
- Esse negócio de falar com ela pra continuar a obra é por sua conta viu?
- Não falei pra impressionar. Quem expediu aquele documento foi um juiz que conheço, ele é sujeira e com certeza foi comprado. Deve ter dado a autorização junto com a prefeitura sem nem olhar o local da obra. Nenhum engenheiro foi lá para verificar. Eu espero mesmo que ele vá à justiça brigar por isso, estou doida pra bater de frente com ele. Meu receio é que Bernardo é agressivo, se ele encostar um dedo em Camila eu não respondo por mim.
- Vai falar com ele quando?
- Preciso me preparar e quando for, já levo comigo um reforço. Quero cortar o mal pela raiz.

Camila foi pra casa e encontrou Dinah na cozinha.

- Tem comida?
- Fiz macarrão, quer?
- Ah não, procurava por algo mais leve. – falou desanimada.
- Que cara é essa?
- Estão tentando embargar a obra do estúdio, mas eu já procurei advogado pra me ajudar.
- Por que não me falou? Eu ia te ajudar também.
- Pode deixar, conversei com Tyler, lembra dele?

Dinah assentiu com a cabeça.

- Então, ele disse que vai pegar o caso. E mandou continuar a obra assim mesmo, disse que o cara responsável por isso só quer aparecer. Vamos ver né?
- O Tyler não trabalha com a...
- Lauren. Sim e se isso te alegra ela vai entrar com a defesa pra mim, se eu precisar é claro, mas ela acha que o cara não vai adiante com isso.
- Hum... – Dinah olhou com um misto de riso e preocupação, viu que Camila estava realmente desanimada.
- Calma, se ela disse que vai resolver é porque vai. E o rapaz também parece ser bom advogado, ele vai ajudar.
- Espero que sim, vou malhar um pouco, depois tomar banho e cama. – Camila subiu para a piscina onde também ficavam os aparelhos de ginástica numa pequena sala. Malhou e depois tomou um banho frio; deitou se sentindo cansada. 

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