Vendetta

Capítulo 61 - Penúltimo

- Seu pai? - ele diz surpreso - Sinto muito, deve ser uma grande perda.

- Já havia passado da hora! Não sinta por isso, sinta por ele não ter morrido antes. A morte dele garante que muitas outras pessoas estejam vivas.

Vejo seu semblante de assustado antes de virar as costas e seguir para meu carro. Entro no mesmo e sigo para o hospital. Apesar de parecer forte naquele momento, eu estava sentindo um medo incontrolável devido às possíveis respostas que poderia receber sobre Lorenzo. E se ele estivesse morto?

Ao chegar, entro no hospital rapidamente indo até uma das atendentes.

- Preciso saber notícias sobre o paciente Lorenzo Cesari - pergunto.

- Se encontra em uma cirurgia no momento, aguarde informações - ela diz rápido.

Era um alívio saber que ele não estava morto, porém ainda me preocupava saber que estava em uma cirurgia.

- Luna! - Pietro diz se aproximando - Você está bem? Conseguiu pegá-lo?

- Como Lorenzo está??? - digo ignorando sua pergunta.

- Venha até aqui - ele me guia até um pequeno sofá que ali estava.

- Não quero sentar, Pietro. Fale logo como ele está - digo nervosa.

- Assim que entramos não obtive mais informações dele - Pietro começa a dizer percebendo que não iria me acalmar - Ele havia perdido muito sangue e pelos boatos que rondam está correndo risco de vida.

Eu não consigo dizer absolutamente nada. Não posso fazer absolutamente nada para salvar a vida de Lorenzo. De repente sou surpreendida com um abraço de Pietro, um abraço que nunca havia recebido de meu irmão e pela primeira vez eu sinto que ele queria me acolher. Lágrimas começam a escorrer de meus olhos sem que eu consiga parar.

- Calma, Luna - ele diz tentando me acalmar - Eu estou aqui com você.

- Ele... ele não pode morrer, Pietro. Não depois de tudo. Ainda mais agora que todos nós vamos ficar em paz - digo chorando - Eu matei Dom, Pietro. Matei nosso pai.

Ele se afasta um pouco do abraço possibilitando que olhássemos um nos olhos do outro. Rapidamente Pietro enxuga minhas lágrimas e percebo que até mesmo ele estava a ponto de fazer o mesmo.

- Você chorando seria algo inacreditável - digo tentando sorrir.

Ele fica em silêncio me observando atentamente, até dizer:

- Luna, me perdoa? Eu fui o pior irmão do mundo, sendo que você merecia meu apoio, você necessitava dele - diz olhando em meus olhos - Me desculpa por não ter cuidado de você. Por não ter enfrentado Dom em todos aqueles momentos, por ter te batido, te humilhado... Perdoe-me por não ter ficado do seu lado nem quando você mais precisava. Ao ter ficado cego e não ter visto a verdade sobre a morte da mamãe...

Logo percebo que uma lágrima aparece em seu rosto, assim como ele havia feito comigo enxugo a mesma. Eu nunca havia o visto daquela maneira...

- Eu sei que não será fácil conseguir seu perdão e eu te entendo - ele volta a dizer - Mas eu só peço que me dê uma chance. Uma última chance, de ao menos tentar concertar tudo.

- Pietro... - digo o olhando nos olhos - Eu... eu não sei o que dizer. Você me ajudou nesses últimos dias, me salvou e acaba de ajudar Lorenzo. Apesar de tudo eu sei que Dom te manipulou e sinto que você mudou muito. Eu já havia te dado uma nova chance, desde que você apareceu novamente em minha vida. Eu não tenho praticamente ninguém ao meu lado, não tenho uma família... A única família que me sobrou foi você e eu não quero perdê-lo também...

- Quando estava preso pude perceber tudo o que tinha. Eu percebi a falta que uma família poderia fazer na vida de qualquer pessoa - ele diz - Apesar de todos os crimes daqueles que estavam ali suas famílias os visitavam, torciam por sua mudança. E eu não tinha absolutamente ninguém... Houve momentos em que pensei em me matar, porque minha vida não havia mais sentido. Mas assim que vi você eu percebi que tinha uma nova oportunidade, então não, você não vai me perder a não ser que me expulse de sua vida. Não vou cometer o mesmo erro novamente!

Nesse exato momento sinto que apesar de todas as perdas, havia acabado de ganhar um irmão, que de certa forma nunca tive. Não havia mais ninguém, nos restaram apenas um ao outro e essa seria a oportunidade de nos aproximarmos, de quem sabe criarmos um laço até então inexistente. Será difícil esquecer tudo que se passou, porém as vezes é necessário recomeçar, dar um novo rumo a vida.

- Luna, eu tomei um decisão - ele diz.

- Qual? - digo.

- Eu não quero mais ser um foragido - Pietro diz - Assim que tudo isso passar eu vou me entregar para a CIE. Estou cansado de ficar me escondendo. Quero fazer a coisa certa agora e vou provar minha inocência.

- Você não pode pagar por algo que não fez, Pietro - digo - Eu vou te ajudar.

- Não quero meter você nisso, Luna. Pode acabar te prejudicando.

- Não vou me prejudicar. Não vou permitir que Dom estrague sua vida mesmo estando morto. Vamos resolver isso juntos!

- Obrigada! - ele diz me olhando nos olhos - Eu prometo que não vou te decepcionar!

Ele me abraça no mesmo instante e percebo que uma lágrima descia pelo seu rosto novamente.

- Você realmente gosta dele, não é mesmo? - ele diz baixinho em meu ouvido.

- Muito! De uma forma que nem eu mesma possa acreditar - digo - Eu não quero o perder, Pietro. Não posso!

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