HISTÓRIA I - "O CAUSO DA FAZENDA RIACHO DOCE"

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Se eu soubesse que tudo isso iria acontecer, eu teria tomado mais leite fresquinho da Mimosa, a vaca que crio desde pequeno, teria comido o máximo que pudesse da bananeira que tenho no quintal, mais acima de tudo deveria ter escutado o padre. Bem e agora aqui estou eu, em uma descida até a morte.

Não sabem o que eu estou falando né? Bem, imaginem um poço com mais de 15 metros de altura e sem água dentro. Imaginou? Pois bem, agora imaginem um caipira qualquer caindo dentro dele, uma descida rápida em direção a morte. Pois é, esse sou eu nesse exato momento. O tempo está passando em extrema lentidão para mim. Meu pai, minha mãe, meus amigos, momentos qualquer na vida, tudo isso está passando em minha mente agora, como se fosse uma alucinação, é verdade o que falam, quando estamos prestes a morrer tudo o que fizemos na vida passa diante de nossos olhos. Como não tenho mais o que fazer só irei fechar meus olhos e deixar acontecer.

Esqueci que ainda não fomos apresentados, prazer meu nome é Roberto, e essa é a história de como um caipira qualquer... morreu.

19 Horas antes...

Fazenda Riacho Doce, o galo canta, são exatamente 5:00 horas da manhã, como sempre Roberto acorda lava o rosto, calça as botas e vai tirar o leite da Mimosa, a vaca de estimação dele.

- Roberto: Bom dia Mimosa, como você está hoje?

Muuuh! – (Responde a Mimosa)

- Roberto: Eu sei, essa noite fez muito frio. Agora deixe eu retirar esse leite, ainda tenho que ir à cidade daqui apouco.

Roberto se senta em um banquinho bem baixo, pra ver melhor as tetas da Mimosa, aperta e puxa uma por uma, e assim o leite sai direto para o balde. A fazenda Riacho Doce pertence a Roberto, ele herdou do seu pai, os pais dele morreram de velhice a alguns anos atrás, sendo filho único pode até parecer que ele se sente sozinho, mais que nada, ele tem uma vaca e um burro pra fazer companhia, tudo o que ele sabe pra cuidar da fazenda aprendeu com o pai e com a mãe.

- Roberto: Pronto Mimosa, hoje você fez um excelente trabalho, deu mais leite do que o esperado, vou guardar um pouco pra mim e o resto vou vender na cidade.

Ele engarrafa o leite, lava as mãos e pegar o burro para ir à cidade.

- Roberto: Bom dia pangaré (falou se referindo ao burro), vamos logo que hoje temos muito o que fazer. Estou levando umas bananas pra comer no caminho, essa bananeira no quintal foi a melhor ideia que eu tive.

Então ele monta no burro e sai em direção a cidade, chegando lá passa de frente a uma igreja e é abordado pelo padre Rafael.

- Pe. Rafael: Bom dia filho, faz tempo desde a ultima vez que eu te vi aqui por essas bandas.

- Roberto: É sim seu padre, ando meio ocupado com a fazenda, só venho aqui pela manha pra entregar o leite mais já volto.

- Pe. Rafael: Entendo, mais lembre-se que não podemos ficar muito tempo longe da palavra de Deus. Quando foi a ultima vez que se confessou?

- Roberto: Padre não mim leve a mal não, desde que meus pais morreram passei a não acreditar mais nesse tal Deus.

- Pe. Rafael: O meu filho não fale uma coisa dessas, não importa quantas coisas ruins acontecem, não devemos perder a fé.

- Roberto: Mais não foi só pelas mortes deles que não acredito, sou assim desde pequeno, nada pode mudar isso.

- Pe. Rafael: Compreendo meu filho, mais leve isto com você. (o padre retira do bolso um crucifixo e da a ele) Mesmo não acreditando isto vai te proteger.

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