Apenas um abraço

391 56 20
                                    


                Um dia, Pérola andava pela calçada da esquina após sua casa e fitou por segundos os olhos apertados daquele homem que lhe pareceu cansado, triste e haver chorado. Deveria ter somente vinte e cinco anos, imaginou. Seu corpo alto e forte, parecia ser levado pelo vento, como se a razão de sua existência houvesse desaparecido. O que havia acontecido com ele?

                —Senhor, está tudo bem?

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

—Senhor, está tudo bem?

Ele olhou para ela como se indagasse, você está falando comigo?

—Você está bem? –continuou ela.

—Por que não estaria? –ralhou impiedoso.

—Não sei, é que parece estar passando mal. Tive medo que desmaiasse e caísse.

Ele pareceu atordoado. Deslizou as mãos pelos cabelos desgrenhados e indagou:

—Será que não sou bonito? Qual o seu nome?

—Meu nome é Pérola, mas que pergunta é essa? – indagou franzindo o cenho.

—Será que não fui atencioso, será que não a amei o quanto devia, Pérola? –perguntava olhando profundamente nos olhos caramelados dela.

—Amou quem? –se perguntava se o lindo rapaz asiático diante de si estava louco.

—A minha namorada. Quer dizer, a que foi a minha namorada. Não há mais nada entre nós. Não sei o que fiz para que isso acontecesse, Pérola. –soltou o ar dos pulmões e meneou a cabeça.

—Tenha calma, talvez um dia as coisas se acalmem e vocês voltem. E serão muito felizes.

—Eu estou indo embora do país. Mas será que não mereço uma explicação? Estou sem palavras. Foram mais de dois anos de namoro! Ela não pôde esperar por mim. Pérola, estou sofrendo muito.

—Tenha calma. Respire. Entregue nas mãos de DEUS e ELE o direcionará, tudo dará certo. –dizia ela compadecida do estado dele.

—Pérola, no lugar dela, você não me esperaria? Me diga. –semicerrou os olhos apertados e a encarou, como se quisesse ver a verdade em sua alma.

—Bom, dependeria da situação, dos sentimentos entre nós, do tempo de relacionamento e da confiança que me inspirou.

Ele baixou a cabeça, sentou na calçada e Pérola o acompanhou, sentando ao seu lado.

—Estou me sentindo destruído. Imaginei toda a minha vida junto dela. Ainda não acredito que ela terminou comigo.

—Então, levante a cabeça, ore a DEUS. Sem ELE é que deve haver desespero e dor. Mas quando ainda existe JESUS, temos que buscar NELE a saída para todos os problemas. Ainda há esperança!

—Pode orar por mim, Pérola?

—Por mim, quem? –ela riu destacando uma pintinha acima do lábio inferior e levantando ainda mais a pontinha do nariz arrebitada.

—Meu nome é Joong.

—Joong, JESUS te ama! Coloque a mão sobre seu coração. –disse com amor e cheia DO ESPÍRITO SANTO.

Ele o fez e ela continou:

—JESUS, Joong precisa muito de TUA PRESENÇA. O coração dele está quebrado e a dor que ele está sentindo é tão grande que só O SENHOR e ele sabem. VIDA, se essa mulher é aquela que O SENHOR preparou para ele, que eles voltem e que reconstruam esse relacionamento sem mágoas. Joong e seu futuro estão em TUAS mãos, VIDA. O abençoe, guarde e dÊ esperança e paz em seu coração, amém.

—Amém, Pérola. Eu sou cristão também. Obrigado pela oração e pelos conselhos. Será que posso te dar um abraço?

— Bom, de nada. Pode sim.

Ficaram de pé e ele a abraçou. O perfume do rapaz era intenso, amadeirado e isso fazia com que ela não quisesse que o abraço acabasse. Ela começou a divagar por sua mente que nunca havia encontrado, de fato, um par. Um homem que fizesse suas pernas cambalearem como aquele estava fazendo. Ele engoliu em seco sentindo a fragrância que vinha, não sabia se da pele dela ou de suas mechas de cabelos castanho-escuros. Ela parecia caber em seus braços como um encaixe perfeito. Aquilo foi estranho para ambos.

Alguém passava na rua e avistava os dois, aquele abraço tinha que acabar! As mãos delicadas dela se desprenderam dele devagar e quando os olhos caramelados de Pérola e os negros e apertados do rapaz se abriram, eles se desvencilharam

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Alguém passava na rua e avistava os dois, aquele abraço tinha que acabar! As mãos delicadas dela se desprenderam dele devagar e quando os olhos caramelados de Pérola e os negros e apertados do rapaz se abriram, eles se desvencilharam.

O rapaz suspirou e disse:

—Quem sabe um dia nos veremos de novo?

—É, quem sabe. –disse ela fitando o chão com o rosto levemente corado.

Ele virou as costas e saiu, olhou novamente para ela que ainda o fitava em expectativa de mais alguma palavra.

—Foi um prazer. Obrigado, Pérola.

Ela meneou a cabeça e acenou para o rapaz que parecia ser asiático. Ele respirou fundo ainda sentindo o cheiro dela em suas narinas e se foi.

Pérola não pediu o número dele, nem ele pediu o dela. Sempre que a moça passava naquela rua nos dias posteriores, lembrava daquela conversa e daquele inesquecível abraço. Sem saber se alguma vez o veria novamente. 

Continua...

Apenas um AbraçoWhere stories live. Discover now