- Majestade, essas coisas pouco fazem sentido. - a loira ainda estava confusa.
Lembrava-se bem de que além de conselheiro, o homem também era amigo do rei, tal informação por certo que devastaria a Augusto.
- Mas nós não sabemos. - a rainha virou-se, balançando a cabeça - Demétrio não deixou nenhuma pista ao meu pai sobre onde iria. Além disso, todos temos conhecimento que com a ausênsia do rei Heitor em Alfambres, o reino corre perigo de ser dizimado tal como Roma, pelas mãos de seus próprios filhos.
- Talvez, os saqueadores... - sua mucama gaguejava, a gravidade da notícia havia a deixado nervosa - No meio da floresta... Talvez ele tenha sido atacado, majestade!
- Não, Lucíola! - Catarina contextou - Demétrio era esperto demais, já lutou ao lado de meu pai em diversas batalhas, ele venceria facilmente os saqueadores. Há algo de muito estranho nessa história.
- Vossa majestade tem razão. - assentiu - Desde que Alfambres se dividiu entre a casa Murdock e a casa Hogan, todos os outros reinos temem o que será do reino com a morte de Heitor.
- Gael diz na carta que Demétrio foi morto a caminho de Alfambres pelo norte. - recordou-se a rainha, tomando o papel entre os dedos novamente, para confirmar sua suspeita - As terras do norte pertencem à seu irmão, Jeremiah, o revoltoso.
- E a senhora confia no que esse tal príncipe diz?
- Não conheço os príncipes e nem as princesas de Alfambres pessoalmente, Lucíola. - Catarina estalava os dedos, agitada - Mas pelo o que ouvi falar deles, tenho muito mais motivos para confiar em Gael do que em Jeremiah.
Ela caminhou para o espelho, sentando-se em frente a penteadeira, inclinando-se para ver seu rosto ao natural sendo tocado pelo sol da manhã.
- Vossa majestade pretende dar a notícia ao vosso pai? - Lucíola aproximou-se, tomando a escova que estava sobre a madeira e começando a pentear delicadamente as longas madeixas do cabelo da rainha.
- Antes preciso falar com Afonso, - Catarina adicionou aos pulsos dois braceletes de ouro - Afinal, ele é o rei, Lucíola.
(...)
Passos largos aproximavam-se da sala de reunião, Afonso ouvia atentamente à cada andar preciso, enquanto analisava um relatório sobre economias dos reinos vizinhos e acrescentava à sua lista negra particular a cabeça de alguns monarcas. Se ele encontrasse alguma prova, por certo que a espada desceria sobre elas.
- Afonso! - a voz macia em tom de angústia lhe roubou a atenção.
Era Catarina, aparentemente ainda mais cheia de vida, usando um vestido vermelho chamativo com duas fendas nas laterais e um colar de serpente entre o decote, com a única diferença de que agora carregava sobre a cabeça a coroa de Montemor.
- Catarina! Como passou a noite? - o rei levantou-se, aproximando-se da morena com um sorriso.
- Bem. - ela estendeu as mãos sobre seu peito, lhe dando um selinho - Afonso, há uma informação que me deixou tensa por esta manhã.
O rei afastou-se, preocupado:
- Que informação é essa?
- Uma carta de Alfambres! - a rainha retirou a carta do decote, enquanto Afonso observava minuciosamente em um breve delírio, prosseguindo sério - Tomei a liberdade de abri-la, visto que você estava em uma reunião com Cássio.
Desdobrando o papel, o rei o estendeu sobre a mesa, analisando a mensagem de Gael. Depois de uma leitura detalhada, Afonso ergueu o olhar, com uma expressão intrigante para Catarina.
- Mas o que é isso? - o Monferrato estava zangado com o comunicado.
- Tenho receio de dar a notícia ao meu pai, mas me parece surreal que algo assim tenha acontecido justamente com Demétrio. - Catarina aproximou-se, depositando a mão sobre o ombro de Afonso.
- Rei Heitor já sabe da mensagem do filho? - ele questionou.
- Não. - a morena negou com a cabeça - Você vai trazer Demétrio de volta, não vai? É muito importante para o meu pai dar um enterro digno ao seu fiel e único conselheiro.
- Claro! - Afonso apertou sutilmente as mãos da rainha sobre seu ombro - Mesmo porque eu quero que Lupércio o examine e nos informe a causa da morte.
- Se quer um conselho, deveria designar Delano a Alfambres, já que Cássio e Romero estão cuidando do incidente da mina.
- Você tem razão, Catarina. Farei isso. - o rei lhe lançou um olhar confiante - Quanto a mina, já está comprovado o fato de que a explosão foi criminosa, não há nenhum incidente.
O Monferrato levantou-se, encarando as ruas lotadas de plebeus pela janela, em pleno centro de Montemor.
- Como? Então quer dizer que alguém arquitetou a desgraça de Montemor? - uma aspereza se formou na voz da rainha.
- Sim, Catarina. - ele voltou-se - E eu só consigo pensar em uma pessoa...
- Otávio! - completou ela.
Afonso assentiu, com um olhar de ódio profundo, o qual não conseguia esconder, nem disfarçar.
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O TRONO DE SANGUE - Afonsarina [REVISANDO / INCOMPLETO]
RomanceQuando o herdeiro de Montemor é atacado na floresta, ele faz um pacto para retornar a vida, assumindo a forma de um demônio. Tendo a princesa Catarina insistido em sua busca incansável pelo noivo, enfim, ela o acaba encontrando em uma cabana...
| Capítulo X |
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