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Mikvar. O Reino mais perigoso da redondeza. Perguntar o que o Príncipe de Mikvar estava fazendo no Castelo seria perda de tempo, porque todos sabiam o que ele estava fazendo ali.

Ele queria se casar. Expandir seu poder e território à custa de Mackenzie. Ficar nervosa não resolveria, mas ela não pode evitar o subir e descer de garganta enquanto encarava Nestor como se pudesse encontrar no rosto do rapaz a resposta para isso. Mas não seria nele que ela a encontraria.

Se voltarmos alguns anos no tempo, poderemos compreender porque eles estavam tão apreensivos com essa notícia e no que ela poderia lhes custar.

Desde o nascimento de Mackenzie, o Rei de Mikvar almeja unir os dois Reinos, mas isso não queria dizer que era um ato de amor, tampouco para favorecer Parga. Mikvar era uma terra de homens vis e violentos, conhecidos por destroçar seus inimigos com tamanha violência. O casamento seria uma estratégia de sugar toda a água da terra de Parga, expandir seu poderio e aumentar o seu exército destruidor. No entanto, o Rei não aceitou a proposta.

Ainda muito pequena, mas não tão pequena ao ponto de esquecer, os soldados do exército de Mikvar invadiram as terras de Parga e avançaram pelas redomas do Castelo em busca da princesa.

Eles a teriam levado se não fosse pela babá que quase sacrificou a própria vida pra mantê-la segura.

Sequestrar a Princesa para forçá-la a se casar com um príncipe tão odioso quanto aquele enquanto ainda eram apenas duas crianças. Eles estavam nitidamente desesperados. A pergunta era: por quê?

— Mas eu não vou permitir que ele leve você... — Nestor afirmou com uma convicção que Mackenzie quase se deu ao luxo de acreditar, mas Nestor não podia decidir isso.

— Meu pai também não permitirá... — Mackenzie declarou. Ela acreditava nisso, mas mesmo assim, um arrepio gélido percorreu as costas da garota de cima para baixo e se alojou em seu estômago. Dorian estava aqui para tentar outra vez, e talvez estivessem armando algum plano tão baixo quanto o de anos atrás.

— Mas e se ele mudar de ideia? — Nestor ousou — E se seu pai permitir...

Não era essa a questão. Ele não permitiria que o casamento acontecesse, mas ela temia que o Príncipe tentasse contra a vida de seu pai.

— Nestor. Eu preciso ir. — Ela disse, com a voz precipitada, virando-se para seguir o caminho de volta até a sala do Rei.

Ela só queria ver o pai e ter certeza de que tudo ficaria bem.

Nestor não havia entendido que o pai dela poderia estar correndo riscos, e como um garoto tolo, no ápice de seu desespero, segurou Mackenzie pelo braço. Com o solavanco, a garota girou nos calcanhares e bateu peito a peito com ele.

Tão perto que Mackezie pode sentir a respiração quente em seu pescoço.

Estava aí uma coisa que ele sentia que deveria fazer a muito tempo, mas nunca tinha tido coragem, porque eles foram criados como amigos, praticamente irmãos. Não era errado olhar para a princesa e sentir aquele formigamento que subia pelas pernas dele e tomava conta do estômago, mas porque ele sentia que era?

Será porque ele era um simples mensageiro, alguém com quem uma princesa nunca poderia se relacionar, não amorosamente. Mas de qualquer forma, não era uma coisa da qual ele pudesse controlar, pois ela era a garota mais incrível que ele já havia conhecido e olhar para ela, era como estar olhando para o céu num dia explendorosamente ensolarado com aqueles grandes e belos olhos azuis celestes; os cabelos dourados reluzentes lhe causavam uma necessidade de tocá-la que costumava ser incontrolável. Ele só não fazia a menor ideia do que estava fazendo agora. Porém, imaginemos que a simples ideia de ver seu grande amor se casar com outro seja capaz de abrir um rombo no peito, e era exatamente essa dor que Nestor desejou sufocar quando tomou a decisão de puxá-la para ele.

Mackenzie nunca tinha visto Nestor como nada além de seu melhor amigo, e quando o rosto dela se ergueu, uma sutil brisa puxou as mechas soltas de seus cabelos dourados para a frente, e isso foi o bastante para Nestor perder o fôlego.

Tão linda...

Com a pele alva e as bochechas coradas, ele a admirava com os lábios rosados de pura saúde entreabertos o bastante para darem a sensação que gostariam de serem beijados, e ele se sentiu convidado, pois seu rosto se aproximou do dela e quando menos se deram conta, uma boca estava na outra e o beijo foi inevitável. As mãos de Nestor pairavam sobre o laço do espartilho verde de Mackenzie e ele a puxou mais para ele. Seus lábios úmidos deslizando sobre os dela como se sua vida dependesse daquilo. E por um momento ela esqueceu que deveria ir atrás de seu pai.

Mackenzie levou algum tempo para compreender, ou ela estava simplesmente aproveitando a explosão de sensações de seu primeiro beijo, mas momentos depois, ela ergueu os braços e sutilmente se afastou com o corpo para trás.

Seu rosto esboçava um misto de surpresa e confusão. Entre suas sobrancelhas, um suave vinco se formava enquanto fitava Nestor.

Ela foi capaz de acreditar que ele tinha acabado de lhe beijar.

— O que você... — Ela balbuciou desnorteada, abaixando o olhar para depois fita-lo novamente.

— Eu... Eu... — Nestor tentou se explicar, mas começou a gaguejar como sempre fazia quando estava prestes a ser punido por fazer besteira. — Eu sinto muito, Mackenzie. Mas eu amo você, e eu não consigo suportar a ideia de que esse Príncipe amaldiçoado esteja aqui para tirá-la de mim.

— Você o que? — Ela indagou. Mackenzie tinha entendido que ele acabara de dizer que a amava, mas... como assim? Isso não podia ser verdade.

— Eu te amo... — Nestor declarou com mais afinco.

Mackenzie balançou a cabeça em uma recusa. Ele era seu melhor amigo e estava querendo mudar o papel que desempenhava na vida da jovem. Nestor era bom, digno e muito bonito, ela fitou seu rosto coberto por sardas, mas isso não era sobre beleza. Ela nunca o tinha olhado dessa forma; como um homem olha para uma mulher, mas pela primeira vez em sua vida ela o fez e se surpreendeu, só que precisaria de tempo para deglutir tanta coisa.

— Eu não sei... — Ela sussurrou em resposta. Mackenzie se sentiu perdida. Como se uma informação tivesse sido jogada sobre seu colo e ela tivesse que fazer alguma coisa de imediato. Nestor pegou a mão da jovem e apreciou a sensação da pele macia em seus dedos. — Eu preciso pensar. — Foi o que ela disse antes de se afastar.

Mesmo contra a vontade de Nestor, o toque foi se desfazendo à medida que ela seguia na direção oposta a ele. E a levar em consideração a forma como ela lidou com a situação, ela não o amava, ela nunca pensara em beijá-lo. Nunca o tinha visto como mais que um amigo e isso foi como um chute em seu estômago.


Reino Perdido [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora