Correspondentes.

1-A descoberta.

POV: Hannah.

Se esta a ler está a ler esta devo admitir que fico bastante feliz, é realmente bom encontrar alguém interessado no meu passado e no que me tornei hoje em dia.

Perdoem a minha rudeza, nem de apresentei com modos, o meu nome é Hannah Grimmer e este é o começo da minha historia, por favor acomodem-se em suas camas ou assentos e desfrutem da leitura.

Era uma manhã fria em Londres, estávamos em Novembro e as ruas estavam mais geladas que o habitual.

Estava sentada num banco numa praça perto da minha casa, estava um pouco desanimada pois hoje faziam 2 anos desde que o meu tio tinha "morrido", na realidade ele havia desaparecido mas como nunca mais apareceu todos concluíram que ele estava morto, era triste porque era mais do que muito possível; o meu tio tinha muitas pessoas que fariam de tudo para que ele saísse da vida delas e bem.... isso era mais que provável.

Tinha acabado de voltar do cemitério com o meu outro tio, John, pois tínhamos ido deixar algumas flores no túmulo vazio dele; depois disso preferi deixa-lo a sós em casa, ele precisa pensar um pouco, faz-lhe bem.

Devo ter ficado sentada a olhar o nada e a pensar durante unas boas 2 horas porque quando dei por mim já estava a anoitecer e tinha que voltar para o nosso apartamento.

 Quando os meus pais se separaram eu tinha que escolher com quem ficar porem consegui ficar com os meus tios, não era capaz de viver com o meu pai pelo facto de ele ser um machista homofóbico disfarçado de empresário e a minha mãe ter a falta de carácter e nunca se opor a nenhuma das vontades dele, pelo menos ate decidir que trair o meu pai com o meu namorado da época era a melhor ideia do mundo...na altura ambos lutaram muito pela minha guarda mas antes da decisão final ser tomada eu disse que preferia ir para um orfanato a ter que ficar com um dos dois e pedi para viver com os meus tios, consegui vencer essa guerra por pouco.

  Admito não ser muito sentimental mas ter perdido o meu tio foi das piores coisas da minha vida pois ele sempre foi a minha inspiração,  foi com ele que eu me tornei que pessoa que sou; aprendi que eu eras feminista sem saber, sempre protegi o direito de igualdade entre os sexos e isso era feminismo, não tive medo de demonstrar os meus gostos e adorei cada pedaço do meu corpo, ele fez-me ver o quão importante é ser uma boa pessoa e eu sempre me esforcei para continuar assim e ser feliz.

Ao dar por mim já estava em casa, entrei e dei um beijo na bochecha do tio John.

-Está na hora não acha tio?-  o olho na duvida.

-Eu não acho Hannah, prefiro ficar assim e cuidar da minha linda sobrinha.- o tio John diz, insistindo na ideia de que era melhor ficar solteiro do que tentar algo com alguém que não se ama e eu, inconscientemente, concordava com ele.

-Quer ajuda com o jantar?

-Não é necessário eu trato de tudo, okay?- concordei com a cabeça e subi para o meu quarto para acabar um trabalho para a aula de psicologia.

Cerca de 40 minutos depois desci para jantar, comemos num silencio confortável e familiar.

Após o ter ajudado a limpar a cozinha fui para o meu quarto novamente começando a preparar uma apresentação para a aula de sociologia, só faltava encontrar uma pasta para guardar as minhas folhas e a minha maqueta.

Andei com calma ate ao escritório do tio Harry, o tio John não entrava ali nunca por ser doloroso e eu apenas entrava para limpar e ir buscar algumas coisas, procurei durante quase 1 hora mas não encontrei nada, abri pela milésima vez uma das gavetas da secretaria e lembrei me o quanto o tio Harry amava truques de magia; logo tirei tudo o que estava la dentro e encontrei aquilo que esperava, um fundo falso, la dentro estava apenas uma arma de fogo pequena, voltei a guardar tudo no lugar e olhei para a secretaria.

Depois de alguns segundos a olhar para o retrato dos meus tios do meu casamento não pude notar o quão diferentes eles eram: O tio John era de estatura media e sorria sempre que podia, tinha cabelo castanho claro  e olhos da mesma cor, um homem comum, já o tio Harry era uns 15 centímetros maior que o John, tinha um cabelo cheio de ondinhas estranhas negro e uns olhos azuis lindos, era pálido e magro e tinha umas roupas bem....extravagantes. eles eram um lindo casal.

Abanei a cabeça, espantando esse pensamentos e comecei a procurar mais fundos falsos, sem encontrar nada que realmente me ajudasse. Cansada de toda a procura dei um pontapé enraivecida contra a mesa, coisa essa que fez um pequeno caderno cair.

Apanhei o mesmo com os olhos a brilhar de curiosidade porem antes que o pudesse abrir a porta do escritório foi aberta revelando o meu tio, escondi o caderno rapidamente.

-Esta na hora de ires dormir não achas? amanhã começa a ultima semana de aulas e eu realmente não te quero faltar as aulas para ficar a dormir, entendido?

Concordei com a cabeça e vi-o suspirar e sair deixando a porta aberta, não demorei 2 segundos a levantar-me e ir para o meu quarto.

Ao entrar fechei a porta à chave e deitei-me na cama, observando o pequeno caderno de couro com curiosidade, fiquei assim por um tempo ate decidir abrir o mesmo e folheá-lo por uns minutos, ficando extremamente surpresa ao ver que o caderno estava completamente em branco, exactamente o que acabou de ler, ele não possuía uma única palavra escrita.

Aquilo, de alguma maneira, parecia-me extremamente errado. O tio Harry nunca esconderia um caderno em branco! E eu realmente estava certa sobre isso então fui a procura de coisas como tinta invisível ou algo assim, o meu resultado foi nulo e com isso desisti de tentar as minhas investigações, pelo menos pensava assim.

peguei numa caneta e escrevi com calma "Este caderno é propriedade de Hannah Grimmer." olhei para a frase durante uns segundos e pouco depois suspirei, guardando o caderno junto aos meus livros escolares, não vendo a resposta que recebi.

"Prazer senhorita Grimmer o meu nome é William e eu serei o seu correspondente."