— Perdão, mas eu acho que você errou de princesa, Frollo. Aliás, você não deveria estar aos beijos com alguma garota do seu fã clube?
Apesar da voz levemente baixa,ïera nítido o tom de escárnio nos seus comentários. Ele sabia que não tinha qualquer tipo de intimidade com o popular, e um passo em falso, por menor que fosse, poderia resultar em um olho roxo colorindo o rosto de Lua de Holly. O loiro parecia achar graça do comentário do menor, pois esboçava um sorriso. Um sorriso charmoso na opinião de Blue, mas o pensamento logo foi afastado.
— Posso te dar uma carona? Ainda falta um pouco de chão até lá, e você não pode cansar seus lindos pezinhos de princesa.
Uma sutil piscadela foi o suficiente para fazer o rosto agelical do pequeno de cabelos azulados ganhar um tom vermelho adorável, digno de uma mordida na bochecha. Mas, no final, ganhou apenas um beijo suave na bochecha.
— Se você quiser... — disse entrando no carro e assumindo o assento do motorista — ...estarei aqui, apenas ao seu aguarde.
Manter o orgulho ou render-se ao sentimento? Holly nunca chegou a nutrir uma paixão avassaladora pelo maior, mas não podia negar que ele mexia com o seu coração. Fosse a beleza, fosse o fato de ser um jovem cobiçado pelas garotas. Ele não sabia, mas não curtia muito isso. Marcell era agressivo, já bateu diversas vezez em Holly, implicava com o garoto quando tinha a chance. Era o típico valentão, mas algo veio acontecendo com ele de uns tempos para cá. Ele não pegava mais no pé do mais novo, e começou a ser mais carinhoso. Entretanto, Blue sentia apenas desconfiança por trás das atitudes do jovem rapaz dentro do veículo. Até alguns anos atrás, Marvell preferiria enfiar a própria cabeça na lixeira da cantina ao dividir o mesmo espaço com um perdedor feito Holly Blue.
Hesitante, ele entrou no carro e acomodou-se no banco do carona. Virando o rosto, deparou-se com o rosto do maior estranhamente perto do seu. Seus olhos verdes como duas esmeraldas perfeitamente polidas fitavam a expressão confusa do menor a sua frente. Seu alvo exato? Os lábios rosados como pétalas de cerejeira de Blue. Ele poderia toma-los para si, beijar e mordiscar com se fossem um pedaço de doce. Marcell já havia tido um pouco do gostinho doce da boca do pequeno Holly, mas agora ele teria uma prova mais mercante do sabor que o moreno tinha. Mesmo sabendo que dominaria Blue se fosse de sua vontade, não o faria por uma estranha questão moral que Marcell achava não ter. Ou, talvez, fosse apenas questão de tempo até que seus dedos afundassem na carne tenra e sensível do garoto a sua frente.
O carro deu partida, andou os metros restantes e parou um pouco antes da escola em que estudavam. Era nítido o motivo da parada. Imagina o que diriam? Holly Blue, a putinha da escola do delinquente saído direto de Grease. Parecia até título de comédia. Sem olhar para o rapaz ao seu lado, o menor abriu a porta do carro e saiu silenciosamente sem despedidas ou qualquer outra coisa. Como poderia confiar em alguém que tinha vergonha de andar com a sua pessoa? Bom, até Blue teria vergonha de andar consigo mesmo. Marcell queria um divertimento e nada mais além disso, uma boneca para brincar e largar em seguida quando satisfeito. E Holly iria ceder aos desejos do maior? Parte si queria se entregar por completo, mas uma outra sabia que seria algo breve do momento até ele achar algo melhor para se entreter.
O resto do caminho poderia ser resumido em uma caminhada rápida e um diálogo entre a noção e o seu desejo, esse que foi despertado pelos toques calorosos de Johann. "Johann". Seus lábios pronunciaram em um sussurro o nome da pessoa que o acolheu em um abraço íntimo e fervoroso, acolhendo o pequeno ser humano em um gesto de amor intenso e secreto que jamais seria contado para uma viva alma. Como se não tivesse demônios o suficiente para atormentar sua vida, agora tinha outros para carregar na bagagem e pegar pela vida.
— Seria isso punição pelas escolhas que eu fiz? Ou talvez pela minha natureza anormal? Acho que as pragas da minha mãe tão vindo parceladas com juros.
Quando parou em frente ao portão de entrada, suspirou profundamente sendo recebido por uma sutil esbarrada no ombro de Meghan St. Patrick, o estereótipo perfeito da patricinha rica e popular que desperta o ódio e a inveja alheia. Havia o pequeno diferencial dos cabelos dela serem raspados devido a uma pegadinha das garotas do primeiro ano. Uma navalha, uma tesoura, uma máquina de cortar cabelo e creme de barbear tornou eterno o motivo do temperamento explosivo da abelha rainha.
O pátio da frente estava quase vazio, exceto por pequenos grupos que preferiram esperar dar o sinal para ir correndo para as suas salas e tentar chegar antes dos professores. Havia uma pessoa sozinha, uma aluna nova com quem Holly podia contar em alguns momentos. A jovem paquistanesa, nova na escola de Blue, entrou no meio do ano passado e se tornou rapidamente amiga do menor. Apesar dela ter alguns problemas de saúde e não ir com tanta frequência as aulas, os dois ainda mantinham firme a amizade. Aaminah tinha uma estatura mediana, alguns centímetros maior que Holly, era dona de uma voz tranquilizadora e de um cheiro agridoce que lembrava canela e coentro. Seus pais trabalhavam cozinhando e ela era dotada de um dom culinário esplêndido. Um breve abraço e os dois se dirigiram para a sala enfrentar os longos períodos e o tormento das figuras marcantes do ensino médio.
As horas passaram rápido, as aulas foram tranquilas e a gangue de Marcell não implicou tanto como das outras vezes e isso deixou Holly aflito porque algo poderia acontecer a qualquer momento. Uma pegadinha? Uma surra? Os dois? Aparentemente nenhum dos dois pois o grupinho de valentões passou reto lançados duros olhares para o menor. Um dia inteiro sem a presença amedrontadora da montanha de músculos que cerca Marcell.
Depois de jogar uma água no rosto e de se despedir da doce Aaminah, Blue chegou a entrada quase vazia. Era comum haver pelo menos pequenos grupinhos ou no máximo umas dez pessoas dispersadas, mas nada fora do normal. Entretanto havia ninguém com a exceção do dono do brilhante carro estacionado a alguns passos de distância. Ele estava a espera de Holly com um lindo sorriso estampado nos lábios vermelhos. Aqueles dentes parecendo pérolas reluzentes recém polidas. Adoraria dar um soco naquela cara esculpida por Michelangelo até o mármore se despedaçar no chão, mas isso seria um desperdício com a gloriosa obra de arte que era a face angelical do mártir de Blue.
— Se me deixar te levar para almoçar, eu prometo não te oferecer mais caronas pelo resto do mês.
Relutante, Holly aceitou o convite de Marcell e se acomodou no banco do carona. Ele sabia que algo daria errado, mas não tinha como sua vida piorar dali pra frente.
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Nuvens de Algodão-Doce Cor-de-Rosa
RomanceA pequena vida de Holly Blue, o modo como as cores pintam sua tela em branco, carregam os seus significados ocultos e mancham sua pele. O modo como sente sabor do mundo, o perfume que cada um carrega, a sua temperatura e suas emoções. Adocicados e a...
Capítulo 8 - Gotas frescas na memória
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