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Quebra na tradição

 A batidas de seu coração eram fervorosas. Mesmo estando a serviço de Athena e tendo que sempre controlar suas emoções em batalha em prol da justiça, seus pés muitas vezes desvencilhavam e suas mãos tremiam. A honra era imensa, a emoção por estar indo a sala do Grande Mestre não se comparava.

Ao adentrar a grandiosa sala, andou mais um pouco e se prostrou diante vinculo direto com a deusa da sabedoria. As imponentes colunas decoravam o local de maneira harmoniosa, os quadros que preenchiam as paredes do vasto salão eram de beleza única. Havia distribuídas pela sala graciosas esculturas contanto sobre toda a história grega até o século XX. Os poderosos cavaleiros de ouro já se encontravam na sala. Cada um vestindo suas armaduras brilhantes, sempre a espera de um novo conflito. Encontravam-se em pé, enfileirados de um lado e de outro no salão com seus elmos em suas mãos. Infelizmente não era possível encontrar todos os 12 por lá, tanto Áries quanto Libra eram considerados desertores. Porém, a cerimônia continuava.

- Estamos reunidos aqui hoje para celebrar o singelo momento em nossas forças, em nosso exército, que se elevam contra as maldades do mundo – a voz do Grande Mestre ecoou pela sala. Sentando em sua cadeira, todos os cavaleiros o escutavam. – Importuno momento fora os tempos em que a armadura de Sagitário não estava sobre direto comando das forças de Athena – respirou fundo e levantou-se da cadeira. – Há alguns dias ela retornara e então, junto à sabedoria de nossa deusa, decidi escolher seu próximo portador. Sei que é a armadura de um jovem traidor, todavia é certo que a armadura é fiel a nossa deusa. Portanto, levante-se guerreira.

Ao ouvirem a palavra em feminino os cavaleiros trocaram olhares entre si, não compreendendo ao certo o que estava acontecendo. O Grande Mestre relevou isso e continuou com seu discurso:

- Nossa guerreira mais forte e fiel entre todos e todas, Saeva! Levante-se jovem guerreira de ouro e retire a mascará que lhe cobre o rosto. Está livre!

Saeva respirou fundo e juntou todas as suas forças para se levantar. Por baixo da máscara que escondia toda sua feminilidade ponderou os olhares perplexos que a encaravam. Retirou a máscara revelando sua beleza cruel. Admirados, os guerreiros não puderam dizer ou fazer algo. Até mesmo Afrodite, o guerreiro mais belo e vaidoso não pode conter sua admiração. Em questão de segundos, a armadura dourada que estava ao lado do mestre se moldou ao corpo da morena e o gracioso arco já estava em suas mãos.

Sua fama por ser um tanto quanto impulsivo foi selada no momento em que Miro, o cavaleiro de Escorpião, dirigiu a palavra ao mestre:

- Por anos nossa tradição é somente aceitar homens em nosso meio. Por que colocar uma mulher justo agora que a batalha contra Hades pode estourar a qualquer momento? Isso é ultraje contra todos que estão presentes nessa sala! Amazonas que escondem o rosto são somente amazonas, não podem chegar a tal ponto! – sua ira contra a decisão do mestre era grande e Aioria se juntou ao amigo.

- Mestre, creio que é impossível uma amazona ser tão boa quanto qualquer cavaleiro de ouro. Somente homens podem; foi assim, é assim e sempre será assim.

A risada sarcástica do Grande Mestre fez todos os cavaleiros presentes se espantarem. Milo e Aioria foram os que mais ficaram confusos sobre a reação do Mestre.

- Tolos! Tradições são ótimas e devem ser seguidas, mas outrora percebi o quanto a formosura, a destreza e a sabedoria em batalha das jovens cavaleiras eram deixadas de lado, pelo simples fato de serem mulheres. Ora, sua deusa é uma MULHER e é a deusa da guerra. Espero que respeitem... – O Grande Mestre levou suas mãos à cabeça como se tivesse sentindo uma dor insuportável, então ergueu sua mão e exigiu: - FORA! TODOS VOCÊS! VOLTEM AOS SEUS POSTOS!

...

Shaka, Milo e Saeva foram os últimos a saírem do salão. A novata cumprimentou os veteranos e saiu imediatamente.

- Não é necessário colocar uma MULHER em nosso meio. E por que agora? Justo agora? - Milo cuspia as palavras com raiva. - Athena não mais de sua sala, a armadura de sagitário volta do nada após ser levada por Aiolos, o traidor. Estamos a poucos anos da Guerra Santa e agora isso?

- Não sabemos o que vai acontecer - o homem mais próximo de deus disse calmamente. - Confie em nosso Mestre, ele sabe o que faz. Mulher ou não, ela foi escolhida tanto pela armadura quanto por nosso mestre. Seus conceitos devem ser revisados, Milo.

Shaka deixou a entrada do salão e foi andando calmamente até a saída da última construção do Santuário, a mais próxima de Athena, enquanto Milo chutou furiosamente um vaso que estava ao seu lado. Ao sair daquela construção, enquanto andava escada abaixo em direção a sua casa, prometeu para si que impediria tal transgressão contra as tradições dentro da ordem dos cavaleiros.