- Siga-me então.
Ele dá as costas para a garota e segue pelo corredor que dá acesso aos três quartos e a um banheiro que nenhum dos três homens que ficam no apartamento usam.
Gelda olha para os dois quartos que já haviam passado e que estavam com as portas abertas. O primeiro estava um caos total, roupas atiradas pela cama de casal sob a janela e o guarda roupa estava aberto. O segundo quarto, em compensação, estava organizando e a cama de casal no meio do quarto estava arrumada, os móveis de mogno negro dão o ar sofisticado ao cômodo.
- Aqui - Zeldris empurra a porta branca em frente ao quarto que ela observava.
O quarto dele, diferente do que pensava que encontraria, é organizado. Na cabeceira da cama box de casal, uma pequena pilha de livros estava junto do notebook do mesmo, na frente da cama um guarda-roupa grande com portas espelhadas refletia a bagunça dos cobertores azuis e do lençol amassado. A porta aberta no lado esquerdo revela o banheiro de tamanho médio.
Zeldris afasta a porta do guarda roupa e tira de lá uma calça de moletom idêntica a que usava e uma blusa canguru vermelha.
- Pode usar o meu banheiro - ele comenta ao entregar as roupas na mão da garota.
- Obrigada.
Depois de deixar as roupas sobre a bancada da pia, Gelda fecha a porta atrás de si e solta o ar lentamente, ainda conseguia sentir os músculos tremendo só não sabia distingir se era por medo de ver Zeldris batendo em Galand ou porque estava constrangida demais pelo que tinha acabado de acontecer. Cuidadosamente ela desabotoa a camiseta do uniforme e abaixa o zíper da saia, o sutiã e calcinha Gelda separa de lado e segue para o chuveiro.
Enrolada na toalha branca fofinha que estava pendurada na parede ao lado do box, Gelda sai da banheira e se senta na tampa da privada para enxugar seus pés e evitar o risco de acabar escorregando e se machucar.
As duas batidas na porta assustam-na ea garota põe a mão sobre o peito.
- Oi?
- Pode me entregar seu uniforme para que eu coloque na máquina? - A voz de Zeldris soa abafada pela porta que os separa.
- O quê?
- Me dê as roupas sujas, Gelda.
- Só um minuto.
Com cuidado ela abre a porta o suficiente para que sua mão passe e entrega para o rapaz, sua camisa e saia. Os passos descalços dele se afastam e Gelda fecha a porta novamente, depois de se enxugar ela veste a calça e o moletom que apesar de baixa estatura de Zeldris, lhe serviu perfeitamente.
Agora ela cheirava a ele.
Com as mãos no bolso da blusa, Gelda saí do quarto do moreno e caminha até a sala ainda com os cabelos úmidos do banho. Sentada no sofá ela encara suas mãos que já estava coagulado sangue nos arranhões, Zeldris entra no cômodo carregando uma lata de refrigerante e um pires com um pedaço de torta de chocolate.
- Coma.
- Obrigada.
Gelda coloca sobre as pernas o pires com o doce e agradece novamente quando o moreno abre a lata de refrigerante para ela. Ela se sente acuada quando Zeldris puxa a mesinha de centro e se senta sobre o móvel, ele tira do bolso da calça um vidrinho de antisséptico.
- Por que está cuidando dos meus machucados sendo que sua mão está pior que só esses arranhões?
- Porque isso pode inflamar e vai ser pior - dando de ombros ele termina de passar o antisséptico nas mãos da garota e estende a mão puxando a barra da calça.
A raiva arde nas veias do rapaz ao ver que as pernas pálidas de Gelda agora tinham contusões que lentamente ficavam roxos e os arranhões ainda brotavam sangue.
- Aí! - Chiando de dor ela puxa as pernas e abana os machucados que ardiam pelo remédio aplicado.
- Aquele rapaz, ele sempre faz aquilo?
- Galand? - Zeldris afirma e observa a garota engolir o pedaço da torta que ela estava mastigando - Ele não era cruel antes, eu já fui sua amiga quando era criança.
- E quando ele mudou assim?
- Não lembro bem - Gelda dá de ombros - acho que quando eu tinha uns nove anos e ele ele tentou me dar um selinho, logicamente eu briguei e bati nele. Depois disso Galand parou de falar comigo e passou praticar bullying me chamando de vampira.
- Esses machucados, você caiu ou ele te empurrou?
- Eu... - Gelda olha para seus pés descalços sentindo o olhar intenso do moreno sobre si - caí porque ele me empurrou.
- Eu deveria ter batido com mais força naquele idiota - Zeldris range os dentes sentindo-se irritadiço.
Depois de comer o último pedaço da torta, Gelda deixa o pires de lado e coloca a mão sobre a do garoto. O que automaticamente faz que sua atenção se volte a ela.
- Obrigada por me defender, Zeldris.
- Eu faria isso por qualquer garota, porque fui criado sabendo respeitar uma garota e não a agir como um imbecil como aquele Galand.
- Acho que ele vai me deixar em paz agora.
- Se não deixar, estou pronto para dar uma surra nele de novo.
- Falando nisso, acho que você irá ganhar uma suspensão do diretor.
Zeldris concorda e abaixa o olhar para sua mão machucada, que Gelda estava fazendo carinho com a ponta dos dedos aonde estava cortado e com uma marca preto azulada do torso, perto do nó dos dedos. Aquilo realmente estava doendo.
- Você luta?
- Faço kickboxing desde meus doze anos.
- Oh.
Sem saber mais o que falar ela olha por cima do ombro.
- Eu preciso ir embora, não vai ser legal se seus pais chegarem e me ver aqui, usando suas roupas.
Zeldris sorri de lado pela preocupação ingênua da outra.
- Sou órfão de pai e mãe, Gelda. O máximo que você pode encontrar aqui são meus irmãos mais velhos.
Ela pisca surpresa e parece alarmada.
- Eles já vão chegar?
- Não, Estarossa está em Liones e Meliodas na empresa dele.
Aliviada ela concorda e toma mais um gole do refrigerante sem desviar o olhar de Zeldris que organiza a sala desorganizada.
- Acho que seu uniforme já deve estar limpo, coloquei no processo rápido da máquina.
O rapaz se inclina para pegar o pires de cima do sofá e se surpreende quando Gelda segura em seu pulso e o puxa para se sentar.
- O que está fazendo? - confuso ele questiona quando a mesma põe a lata gelada sobre o torso de sua mão.
- Isso vai inchar se não por gelo.
- Eu vou por...
- Zeldris, por favor - segurando com mais força no pulso dele para que o mesmo não se afaste, Gelda o olha nos olhos - você saiu numa briga pra me defender, me deixe apenas por gelo na sua mão, certo?