Capítulo XXIII

Começar do início
                                    

   – Você é a maldita menina.

   Katherine ri alto o suficiente, dando para a ouvir nas partes mais altas das torres do palácio.

   – Não sou filha de uma grande Casa. Sou a rainha, por causa de minha inteligência. – Alston nota a angústia na voz da mulher. – Mas, reconheço que não pertenço a esse lugar. Sei muito bem que nasci entre piolhos e ratos.

   – Me diga, quem ousaria dizer que a senhora não é a princesa Perdida?

   Alston possuí toda a razão. Ninguém irá contra os lordes de Marxavon. E com uma mentira bem contada, o sangue dela será de uma grande Casa.

   – Eu. Uma Ruíz? – Ela sorri, debochada. – Filha da Coruja, princesa das terras conquistas? – Ela se imagina nessa realidade por alguns instantes. – O que eu ganharei com isso? A herdeira é a maldita, que os deuses a queimem.

   – Uma segurança – responde – E além disso, será muito mais fácil se vingar.

   – Uma segurança contra o quê? Sou a rainha de um grande reino.

   – O trono de Baktavon pertence aos Gold, sempre pertenceu. E com todo o respeito, Vossa Majestade não é uma Gold.

   Katherine ri da inocência do homem.

   – O último Gold já se foi. Agora, o trono é dos Cooper.

   A vez de Alston rir chega.

   – Dos Cooper? Quem raios é Cooper? Esse nome não possui poder. Nem se quer um brasão.

   – Não caçoe da Casa de meu pai – ameaça.

   – Seja como for, seu marido deixou um bastardo. Quem assegura que ele não queira ascender ao trono?

   – O que um bastardo pode querer entre fidalgos? Conheço a moça sua mãe, é uma tola, jamais deixará o rapaz requerer a coroa.

   – Deve saber que a moça possui um irmão. O mesmo herdará o trono ao lado de sua esposa, a princesa Margaret. A sua querida maldita é tia do bastardo.

   – Agora, compreendo suas palavras.

   Ele tem razão. Katty não está segura em seu trono. Fazer parte de uma grande família, a assegurará de uma vida de luxo e nobreza. Mesmo, que o menino ascenda ao trono. Ela estará entre os fidalgos. E com uma devida dose de veneno, o que a impedirá de ascender ao trono do reino vizinho.

   – O que devo fazer? – pergunta.

   – Apenas dizer as palavras que te ensinar e claro, pagar uma dívida de seu... Novo pai.

   Por estar entre os nobres, fazendo parte do Grande Conselho de Marxavon, Lebrak conhece melhor do que ninguém as fraquezas de seu reino, e assim, também as do rei. Como Margaret não se uniu a Thommas, a dívida com Ramona se mantém em pé, agora, cobrada em barras de ouro.

   – De quanto é a dívida? – Ela não gosta dessa parte.

   – Não é alta para abalar suas riquezas. Porém, garantirá paz e mais fortuna para a senhora.

   – Espero que esteja certo ou eu mesma cortarei sua cabeça e darei aos cães.

***

   – Aqui está, senhor. – A mulher lhe serve uma xícara de chá e alguns bolinhos de limão.

   – Não entendo o que ainda faz aqui. – Ele morde e degusta de um dos bolinhos. – Minha filha não ordenou que retornasse a casa dela?

A Skaravela.Onde histórias criam vida. Descubra agora