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Um mundo dividido em países, que por sua vez são governados por reinos. É assim a divisão no mundo denominado Trafford. Porém há um deles que chama a atenção. Neste momento, em Homertha, uma mulher do clã Zózimo, tribo de pouca importância social e econômica para o reino, acaba de dar à luz a um menino. Seu pai o batizou de Nero. E é a partir daí que se inicia uma nova lenda.

Recebia o carinho e conforto de todo o clã. Não existia um indivíduo naquele local que era contra a criança, ou simplesmente não simpatizava. Passavam dias, semanas, meses, anos e o garoto ia crescendo e mudando. Cada vez mais parecido com o pai. Cabelo longo e preto, olhos castanhos muito claros, a cor de sua pele era branca como neve. E por falar em neve, era o que não faltava naquela região. Tanto que eram necessárias vestimentas grossas para evitar o frio. O clã residia perto de rios, para facilitar o acesso à água, já que a agricultura era a principal forma de economia e também dela retiravam o alimento para todos.

Nero, junto ao seu pai Oto, era encarregado de providenciar carne, sendo provida das florestas, ou dos peixes, já que habitavam uma área próxima a águas. Todos os dias os dois quando iam caçar aproveitavam para tomar banho no rio. Porém o mesmo era divido em áreas de periculosidade ou não, pois misteriosos monstros aquáticos rondavam o local. Certo dia, o garoto estava nas margens e viu algo brilhar estranhamente na poça enorme. Por ser curioso, resolveu ir adentro e seguir aquele brilho. Achava aquilo fascinante e não ligava para o perigo. Cada vez ia mais ao fundo e continuava focado na luz. Seu pai começou a gritar:

— Nero! Nero! Volta!

Mas quem disse que o menino ligava ou ouvia? Viciado já no brilho, não hesitou. Ao chegar perto do mesmo, mergulhou, pegou e percebeu que era um tipo de pedra, que ele não tinha conhecimento algum sobre isso. Ao dar as costas para regredir as margens, uma estranha criatura, aparentemente tinha o corpo de um crocodilo, porém suas patas eram nadadeiras, emergiu das águas com sua boca totalmente aberta, na tentativa de matar e comer o garoto. Mas misteriosamente, o pequeno homem que foi rasgado ao meio pela criatura, sumiu, era uma miragem, e o "original" estava andando normalmente já nas margens do rio.

Os olhos de Oto estavam totalmente arregalados. Ele não conseguia sair do estado de choque. Por pouco não presenciou a morte do seu único filho, e ao mesmo tempo, como se do nada ele tivesse escapado, sem explicação lógica nenhuma.

Após um curto período de tempo ele correu em direção a Nero. O agarrou. Tocou em todas as partes, com o objetivo de saber se lhe faltava alguma parte do corpo. Mas não. Não lhe faltava nada, nem se quer um dedo. Depois disso, tapas foram desferidos no menino e fortes repreensões foram feitas, por ter ido a um lugar que nunca deveria.

O pequeno homem guardou sua misteriosa pedra dentro de uma espécie de bolso na sua camisa. Pegaram suas devidas ferramentas, todo o alimento ganho até aquele momento e regressaram a estadia do clã. Prometeram um ao outro que não contariam o ocorrido a ninguém, afinal, desaparecer e aparecer em outro lugar seria mesmo uma história de pescador.

A mãe de Nero, Lucy, foi a encarregada de preparar o jantar. Peixe assado era o prato principal. A comida preferida do seu filho, então todo capricho por parte dela era necessário. O garoto comia como se fosse a sua última refeição. Mal colocava algo na boca e a mão já se encostava em outro prato. Seus pais ficavam abismados com aquilo. Todos os dias isso acontecia, então eles terminavam rindo. O pequeno homem agia desconfiadamente. Enquanto mastigava, olhava seu pai rindo e não conseguia entender. O mesmo com a sua mãe. Achava que era coisa de adulto aquilo.

Após o jantar, os três costumavam ficar sentados conversando sobre o que o primeiro comentasse. Nero, então por ser extremamente curioso, indagou:

— Por que o nome do nosso clã é Zózimo? Que nome mais estranho e engraçado.

Seu pai logo em seguida respondeu:

— Zózimo significa vida. Creio que os ancestrais que deram origem ao nosso clã, escolheram esse nome com a finalidade de mesmo eles não estando mais entre nós, nos perguntar o significado de viver, a importância.

O garoto não falou mais nada. Apenas deitou-se e começou a refletir sobre o que ouviu. Logo em seguida caiu no sono sem perceber. Sua mãe, como de natureza, não gostava de falar. Apenas apreciava a conversa do seu marido e de seu filho. Para ela, isso era mais importante do que dizer algo. Beijou a testa do menor, e Oto levou o pequeno para a cama.

No meio da noite Nero acordou assustado, em meio a muita zoada. Ouvia passos, muros caindo, telhados sendo destruídos. Saiu rapidamente da cama e olhou escondido por um pequeno buraco que tinha no muro do seu quarto, onde podia avistar a rua da sua casa. Não acreditou no que via. Eram soldados, porém discordou de serem de outro clã, eram do exército do rei. Pelo emblema visto, ele pode rapidamente assimilar o indivíduo a um funcionário do reino.

Ele avistava pessoas conhecidas sendo esfaqueadas, degoladas, uma a uma. Os seus olhos estavam enormes, e tremiam. O porquê de aquele sanguinário extermínio estar acontecendo, era desconhecido por ele. Tudo que conseguiu pensar foi correr, a fim de encontrar seus pais, na esperança de estarem vivos.

Quando saiu do quarto e chegou a sala, seu pai lutava bravamente com um soldado, ambos com espadas meladas de sangue. Olhou para o lado e viu outros soldados deitados, enviados ao outro mundo por seu pai. Era esse o motivo do sangue na espada de Oto, o qual sangrava, deixando claro o motivo do sangue na arma do soldado. A luta parecia não ter fim. Lucy que estava entre os dois combatentes e Nero tiveram como objetivo pegar seu filho e correr para o quarto do garoto. Mas quando estava saindo da sala com o pequeno no colo, ambos viram uma espada atravessar Oto, e o mesmo cair de joelhos. Não hesitaram e continuaram indo ao quarto. Chegando ao local, abriu uma pequena portinha que havia debaixo de uma espécie de tapete e dialogou com o filho:

— Entre aí e siga em frente. Vá a procura de outra vila. Cresça, fique forte e desvende o porquê de tudo isso. Peço-te como último desejo. Você carrega o nome do clã, sendo o único vivo dele.

Nero não entendeu porque a sua mãe disse que ele era o ultimo do clã, se ela continuava ali no quarto falando pra ele. Mas logo em seguida viu a boca da sua mãe começar a mudar de cor, o sangue saia lentamente e o rosto logo ficou pálido. O garoto desesperado não sabia o que fazer. E por reflexo correu por um túnel que a portinha levara, correu como se sua vida dependesse disso.

E dependia.

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⏰ Last updated: Dec 06, 2018 ⏰

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A profecia do último ZózimoWhere stories live. Discover now