Com certa dificuldade, consegui explicar a Paula e a Sophia o que tinha e o que estava acontecendo. Falei sobre o testamento, sobre os contratos e sobre como minha mãe desejara que eu quebrasse as regras para que tudo fosse transferido para o nome dela, todos os bens que meu pai tentara preservar de suas mãos. Contei todas as conclusões que eu tirara dos acontecimentos e completei com as conclusões delas.
Minha mãe tinha armado tudo. Isso ficou claro.
O que não estava nada claro era minha relação com o Marcelo.
Dormirmos e acordamos na minha casa. Felizmente minha mãe optara por não aparecer por lá naquele dia. Fomos para a aula, enquanto uma sensação estranha de inconclusão tomava conta de mim. No entanto, assim que entramos no colégio e um garoto abraçou e beijou a Sophia, tudo que me consumiu foi dúvida. Olhei Paula em busca de respostas.
— Felipe, novo namorado da Sophia. — Ela apresentou, enquanto eu não conseguia tirar os olhos dos dois se beijando. O tom da Paula era quase raivoso e me perguntei o que aquele garoto alto, magro e levemente desproporcional poderia ter feito para tirá-la do sério. Ele tinha dedos compridos e cabelos castanhos, cacheados e brilhosos. — Eles saíram no início do final de semana e ao final já estavam namorando. — Continuei a caminhar em direção a sala, quando percebi que Sophia demoraria ali. Paula suspirou. — Não gosto dele, mas sou obrigada a engoli-lo, porque fui eu que falei para ela conversar com o garoto novo na esperança de melhorar o humor dela.
— Por que não gosta dele? — O tom não tinha mentido.
— Não tenho um motivo real, eu só... Os santos apenas não bateram, tudo bem? Além do mais, eles se conhecem há menos de uma semana! Como podem simplesmente namorar? — Assenti, enquanto escolhia uma cadeira na sala e sentava — Preferia que ela continuasse conversando com o Raul e o beijando também.
— O Raul parecia ser legal. — Seu suspiro deixou claro que concordava.
— Sim! E agora que a Sophia parece estar se dando super bem nessa coisa toda de modelo, ele seria o par perfeito para ela. — Olhei-a interrogativamente. Lembrava da Sophia ter falado sobre o teste, mas não sabia de nada que tinha acontecido depois. — Droga! — Olhei-a sem entender. — Desculpe, é que eu não deveria ter falado. A Sophia pediu para que eu não comentasse com você, que esperasse até se tornar algo real e tudo mais. Mas enfim, agora já foi. O ponto é: ela fez um teste, tirou umas fotos, fez umas aulas. Parece que gostaram dela. Algo como altura e aparência perfeita para comercial e fashion. Seja lá o que isso significa. — Ri da forma como ela dizia e ri apenas de felicidade. Eu era ótima em destruir a minha vida, estava feliz por ter ajudado alguém para variar. — Sei que Raul seria a pessoa perfeita para ficar ao lado dela.
— Bem, nisso você tem razão. Mas não cabe a nós escolher com quem ela deve ficar. E também não é como se nós pudéssemos mandar no nosso coração.
— Falando em coração... — Ela voltou a suspirar e me olhar. Ótimo! Não era coisa boa. — Acho que em breve teremos um novo casal. Marina e André. — Meu corpo todo se transformou em um cubo de gelo e meu pulmão parecia incapaz de puxar o ar necessário.
— Se ele... — Parei, sentindo falta de ar. — Com todas as garotas desse colégio, ele tinha que escolher nossa maior inimiga? — Afundei o rosto nas mãos. — A fofoca junto com a fofoqueira. Céus! — Meu estômago embrulhou — Eu só espero que ele seja bom em guardar segredos, porque se não for...
— Ele não seria louco de contar o que aconteceu, Alice. — Sua voz foi calma e eu tive certeza que ela entendia o meu medo. Como não entender? Ela tinha ficado ao meu lado todos esses anos.
Respirei fundo e tentei pensar como ela, enquanto a aula começava e terminava. Quando o sinal da última aula tocou, fomos as primeiras a caminhar em direção a saída.
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O Segredo da Rainha - O que você faria por amor?
Teen FictionMAIS INFORMAÇÕES: LAURYALVES@OUTLOOK.COM ou LAURYALVES.COM O amor pode aparecer em suas várias formas. E por infinitas coisas. Amor ao dinheiro, amor a profissão, amor a intriga, amor as amizades, amor ao sucesso, amor ao amor. Você já se apaixonou...