Salvadora

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Sons de maquinário pesado eram ouvidos, estavam um pouco afastados, pareciam até mesmo abafados, seus olhos se abriram de repente, sua cabine estava começando a sofrer da falta de ar e assim a acordando repentinamente, era uma capsula um tanto avançada, ela nunca havia visto algo como isso, sua confusão durou segundos o que se tornou em um rápido desespero, sua garganta estava fechando impedindo o ar de entrar ou de sair, na verdade, não tinha mais ar ali, piscou fortemente temendo ser apenas mais um dos seus pesadelos de criança a atormentando mais uma vez, mas ao abrir os olhos não conseguia se ver saindo dali tão facilmente, ela se debate furiosamente em seu medo repentino de morrer, demorou segundos mas para ela foram longos minutos sentindo seu peito quase pular para fora por causa de seu coração acelerado, os pulmões estavam quase sofrendo da falta de ar reserva até que um estalo desperta os sentidos da mulher, a capsula aos poucos estava se destravando e brechas eram expostas deixando o pouco do ar da sala circular por seu pequeno casulo de metal. Seus olhos então se fecham mais uma vez, com pequenos respiros ela consegue lentamente se encolher e encolher até que seus joelhos estivessem em seu abdômen e seus pés sobre o vidro que dava visão para dentro e fora da capsula, e então com toda sua força ainda dormente ela força suas pernas a se esticarem, de pouco em pouco o vidro estava se deslocando das placas de metal dos lados da capsula, abrindo ainda mais brechas e aumentando as já expostas dando ainda mais aberturas de ar para ela, num longo suspiro ela deixa que seus músculos relaxassem, seu sono parecia ter sido de eras e isso já estava a cansando rapidamente ela volta a si e com toda a força posta em suas pernas ela faz com que a porta da capsula se arrebentasse e fosse lançada a uns bons dois metros do mesmo, ela quase cai no processo mas seus reflexos a ajudam a se recompor e não de cara na laje, estava agachada, respirando de forma excessiva, ficar tantos segundos sem respirar era de fato uma experiência desagradável para qualquer um que esteja acostumado com a respiração normal do dia-a-dia, ela estava com o olhar vidrado ao chão que repentinamente começava a ser pintado com pingos vermelhos, quando se ligou a dor enfim começava, um estilhaço da porta havia passado muito perto de seu olho esquerdo e cortou bem próximo do dele, deixando uma cicatriz começando próxima no nariz, atravessando seu olho e sobrancelha até a testa, rasgou imediatamente uma parte de sua roupa, era pano branco então facilmente começou a se manchar, não havia nenhum lugar no quarto para pegar água e lavar aquilo então ela fez sessões de passada em cada parte do pano rasgado, se ergueu em seguida e olhou em volta confusa e desconfiada, era uma sala muito simples para ter esse tipo de tecnologia, ela vivia mais nas áreas urbanas da cidade natal então nunca viu algo que fosse tão extravagante quanto isso, olhou em volta de sua capsula e notou cabos cortados e enferrujados, o que significava que estavam ali sem ser trocados por muito tempo e isso impedia o fluxo de algo, ela sempre viu em filmes de ficção cientifica esse tipo de coisa, como se fosse uma ''capsula criogênica'', mas isso seria bobeira, ela dizia em sua cabeça, mas aos poucos ela começou a assimilar e temer pelo que pode estar acontecendo, os cabos cortados mostrava que ela não havia sido acordada antes e provavelmente nunca iria se não fosse por isso, ela mal conseguia se lembrar das ultimas coisas que ela fez antes de entrar nesse lugar estranho, mas havia algo bom nisso, dos cabos respigava uma corrente consistente de água então começou a rasgar mais partes e encharcar-las começando aos poucos a lavar o corte e por fim o sangramento havia parado, deixando ela aliviada finalmente, ela dá mais uma olhada e então se dirige a uma porta que estava próxima da capsula, abrindo ela conseguiu sentir uma brisa um tanto densa a acertar, era um tipo de ar rarefeito de efeito instantâneo, seus pulmões mais uma vez passavam por uma dificuldade, agora com tanto ar mas com muito esforço para o puxar para dentro, era um grande corredor atrás dessa porta dos desejos, as luzes no teto brilhavam um vermelho intenso, o que demonstrava algum problema de cara, ela suspira um pouco em preocupação e em passos lentos e grandes ela começa aos poucos a reviver o tato de seu corpo, ela estava pelo menos aliviada de poder se mover de novo, isso ela conseguia ver de bom nessa situação, desde o começo até o fim do corredor estava com os olhos pregados em uma porta laranja no canto mais distante de sua visão, sua mão tocou na maçaneta completamente gélida e intocada. Pensou consigo mesma que não devia temer nada ali, tudo até então estava tranquilo tirando sua fuga da capsula que a convidou para um súbito momento de desespero, balançou a cabeça em negatividade e adentrou o lugar, era tão limpo quanto o outro, na verdade parecia até mais conservado, havia apenas uma grande tela presa a parede e um teclado em um grande pedestal, ela olhou aquilo com curiosidade, não tinha sinais de vida por aqui e essa era a unica coisa que dava para ''interagir'', se aproximou rapidamente observando cada canto do quarto a procura de qualquer coisa que fosse anormal, sem contar os quartos que já eram por si só anormais, mas nada parecia ser uma ameaça, sua postura era retraída e punhos lacrados, como se fosse um animal cercado que poderia atacar em desespero por qualquer coisa, ao ficar próxima do teclado sua curiosidade a sobrepôs e por pura aleatoriedade apertou a tecla enter, como geralmente várias coisas se acionam com essa tecla, sua dedução foi quase nula, a tela então piscava algumas vezes demonstrando alguma falha interna e comprovando o ponto dela, demorou cerca de um minuto até que a tela se normalizasse por completo, mostrando diversas informações, ela mal conseguia ler de tanta coisa que passava num ritmo rápido, ela podia apenas pegar pequenas porções mas nada que se juntasse, antes que ela tentasse mais assimilações a tela enfim para a transmissão de mensagens e noticias parando em uma imagem estática de... Elena, ela observa seu nome em certo estado de oblívio, ela não havia parado para pensar sobre, mas ela não só não lembrava das ultimas coisas antes de dormir mas não lembrava de quase nada, seus instintos que estavam guiando ela desde então, ela põe a mão sobre a boca e se encara na foto, seus olhos eram completamente vazios, era o que sua inexpressividade demonstrava, passaram-se alguns minutos enquanto ela lia tudo que tinha ali sobre si, sua idade era de vinte e cinco e anos, ela era órfão, ainda virgem, não tinha propriedades em seu nome, pelo que ela leu, não tinha nem mesmo sua certidão de nascimento em qualquer banco de dados, ela era quase como um fantasma que tinha um nome, suspirou com certo desprezo, braços esticados sobre o pedestal enquanto sua cabeça se abaixava, a ardência do olho acabou voltando pela pressão do sangue e a raiva transgressora crescente em seu coração, seu punho direito se fecha e então golpeia o teclado o arrebentando ao meio, ele era fino e delicado, parecia até feito de papel para dizer a verdade, teclas voaram para todos os lados se espalhando pelo chão gelado, havia uma segunda porta, no lado oposto de onde a outra se encontrava, ao entrar na visão dela rapidamente a mesma se mobilizou a ir abri-la. Um som de máquinas mais uma vez aparecia bem distante abafado, agora mais destacado, como se engrenagens se movessem em ritmo, ela os notou num instante e parou, se afastou da porta e olhei em volta, para o teto e então para a tela que piscava mais uma vez, agora não demorou menos de cinco segundos até que uma pessoa se materializasse, era um homem, ele parecia preocupado e com pressa, era branco e tinha um cabelo mediano e raspado dos lados, parecia um homem sério, ela voltava para o mesmo lugar de antes e muito atenta o observara.

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