Capítulo 26 - Sophie

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- É impossível escolher entre duas coisas que se ama! – pensei alto.

Para minha surpresa, o refrão dizia exatamente isso. Fiquei impressionada, mas não tanto quando uma bailarina aparece na cena.

A cena era icônica. Havia um cara todo de preto, tocando um piano preto. A bailarina dançava com passos precisos e perfeitos, até que ela cai. O cara de preto sai de cena, para logo em seguida um cara de branco aparecer. Ele se ajoelha e ajuda a bailarina a se levantar. Ele segue até o piano e senta-se. O piano começa a clarear, até que chega a um tom de branco cremoso. Quando esse cara toca, você sente que ele está dando a alma naquela música. As notas são pesadas, mas reconfortantes ao mesmo tempo. Existe uma leveza. A bailarina fica encarando o cara todo branco, e com certeza está encantada, tanto quanto eu. Ela volta a dançar. Agora ela está sorrindo, se divertindo. Ela repete os mesmos passos, só que é impressionante como o ambiente parece deixar tudo mais leve e alegre.

O solo do piano acaba, mas a música continua. Na cena, o pianista de branco se levanta e vai até a bailarina. Os dois se encaram e retiram as máscaras. A câmera dá um close nos rostos dos dois, e eu entro em choque. Dessa vez eu é que aperto a mão do Felipe. Ele me encara com um olhar de "calma, tudo bem", sem nenhum traço de surpresa.

A bailarina beija o pianista de branco. É nítido que a cara de espanto do pianista, revela que aquele beijo não estava no script. Entretanto o pianista de branco retribui o beijo. Depois de alguns segundos, o pianista de preto aparece na cena. Ele também estava sem máscara e câmera também dá um close em seu rosto. Quando a cena se enquadra novamente, só é possível ver o pianista de preto puxando a bailarina consigo, como se ela fosse propriedade dele.

A música acaba com a seguinte frase: "temos que escolher antes que escolham por nós.".

***

- Sem chance!

- Sem chance? Garota, você viu mesmo aquele videoclipe? O Arthur não só te conhecia, como ele mesmo disse não foi? Como também era todo caidinho por você. Agora faz mais sentido ele ter feito o que fez. – Felipe continua argumentando, tentando me fazer enxergar que o Arthur não era uma boa pessoa, e sim um cara que só age em próprio benefício.

- Pelo vídeo é óbvio, é notório que ele se aproveitou do beijo. Mas primeiramente, EU é quem beijei ele! – soltei em um gritinho, revogando totalmente essa ideia. – Isso me assusta!

- Você beijar o Arthur? Ele é mau caráter, mas é bem apessoado. Não é tão difícil de entender que você tenha sentido vontade de se jogar nos braços dele.

- FELIPE!! – faço a maior cara de indignação, e continuo seguindo em direção ao barzinho. – Isso é novo. Você elogiando o Arthur.

- Não seja louca, minha querida! Estava sendo i-r-ô-n-i-c-o. – ele soletrou como se fosse uma criança de oito anos em uma briguinha.

- Não seja ri-dí-cu-lo! – respondi no mesmo tom. Certamente, se alguém estivesse escutando aquela conversa, iria pensar que o hospício tinha ganhado ingressos para o festival. – O que me assusta, é o fato de que ele sabia que eu tinha namorado, e mesmo assim partiu para cima. Não pensei que além de mentiroso, ainda traia aos amigos.

- Alouuu?! Estou aqui na sua frente. Já lhe contei o que houve entre a gente. Eu disse, ele é mau caráter. Ninguém acredita em mim.

Um sorriso sai involuntariamente em meu rosto. O Felipe era um cara engraçado, gostoso de conversar, era gostoso também, vai por mim. Estendo a mão para ele, que a pega no mesmo instante, depositando um beijo singelo no dorso de minha mão.

- Tira esse sorriso bobo do rosto. – digo.

- Só depois de você tirar. – eu começo a gargalhar.

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⏰ Última atualização: Jul 11, 2018 ⏰

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