Beer House

       Chegamos na beer house umas oito da noite. Eu, minha garota, e um casal de amigos, John e Marta. Um garçom aproximou-se e estendeu-nos dois cardápios. Pensei que gostaria de ver um cardápio sozinho, mas não falei, abri um deles com a minha garota e nos colocamos a escolher as cervejas. Uma grande variedade de rótulos e tipos, junto a um preço razoável e comida.

       - Ei cara, viu essa IPA? – perguntou-me John.

       - Qual?

       - A da segunda página.

       Fui para a segunda página e observei. Tal cerveja estava descrita como "indian pale ale", mais encorpada que as cervejas normais e com mais lúpulo. Nunca entendi muito de cerveja, mas pareceu-me interessante. Chamamos o garçom. Minha garota pediu uma cerveja belga de cereja, eu e John pedimos uma IPA inglesa e Marta pediu uma weissbeer, com ervas e essas besteiras. Para comer pedimos pretzels.

       - Ei cara – começou John – tu tem acompanhado a política?

       - Um pouco, por quê?

       - O que é esse negócio de impeachment que ta rolando?

       - Ah, é uma grande besteira. Basicamente, a oposição está chorando por terem perdido as últimas eleições. Estão no pé da presidenta desde o ano passado, e agora, uniram-se aos outros partidos medíocres de direta e centro para tentarem um golpe. Mas não vai acontecer, é ilegítimo e a população sabe disso.

       - Entendo – respondeu John balançando a cabeça – mas é perigoso isso, não é? Poxa, estamos em uma democracia, ela foi eleita dentro das regras e pelo que sei, não está envolvida em nenhum caso de corrupção, está?

       - Tem razão, cara. Na verdade eles não tem motivos pra seguir com isso, o problema é que não sabemos quanta grana rola por baixo dos panos. Se rolou um dinheiro alto, os golpistas podem ter comprado metade do cenário político.

       - Que grande merda. – comentou John.

       - Que grande merda. – repeti.

       - Tá gente, deu de política, vamos beber! – falou Marta enquanto as cervejas chegavam.

       Bebemos aquelas cervejas, comemos os pretzels, conversamos sobre bobagens, pedimos mais cervejas e mais pretzels. A segunda que bebi foi uma dry stout inglesa, preta, com um corpo denso, espuma cremosa e amargor baixo, recomendo. Uns dias depois, descobri que eu havia errado feio naquela noite; aquela cerveja não caía bem com pretzels, e o golpe, aconteceu.