Se você olhar pra História
A Revolta era agressiva
Quem sofria a injustiça
Tomava iniciativa
E partia pro confronto
Numa luta coletivaEm resposta, os poderosos
Enfrentava o desacato
E desciam os soldados
Com prisão e assassinato
Pra conter os revoltados
Nunca deixavam baratoMesmo assim havia luta
Pra quem tinha algum estudo
Qualquer um que leia sabe
Que só se fazer de mudo
Não resolve o problema
No fim só piora tudoA mudança mais recente
De quem tem todo o poder
De julgar e de oprimir
De comprar e de vender
Transformou o nosso mundo
Nesse que hoje a gente vêNo mundo da compra e venda
Tudo agora tem valor
Terra, planta e animal
O que a indústria fabrica
A criação cultural
Tempo do trabalhadorE para se alimentar
Todo mundo é obrigado
A vender tempo e trabalho
Ficando de resultado
Menos tempo para estudo
Se tornando alienadoFoi assim que aconteceu
Sem ninguém nem perceber
O controle preventivo
De lutar pelo Poder
Foi com reeducação
Aos poucos pela TVPor quadrinhos, por desenhos
Pode parecer loucura
Entraram no nosso meio
Alterando a estrutura
Das crenças, sonhos e mitos
Redesenhando a CulturaNos fizeram acreditar
Que é normal ser sofredor
Que é uma lei natural
Ter escravo e ter senhor
Que isso nunca vai mudar
Só com um herói salvadorQue herói dessas histórias
Puxe um pouco da sua mente
Tem poderes por escolha
Por ser firme e inteligente?
Porque os que lembro agora
Todos foi por acidenteA mensagem é bem clara
Ser herói é profissão
De quem tem um privilégio
Sem haver preparação,
Representatividade,
Vocação ou eleiçãoIsso nunca funcionou
Nem mesmo na ficção
Só tem estadunidense
Seguindo essa profissão
Homem branco, hétero, cis
E muito pouca exceçãoAssim foi acontecendo
Que o povo reprogramado
É como vassalo, escravo
Que morre pelo reinado
Por seus nobre e é pior
Do que ter "Vida de Gado"A verdade é que faz tempo
Que a luta espera você
Chega de esperar um herói
Que tenha superpoder
Acorda pra vida agora
Ninguém vai aparecerOu vamos juntos na causa
Ou não tem o que fazer
Quem não tem disposição
Só terá escravidão
Prêmio de consolação
De quem não quer nem saber– Cárlisson Galdino
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Cadê o Super-Homem?
PoetryCordel em sextilhas (estrofes de seis versos com estrutura de rima xAyAzA) de redondilhas maiores (versos de sete sílabas poéticas.