Chapter 02

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Continue sonhando
Não pare de respirar, enfrente esses demônios
Venda sua alma, não você por completa
|The Neighbourhood - Afraid|

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Encarei a sede da SteIron e me senti uma coisa minúscula diante do prédio de aço cheio de janelas espelhadas. Meu coração batia em agonia enquanto eu encarava a fachada imponente. Não queria entrar, aquele lugar me trazia lembranças nada boas, assim como o dono; mas sabia que se eu não o fizesse, ele iria até minha casa e de nada adiantaria ter fugido antes.

Soltei um suspiro antes de entrar no lugar. Fiquei repetindo na minha mente: você não é mais uma adolescente... Você não é mais uma adolescente...

Meus saltos brancos produziam um barulho oco sobre o piso de porcelanato da mesma cor. Caminhei até a recepção de queixo erguido e com um ar confiante que eu não sentia de verdade por dentro. Minhas mãos estavam suando, meu coração batia descompassado de forma dolorosa, e meus músculos estavam tensos.

O hall do lugar era tão claro que doía as vistas, apenas o balcão da recepção quebrava a decoração clean, pois era de madeira escura. Já a recepcionista parecia fazer parte da decoração de tão pálida que era. Todavia, era uma mulher bonita, parecia um anjo; os olhos claros e o cabelo loiro só ajudavam na referência.

Retornei à realidade quando a recepcionista pigarreou para mim, só então notei que estava encarando-a muda, decerto parecendo uma maníaca aos olhos dela.

Pisquei umas três vezes seguidamente antes de pigarrear também e dizer:

— Vim ver o meu pai.

Meu estômago embrulhou.

— Sim, ele está aguardando a senhorita. Deseja que alguém a acompanhe?

Engoli o nó na minha garganta e, em seguida, neguei com a cabeça.

— Não, obrigada. Eu conheço o caminho.

Ela assentiu, e eu aproveitei para me afastar e ir em direção aos elevadores.

Ao entrar num dos cubículos, fui logo bombardeada pela minha própria imagem já que o elevador espelhado estava vazio. A mulher que me encarava de volta, dentro da blusa social branca, saia vermelha, uma bolsa preta pendurada no ombro esquerdo e o cabelo curto e ondulado emoldurando o rosto sem vestígios de maquiagem; parecia confiante como uma mulher de vinte e sete deveria ser. Mas seus olhos não escondiam seu temor por não entender por que o pai havia exigido sua presença na empresa quando ele nem fazia questão de que ela pisasse ali.

No fim, meus olhos não escondiam que, por dentro, a adolescente submissa que eu fui ainda existia, e estava acuada e receosa.

Eu sentia que não ia gostar do que ele disse ser importante e que precisava me deixar ciente. Embora teorias e mais teorias se passassem em minha mente, sabia também que não eram nada perto do que iria acontecer. Seu tom de voz ao falar comigo no celular deixou meu coração pesado. Era o tom que ele usava para deixar evidente que tomara uma decisão e que nada eu poderia fazer para voltar atrás.

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