As coisas mudaram...[Capítulo 1]

Querido Diário

Eu estive passando por um momento complexo e desgovernado sobre minha vida. Eu nunca havia parado para pensar muito bem nisso, mas nós somos todos moldados, desde o momento que nascemos, para nos encaixarmos no que a nossa atual sociedade acha ser o certo, destruindo tudo aquilo que não segue o mesmo padrão. Muitas pessoas chegam a questionar: Que padrão é esse? A resposta é muito simples. Basta você nascer branco, dos olhos claros, em uma família com grande poder aquisitivo e tudo na sua vida vai ser perfeito. Bom...pelo menos isso é o que a sociedade define. Acho que posso dizer que sou uma exceção.

 Me chamo Camila. Eu sou de São Paulo, acho que posso me definir como classe alta. Eu nunca soube o que é ser pobre. Eu não sei coisas básicas que a maioria das pessoas sabem, pois fui mantida numa bolha desde o momento em que vim a este mundo (momento a qual eu não pedi, como muitos outros que você vai entender logo). Eu tenho 16 anos, vou fazer 17 semana que vem, no dia 25 de março. Minha mãe é advogada criminal, sempre diz pra mim que o segredo do sucesso é dedicação e com quem você dorme (afinal, já que eu sou uma mulher, o unico jeito de eu conseguir ser bem sucedida é dormindo com homens, ou pelo menos é nesse lugar em que nós somos colocadas, isso me deixa doente). Meu pai é cirurgião plástico, e desde muito pequena ele fazia algumas brincadeiras sobre o quanto eu precisaria fazer plásticas quando eu ficasse mais velha. Poderia ser apenas uma brincadeira na visão deles, mas por conta disso eu sempre achei que precisaria de muitas plásticas e correções para ficar tão bonita, pois sempre me comparavam com a minha melhor amiga, Serena. Ela é tudo que eu sempre quis ser. Ela é perfeita, todos gostam dela e ela sempre tem algo de bom pra contar e fazer as pessoas rirem. Nunca pude deixar de notar a competição que há em nossa amizade, apesar de amá-la muito, quero sempre estar um passo a frente, para me sentir melhor comigo mesma.