A Cura

Capítulo 45

Já dentro do carro dirigia com calma rumo ao trabalho, aproveitando que não estava atrasada para observar as ruas em que passava. Era primavera, a estação do ano que mais amava, pois, as ruas da cidade eram cobertas pelas árvores que eram moldadas pelas flores, deixando um cenário perfeito para quem visse. Eu não veria problema nenhum em caminhar por ali, até tinha vontade, se não fosse pela longa distância de casa para o trabalho. Fechei o vidro assim que senti o vento gelado bater em meu rosto. Graças ao trânsito calmo, o que era raro, não demorei para chegar em meu destino.

Fazia algumas semanas que estava de volta, era bom estar naquele prédio, por mais que amasse ficar em casa com minha garotinha, eu sentia falta daquele local, amava o que fazia, poder me envolver em novos projetos era gratificante e me fazia ter certeza de que tinha escolhido a profissão certa.

— Reunião em uma hora e se prepare porque o Liam está insuportável hoje. — Escutei assim que joguei minha bolsa em cima da mesa.

—Uau! Bom dia para você também, George. — Murmurei irônica e me acomodei na cadeira.

— Me desculpe, é que o seu chefe está de mau humor por algum motivo e acha que descontar sua raiva nas pessoas vai resolver o problema dele, seja lá qual for. Aposto que é falta de sexo. — O homem a minha frente revirou os olhos antes de se sentar na poltrona.

— Ele também é o seu chefe, não se esqueça disso. — Gargalhei enquanto pegava os papéis, que estavam guardados dentro da pasta, em cima da mesa.

— Então, como está a pequena Blue? Faz algum tempo que não a vejo. — Ele ficou pensativo por alguns segundos e logo me encarou.

— Ela está ótima e crescendo mais rápido do que eu gostaria, além de estar passando pela fase em que começa a descobrir coisas novas, e está a coisa mais fofa do mundo, você precisa vê-la. — Um sorriso, sem que eu percebesse, apareceu em meus lábios enquanto eu pegava meu celular para mostrá-lo uma foto da pequena. — Meu coração se aperta sempre que preciso me separar dela. — Sussurrei pensando na minha bebê, já sentindo falta dela.

— Olha só para você, toda sensível enquanto fala da filha. Se você visse como seus olhos brilharam ao falar dela. — George disse sorrindo, ao mesmo tempo em que olhava para a foto que eu tinha tirado na noite anterior.

— O que posso fazer se, em tão pouco tempo, ela acabou se tornando a pessoa mais importante da minha vida!? — Fechei meus olhos por alguns segundos e quando os abri, me deparei com um George sorridente.

— Bom... Eu adoraria passar o resto do dia aqui ouvindo suas experiências como mãe, mas tenho que voltar para minha sala antes que o que não deve foder a meses me demita, e eu preciso desse emprego. Vejo você na reunião, querida. — Ele se levantou e sorriu antes de sair, fechando a porta atrás de si.

Apenas balancei a cabeça, pegando meu celular na bolsa assim que o senti vibrar dentro dela, desbloqueei a tela e sorri ao ver as mensagens que meu marido tinha acabado de me mandar. Em uma delas, ele dizia que provavelmente chegaria mais tarde em casa, se desculpando logo em seguida. Ficamos conversando por um tempo até que os dois precisasse voltar para o trabalho, guardei o celular no bolso e segui até a sala de reuniões.

George não havia mentido quando me avisou que nosso chefe estava mal-humorado naquele dia, Liam passou praticamente a reunião inteira reclamando em nossos ouvidos, colocando defeito em tudo e dizendo o quanto estava insatisfeito com o desempenho de alguns. Fiquei o tempo todo apenas desejando sair logo daquela maldita sala, poder voltar para casa, me jogar em cima do sofá e ser recebida com o corpo acolhedor da minha filha em meus braços.

— Sonhando acordada? — George cutucou meu braço e sorriu.

— Apenas desejando sair logo dessa sala. — Dei de ombros, brincando com a caneta em minha mão.