Prologue

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Piper estacionou seu Cadillac Deville 1970 em frente a uma mansão

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Piper estacionou seu Cadillac Deville 1970 em frente a uma mansão. Jovens perambulavam pelo lado de fora e, decerto, muito mais circulavam pelo interior. A música eletrônica alta fez-me lembrar por que eu preferia estar no dormitório da faculdade. E não, eu não era mais uma jovenzinha estudiosa que não gostava de festas. Na verdade, minhas notas estavam na média com muito esforço, e eu adorava festas, especialmente se houvesse muita bebida. Eu só não estava no clima. Nunca ficava depois de brigar com meu pai.

— Piper, quero voltar para o dormitório — reclamei antes que ela saísse do carro, numa esperança de que ela ligasse seu clássico e dirigisse de volta para a faculdade.

Mas Piper Harper nunca agia como o esperado.

— Acabamos de chegar, não vamos voltar agora nem fodendo. — Revirou seus olhos cor de mel.

— Piper, por favor. — Fiz a minha melhor cara de cachorrinho sem dono.

— Sabe que essas merdas não funcionam comigo, não é? Se quer me fazer mudar de ideia, me dê comida — ironizou antes de pular para fora do veículo.

Continuei no lugar e apoiei minha cabeça no painel.

Se eu entrasse naquela festa, iria querer beber até esquecer meu nome, para esquecer, junto, a briga que tive com o senhor Christian Queiroz, também conhecido como meu pai. E não era dia para tal coisa, no dia seguinte ainda teria aula na faculdade, e se eu continuasse indo mal como estava, meu pai ficaria mais rígido do que já era.

Bem, a verdade era que eu não estava indo mal. Minhas notas estavam na média. O problema era que não era o suficiente para meu pai, que achava que eu tinha que ter as melhores notas da classe, como ocorrera quando fora com ele.

Meu pai queria me fazer a imagem de si, jogava todas suas expectativas em cima de mim e ficava furioso quando não as correspondia. Dizia que se eu fosse o filho homem que sempre quis, eu não daria tanto desgosto. Depois de anos ouvindo isso, eu não deveria me importar mais, porém ainda doía.

Tentava fazer o possível para ser o orgulho dele, estava cursando administração só por isso. Mas nada que eu fazia era bom o bastante para o Sr. Queiroz.

— Eduarda, sai logo daí — Piper ordenou, depois que abriu o lado do passageiro.

— Eu não sei por que deixei você me convencer que seria bom vir nessa festa — resmunguei em resposta.

— Simples, você veio para se afogar nas bebidas e esquecer a discussão com seu pai, não foi por mim.

— Hoje ainda é quarta-feira! — falei mais para mim mesma.

— Como se isso te impedisse de beber — zombou.

É, ela tinha razão! Outra coisa que decepcionava o Sr. Queiroz. Ele dizia que herdei isso do sangue ruim e alcoólatra da minha mãe.

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