Kent - Continuação

Começar do início
                                    

Desabei ao seu lado, arfando rápido.

- Você é deliciosa demais. - Disse rouco.

- Nós somos, meu amor! - ela sorriu visivelmente satisfeita

Me virei de lado para olhar para ela, acariciei por um bom tempo seus cabelos e rosto. Queria fazer uma pergunta, mas o medo me consumia, tomei coragem.

- O que Calú disse a você?

- Algumas coisas! Falou sobre o seu passado e do porquê você ser tão... desconfiado! - fiz uma careta. - Eu não vou te julgar por ter tido um começo difícil, Kent! O importante é que teve forças pra se tornar o que é hoje.

Puxei o ar com força fechando meus olhos.

- É irônico... Um homem que hoje salva vidas, ajudou a matar muitas no passado só para conseguir sobreviver. Não me orgulho do que fiz, Mas ou eu moraria nas ruas correndo riscos ou tentava me manter em hotéis de quinta para me proteger.

- Quer me contar tudo? - ela acariciou o meu rosto

- Contar o quê? - Ele falou baixo. - Eu nem sei como estou vivo ainda, San!

- Todos temos uma missão nesse mundo, Kent! - Ela me abraçou e beijou o meu rosto. - Você ainda precisa salvar vidas e criar aquela linda princesa que está lá no outro quarto, e se tiver um espacinho no seu coração pra mim, me aceitar nele!

- Eu tenho esse espaço... - Sorri leve. - Só preciso lembrar onde enfiei a chave. eu escuto as suas batidas, pode ter certeza que a qualquer momento eu abro ou você da um chute e arregaça... - Rimos.

- Você é maravilhoso, Kent!

Eu a aninhei em meus braços.

- Minha mãe era a mulher mais linda que já vi em toda a minha vida... Meu pai foi um homem de sorte. Pena que não soube segurá-la. - Comecei baixinho. - Hoje ela mora na Rússia com um figurão que lhe ofereceu o mundo. Meu pai egoísta não deixou que ela me levasse. Saiu de Illinois e foi parar em Vegas. ele queria mostrar a ela que também podia ficar rico. Quanto engano.

- E sem a devida orientação, você se perdeu de si mesmo por um tempo!

- Me perdi dela... Por anos fui enganado. - Suspirei longamente. - Por outro lado não o culpo, meu pai não tinha mais ninguém, quem iria cuidar de seus hematomas, dos traumas sem poder ir a um hospital. - A apertei em meus braços, dei risada. - Rodriguez... O policial que me prendeu... Ele mesmo foi me buscar no presidio quando saí... Com minha mochila nas mãos. Ele me fez entrar na viatura, me levou até o exército e lá me fez alistar. depois de tudo feito, ele abriu minha mochila e perguntou por que eu tinha livros de medicina ao invés de drogas ou qualquer coisa.

Me calei lembrando do dia.

- É uma grande história! Digna de uma autobiografia

Dei risada passando a mão pelo rosto.

- Eu roubei os livros de medicina de uma biblioteca municipal... Eu não tinha dinheiro, meu pai estava mal. Precisava ajudar... Descobri que estava com duas costelas quebradas. Ele precisava de repouso, analgésicos, etc... - Torci a boca. - O jeito foi roubar o medicamento. Eu tinha como entrar em hospitais. Me fingia de doente e quando viravam as costas, eu roubava medicamentos.

- Foi por um bom motivo!

- é... foi! - Minha voz saiu rouca, chorosa.

- Você pode chorar se quiser, não é uma vergonha, Kent!

- Não... Estou bem! - Me ajeitei na cama. - Vamos dormir um pouco... Estou exausto.

- Vamos, meu bem! - Samantha aninhou-se a mim. - Eu sou apaixonada por você, Kent... e amo a Manu! - ela bocejou. - Eu vou sofrer muito se a nossa história não der certo

- Eu vou sofrer em dobro se me deixar... - Beijei o topo de sua cabeça. - A muito não me sentia tão em paz. Você deixa meus dias mais leves.

- Me promete que se não dermos certo como um casal, você vai me deixar continuar a ver a Manu?

- Porque temos que falar disso logo agora? - Afastei meu rosto para poder olha-la. - Porque não deixamos a cargo do tempo?

- Eu sou insegura! É o meu maior defeito, me desculpe! Eu cresci sem mãe disputando a atenção do meu pai com pacientes! Eu tendo a ser um pouco carente.

- San! Não seja carente. ou tente não ser. - Pedi. - Eu não sei lidar com pessoas carentes.

- Vai aprender! - ela sorriu arteira

- Vou é! - Fiz cocegas nela. - Estou disposto!

Nos aninhamos um nos braços do outro, a exaustão bateu e dormimos.




Um Amor, Por Emergência!Onde histórias criam vida. Descubra agora