77- Catarina Gattai

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Descobrir o que aqueles remédios significavam seria o primeiro passo para entender o que aconteceu com o pai dos seus filhos após a queda do maldito avião. Depois iria confrontar a tal Catarina e ela sabia que iria precisar de argumentos e certezas para que não pulasse em cima da mulher disposta a matá-la com as própria mãos.

Sabia que teria de ser cautelosa, havia uma criança no meio disso tudo e Christopher era apaixonado pelo suposto filho. Foi uma das coisas  que ela conseguiu absorver dele nas poucas vezes em que citava a falsa esposa e o falso filho.

— O que te faz pensar que não? Talvez sejam fabricados em outro país. — Indagou enquanto guardava o frasco em sua bolsa. Mesmo achando que a amiga estava paranóica não custava pedir para o seu recente namorado estudá-las.

— Eu sei que não são. — Afirmou convicta.

E esperava que realmente não fossem. Fazia meses que estava naquele jogo de cintura tentando esconder Christopher da mídia, dos filhos e até dele mesmo. Se aqueles remédios não fossem nada além de pílulas comuns ela estaria na estaca zero outra vez.

— Dulce, de quem são os remédios? — Insistiu quando notou a expressão facial da mulher mudar bem na sua frente. O desespero parecia nítido em cada parte dela.

— Eles são do Christopher.  — Murmurou.

— É o quê? — Seu olhar era de confusão

— O Christopher está vivo Annie. E alguém o está envenenando.

***

— Inferno! — Henrique praguejou batendo na máquina mais uma vez. Mais um tempo preso naquela sala e ele tinha certeza de que iria derreter.

Mas tudo bem, era só mais um dia e ele estaria ali amanhã, depois de amanhã e todos os dias que fossem necessários. Desde que Larissa e o bebê estivessem bem, ele não se importava com ele.

Todavia, não ia negar que chegava a ser humilhante estar preso na sala de cópias da sua própria empresa. Cada pedaço daquele prédio, até mesmo a maçaneta de cada porta pertencia a ele e as suas irmãs, ainda sim, as pessoas lhe tratavam como somente o garoto das xérox.

Graças a seu fodido sogro. Ele sabia que teria de assumir um papel de responsabilidade após a gravidez precoce da sua namorada ser exposta. Mas quando aceitou ir trabalhar nas empresas, nunca imaginou que seria daquela forma. Porém, estava bem, sua avó disse que seu pai havia começado na limpeza ele era grato por não precisar pegar um esfregão para limpar o fodido piso daquele lugar.

— Irritado tão cedo? — A voz de Ian chegou a seus ouvidos.

Ele revirou os olhos sabendo que mais trabalho viria. Cedo? Já eram três da tarde e ele mal teve tempo de ir em casa se alimentar depois que saiu do colégio. A sala iluminada apenas por uma janela parecia um forno de tão minúscula e quente. O lugar era fechado e pouco arejado, cabendo apenas uma pequena escrivaninha onde estava o computador e do outro lado a maldita máquina de cópias.

— Ora vá se foder. — Insultou.

— Já conversamos sobre o que resultam os seus insultos. — Alertou.

Henrique tinha dinheiro descontado do seu salário cada vez que desrespeitava algum membro da empresa.

— Juro por Deus Ian, quando eu assumir a presidência dessa empresa a primeira coisa que vou fazer é chutar a sua bunda pra fora daqui. — Ameaçou.

Não se lembrava daquele cara ter se tornado tão chato. Ele sabia que tinha errado ao engravidar Larissa, mas realmente era necessário toda aquela pompa de macho alfa que Ian insistia em pregar? Eles estão no fodido século vinte e um essa merda de emprego e de máquina nem deveriam existir.

Afinal, quem usa cópias quando se existem os e-mails?

Prometeu a si mesmo que quando assumisse os negócios da família destruiria aquela sala e aquela máquina e todas as salas e máquinas parecidas que existissem nas filiais em outros países.

— Gostaria de te ver tentar. — Sorriu. — Copie esses documentos para a próxima reunião daqui há quinze minutos. — Colocou a pasta mediana sobre a escrivaninha. — E dessa vez sem gracinhas, não quero a sua avó tendo crise de risos porque você tirou uma xérox do seu pau.

— Aquilo era pra você. Queria que soubesse de onde vêm os bebês — Provocou.

Nas suas primeiras semanas naquele maldito trabalho, Henrique achou que seria prudente vingar-se de Ian, baseando-se nessa concepção o garoto simplesmente pós seu pênis sobre a máquina e o escaneou em cópia para a reunião. O documento seria encaminhado a Alexandra, como explicar a atual presidente da corporação Uckermann tendo uma crise de risos e sendo amparada pelos executivos? Naquele dia dez por cento do salário de Henrique fôra descontado.

— Você abusa da sorte garoto. — Exprimiu controlando-se para não sucumbir as provocações dele. Ainda nem acreditava que não o havia matado quando sua menina contou o que fizera. — Comece logo, é pra hoje. — Como de praxe, sem pedir um por favor ou agradecer por algo, ele saiu batendo a porta da maldita saleta.

— Filho da puta. — Henrique remungou puxando a pasta de arquivos com brutalidade.

Devido ao movimento brusco um dos papéis se desprendeu da pilha. Esse foi parar debaixo da mesa.

— Eu odeio minha vida. — Resmungou enquanto engatinhava em busca do papel.

Quando o alcançou deu-se conta de que era um recibo de confirmação de pagamento e muito provavelmente estava ali por engano. Aproximadamente seis mil dólares depositados na conta de uma mulher, o dinheiro parecia estar fluindo de dentro da empresa, pois o celo da corporação era nítido. Mas não parecia algo oficial, tampouco depósitos de custos para a fábrica de produção.

Algo na cabeça de Henrique o alertou de que aquilo ia além de suspeito, até porque não lembrava-se de algum registro de sócios com aquele nome.

— Quem diabos é Catarina Gattai?

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Seria Henrique o primeiro a descobrir o falso aliado? Fica aí o questionamento.
🌚

Obrigada pelo carinho e paciência, eu volto gente ksksks
Beijoks 😘
Amo vcs 😍❤

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