- Foda-se Gustavo, vai lá viver sua paixonite, espero que ela faça com você o mesmo que você faz com todo mundo. – Se virou e saiu pisando duro. Sério? Hoje a maré não está mesmo para peixe pequeno. Que dia!

Subo correndo para tomar uma banho para sair, me arrumo em tempo record, mas diante de toda essa confusão já são dez da noite e quando eu entro no carro adivinhem? Ele não pega, cara realmente não é meu dia.

Ligo para o Rogério para ele me socorrer nessa, ele chega em meia hora e já vem logo dizendo:

- Você sabe que vai me colocar em maus lençóis não é?

- Rogério desde quando você usa calcinhas? A Mari te laçou e manda em você o tempo todo.

- Espera só até você se apaixonar de verdade, aí me diz quem usa calcinha aqui.

- Apaixonado eu já sou e você sabe disso.

- Pago para ver o dia em que essa moça vai te fazer pisar fininho.

- Tá bom, mas vamos lá porque já está muito tarde.

Pegamos um trânsito bom e em vinte minutos chegamos à boate, como já estava tarde já não tinha fila, circulamos um pouco e nada de encontrar as meninas, fomos até o bar e pegamos uma cerveja cada um , quando vejo um burburinho na pista de dança, sigo em direção as pessoas aglomeradas, quando chego perto, paraliso, nada me prepararia para aquilo, Jú com uma minisaia preta deixando suas pernas à mostra, uma blusinha de alcinha valorizando seus seios... E os saltos? Prefiro nem comentar o que eles fizeram com minha imaginação, como se já não bastasse ela estar dançando, rebolando, linda fazendo todos os marmanjos babarem a sua volta e estava feliz, seu sorriso era lindo e naquele momento senti uma necessidade imensa de ser o causador daquele sorriso.

A música acaba as pessoas vão se dissipando e eu ali parado, ela abraça as amigas e ao se virar ficamos cara a cara.

Ela está mais linda ainda e eu fico ali feito bobo, sem ação só a admirando, até que caio em mim e vou cumprimentá-la.

- Oi Jú, senti sua falta. – Ela fica hesitante, mas me cumprimenta.

- Oi Gustavo como está?

Antes de falar qualquer outra coisa Mari atravessa entre nós.

- Ah não Gustavo, já vem você para estragar nossa noite. E você Rogério, está fazendo o que aqui com ele?

- Mari calma, foi uma coincidência, as pessoas se esbarram o tempo todo, como você está Gustavo? – Jú vem e me cumprimenta com dois beijinhos, o fato de ela ser indiferente me dói mais do que se ela tivesse um acesso de raiva.

- Bem Jú. – A abraço e é como estar em casa. – Senti tanto sua falta. – Ela fica meio sem graça à minha reação e diz: - Eu também senti falta de vocês. - Me afasto para olhá-la de perto, ela sempre foi linda, mas estava mais ainda, mais madura.

Ficamos ali um tempo com conversas cotidianas, as meninas dançam mais um pouco e, eu uma pilha de nervos, sem saber como agir. Quando estamos indo para a mesa tomo coragem, seguro seu braço e digo:

- Jú, podemos conversar em particular?

- Não pode ser outro dia?

- Jú, por favor. – Faço aquela cara de menino pidão. – Ela olha para o pessoal pede licença e me segue a área externa da boate. Estava nervoso que nem dei tempo a ela e já fui logo despejando.

- Jú, senti muito sua falta nesses oito anos, me arrependo amargamente do dia do baile, fiquei assustado com sua declaração, achei que estava apaixonado por outra pessoa, quando dei por mim vi que também era apaixonado por você, mas você já havia ido embora. Tentei entrar em contato, mandei recados e você nunca me respondia, tentei seguir em frente, me formei, montei meu escritório até tive alguns namoros mais nunca foi nada sério. Estou preso nesse sentimento, acho que sempre amei você e continuo amando.

Depois de alguns minutos me observando ela finalmente quebra o silêncio.

- Gustavo, eu realmente não sei o que te dizer, mas tudo que é passado ficou lá, eu não voltei para remoer velhas lembranças e acho que você está confundindo os sentimentos, isso que você diz sentir pode ser apenas saudade, a distância costuma deixar as coisas maiores que elas realmente são.

- Você está usando minhas palavras contra mim? Eu não sou mais um adolescente Juliana, sei exatamente o que sinto.

- Não, não estou usando nada contra você, mas acho que passamos muito tempo longe um do outro você pode sim achar que é amor e ser só saudade, vamos conversar outro dia? Com mais calma, assim podemos entender melhor as coisas.

- Jú, por favor, me entenda, eu amo você, eu não tenho dúvidas do meu sentimento e ficou ainda mais claro com a sua volta.

- Gustavo. – Vejo-a respirar fundo e já prevejo uma má notícia. - Eu estou comprometida, tenho namorado, ele está em Londres mais em breve virá pra cá.

Pronto, era a cereja do bolo do meu dia de azar.

- Eu vou embora, outro dia conversamos melhor, ainda estou cansada da viagem e de todas as novidades.

- Tudo bem Jú, mas saiba que eu não vou desistir de conversar com você.

- Certo, vamos sim combinar alguma coisa. – Me dá um beijo no rosto e sai.

Apesar de a última notícia me tirar do eixo, eu não me permito desistir, vou fazer de tudo para reconquistá-la, se ela quer ser minha amiga, serei seu amigo. Mas, ah Juliana, eu não desistirei de você, disso não tenha dúvidas...

Tentei fugir... Mas era você!Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora