A busca pela casa perfeita foi incansável, Louis era perfeccionista demais e eu não me importava com "conceito aberto na cozinha". Eu só queria que ele fosse feliz e procurar casas novas o fazia feliz. Eu podia ver o brilho em seus olhos toda vez que via um jardim amplo com piscina ou quartos grandes para as crianças, mas a busca pela "vida perfeita" ao lado dele começou a me cansar.

Eu deveria ter me envolvido mais, admito. Todas as vezes que ele me perguntava se preferia a parede branca ou cinza, a resposta era sempre "a que você achar melhor". Não era a melhor resposta, mas todas as perguntas sobre decoração atrapalhavam meu processo criativo. Essa foi nossa primeira briga, sobre a droga da cor da parede do nosso quarto.

Quando finalmente nos mudamos, eu não me sentia em casa. Louis dizia que era porque eu não havia me acostumado, mas tinha alguma coisa naquela casa que não me deixava à vontade.

Os problemas começaram quando começamos a trabalhar em nossos álbuns. Precisei ficar algumas semanas na Jamaica para me concentrar e no começo foi difícil ficar longe dele. Com o tempo, as mensagens começaram a ficar mais curtas. As ligações eram fora de hora, por isso nos falávamos rapidinho. Eu estava no meio de um processo criativo e Louis começou a ficar impaciente. Nós começamos a brigar de novo. Ele dizia que eu não tinha tempo, eu realmente não tinha, mas ele não conseguia entender. Ele nunca consegue.

Tivemos uma discussão enorme quando voltei, durou a madrugada inteira. Ficamos duas semanas sem conversar quando Louis saiu de casa. Eu estava cansado das brigas, cansado de olhar aquela parede branca do nosso quarto, cansado de passar madrugadas compondo musicas ora tristes ora com raiva. Em um dia, Louis encheu a cara em uma boate e um amigo me mandou uma foto dele beijando outro cara. Luke.

Eu enlouqueci. Ele apareceu na minha porta na mesma madrugada e eu não conseguia olhá-lo. Ele me xingou e me pediu perdão, tudo na mesma frase; ele gritava enquanto eu fazia as malas e partia para o aeroporto.

Louis me mandou várias mensagens, exigindo que eu falasse para onde estava indo. Eu só consegui responder, antes de desligar o celular por tempo indeterminado: "Para o mais longe possível de você".

Embarquei direto para o Japão. Fiquei um mês por lá e quando finalmente liguei o celular, Niall me pediu para voltar. Eu não queria encarar minha realidade em Londres. Eu estava tão exausto das nossas brigas. Da nossa casa. Da nossa vida.

Mesmo assim, embarquei no próximo voo para Inglaterra. Quando cheguei em casa nos reconciliamos, digamos assim. Não nos tocamos desde então e já faz mais de seis meses. Então, ele teve a brilhante ideia de fazermos terapia de casal. Eu ri pensando que ele estava brincando, mas quando vi a seriedade em seu olhar percebi o quanto estávamos fodidos. Eu não conheci nenhum casal que durou muito tempo depois de colocar um terceiro para escolher um dos lados e ainda cobrar um absurdo pela sessão de terapia.

Encarei o copo vazio na minha mão. Eu queria fazer aquilo dar certo. Eu tinha que fazer. Eu ainda o amava.

Eu ainda o amava?

Pisquei os olhos para afastar aqueles pensamentos e deixei o copo na mesa de centro. Subi as escadas me arrastando, sentindo o peso do cansaço me tomar. Fui tirando a roupa e a deixando pelo caminho do quarto, ficando apenas com a minha boxer preta.

Louis estava do lado esquerdo da cama, como sempre. Meu lado estava arrumado, como sempre. Reparei que o abajur do meu lado ainda estava aceso e isso me fez pensar que ele me esperou para dormir.

Deitei lentamente para não acordá-lo e estiquei as pernas, tocando sem querer nos pés de Louis. Automaticamente puxei-as de volta e ele se mexeu na cama.

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