— Qual tipo de relação vocês tem. São amigos? Colegas de trabalho?

— Meu irmão se casou com a irmã dela, mas desde a primeira vez que nos vimos, foi um ranço só — Ela ri.

— Então vocês são da mesma família? — Assinto.

— Isso complica as coisas, não?

— Demais. Eu não gosto dela e ela não gosta de mim, mas tem a porra desse tesão que fica sobrevoando a gente — Bufo e bebo mais uma dose.

— Isso não está me parecendo só tesão. Não nos sentimos atraídos por quem só nos dá desprezo. Alguma coisa boa deve acontecer entre vocês dois — Ela diz com firmeza, mas olho para ela com desdém

Continuei a noite tomando muitas doses. Na verdade, nem eu sabia porque queria beber tanto. A última vez que isso aconteceu, foi quando a Maju me deixou. Acho que passei uma semana bêbado. A noite foi passando e quando vi. Era a última pessoa no bar.

— Gatinho, terei que fechar — A menina do bar diz colocando a mão no meu ombro.

— Tudo bem — Me levanto, mas tudo roda e caio sentado de solta no banco.

— Acho que você não está bem — Ela ri — Posso ligar para alguém? — Bato no bolso e não acho meu celular.

— Não sei onde está meu celular — Ela franze a boca.

— Me diga um endereço para que eu possa chamar um táxi — Tento raciocinar, mas nem disso eu lembro.

— Não lembro — Ela suspira.

— Não posso deixar você sair daqui nesse estado — Ela sorri. — Vêm — Pego sua mão e andamos até uma porta atrás do bar.

Subimos um lance de escada e entramos em um apartamento. Ela me deixa no sofá e entra por uma porta. Quando ela volta de lá, tem um travesseiro e um lençol nas mãos.

— Você pode ficar essa noite aqui — Ela me entrega o travesseiro.

— Obrigado — Consigo murmurar.

Deito e apago.

***

— Desculpa por ontem, Cléo — Ela sorri.

— Tudo bem. Eu não sou de deixar ninguém ficar aqui, mas eu conclui que você era inofensivo. E eu também dormi com a minha porta trancada e minha arma carregada, então... — Eu não consegui identificar se ela estava falando sério ou não, sobre o lance da arma.

— Me desculpa por todo esse trabalho — Sorrio fraco e macaquinha sobe no meu ombro e começa a fazer carinho nos meus cabelos.

— Acontece. Que tal um café? Você está péssimo — Imagino que esteja mesmo. Ela vem até mim e retira a tal RiRi de cima de mim. A macaquinha se aconchega no ombro dela.

— Posso usar seu banheiro? — Ela aponta para um corredor

— Tem toalha limpa no armário, caso precise... na verdade você precisa sim, está fedendo a álcool — Ela ri e vai até a cozinha, que era basicamente junto com a sala.

Fui até o banheiro e abri o armário, pegando uma toalha. Tomei um banho e lavei o cheiro da noite passada do meu corpo. Escovei os dentes com o dedo mesmo e usei um pouco do enxaguante bucal dela. Com a aparência um pouco melhor, andei até a cozinha e me sentei a mesa. De frente para ela.

— Gosta de pão com queijo derretido? — Afirmo com a cabeça e ela coloca um no meu prato. E me serve uma xícara de café.

— São que horas? — Pergunto

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