Descemos do UBER, andei com ele nos meus braços até a sua sala. Fiquei aliviada ao ouvir o choro de outras crianças, pelo menos ele não será o único.
— Oi, mamãe Jéssica! — A professora me cumprimentou com um sorriso efusivo. Ela não achou estranho me chamar de "mamãe", mesmo tendo o dobro da minha idade.
— Olá! — Respondi.
— Olha o nosso fofinho Ícaruzinho aqui — ela exclamou apertando as bochechas do meu filho sem pedir a minha autorização antes.
— Pois é, estou preocupada. É o primeiro dia dele!
— Eu te entendo, primeiros dias são sempre difíceis, mas tenho certeza de que ele vai se acostumar com o tempo.
— Espero que sim... — hesitei. — Ele é muito apegado a mim, acho que exagerei nisso.
— Todas as mães sentem isso, pode ficar tranquila — ela apontou para um chiqueirinho no centro da sala. — Pode colocar o Ícaro ali no nosso espacinho especial.
— No chão???
— Não é chão e sim um tatame que higienizamos todas as noites.
— Entendi...
Andei lentamente até o centro da sala e coloquei Ick no "tatame que elas higienizam todas as noites":
— Não chora, mozão. Não chora!
Assim que o soltei, ele me encarou com curiosidade, agarrou um brinquedo que estava por perto e começou a chacoalhar.
Aproveitei o momento de distração para andar de costas em direção a saída, Ícaro me observou enquanto me afastava.
— Assim que eu sair da sua vista vai começar o show — falei.
Cruzei a porta e fiquei escondida no corredor ouvindo atentamente.
Nada.
Espiei pela porta e Ícaro continuava entretido com o brinquedo, não parecia se importar com nada mais.
— Será que ele não notou que não estou por perto?
Ícaro parecia tão confortável que era como se estivesse na sala da própria casa.
Ele.
Não.
Chorou.
De onde ele herdou tanta maturidade? De mim que não foi!
— Boas notícias, mamãe! — A professora da creche disse. — O seu filho parece estar ótimo!
— É o que parece... — falei. — Acho que vou ficar mais um pouquinho aqui.
— Não há necessidade, mamãe — a professora respondeu. — Você deve estar atrasada para o trabalho.
— É verdade — falei enquanto ainda espiava o Ícaro viver a sua vida tranquilamente. — Obrigada por tudo, tchau!
Quem diria, eu esperava que Ick abrisse o berreiro, mas assim que saí da creche, quem chorou como uma criança fui eu.
***
NOTA DO AUTOR
Oi, pessoal. Tudo bom?
Tenho recebido uma quantidade enorme de amor e carinho nas últimas semanas. Muito obrigado pelas mensagens e por todo apoio,vocês foram essenciais para que eu voltasse a ativa.
Não precisam ficar preocupados. O que aconteceu foi por conta da pressão de escrever três livros (sim) ao mesmo tempo que procuro maneiras de monetizar o meu trabalho e conseguir pagar o aluguel. Fiquei surpreso por ter aguentado tanto!
Também gostaria de aproveitar o momento para agradecer a minha namorada, Tainã, por ter segurado as pontas como segurou. Eu não a mereço e acho que todos nós deveríamos ter um amor que não merecemos, assim lutamos para nos tornarmos pessoas melhores.
Beijos
Felipe Sali
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JÉSSICA - MÃE AOS DEZESSETE (HISTÓRIA COMPLETA)
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Capítulo 21 - Um chorão
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