7 - Adidas Shorts

Começar do início
                                    

Eu o olhava descaradamente e ele não faria nada para me impedir. O suor escorria por seu rosto arredondado e caia no gramado entre suas pernas, seu peito continuava ofegante, mas ele parecia estar acostumado com a queimação do exercício. Era isso que lhe custava por ser parte do time de futebol da escola, porém Yoongi parecia gostar de deixar o corpo em dia, e que corpo. Suas maçãs da bochecha completamente vermelhas, mas por um motivo muito menos humilhante que o meu. Como deveria ser bom ser Min Yoongi. Só eu que fiquei com calor aqui ou...

– O que você tá fazendo aqui sozinho? – Perguntou, sua voz vinda do nada e me arrastando de meus pensamentos que começavam a tomar outro rumo.

– Pensando. – Respondi entre um suspiro. Aquelas clavículas seriam o motivo da minha morte, eu já conseguia sentir o ataque cardíaco surgindo. – Eu gosto de ficar aqui às vezes, é bom pra abrir a mente. – Me deitei de costas novamente, apoiando a cabeça sobre minhas mãos. – Quando não tenho muito o que fazer eu venho aqui, deito no meio do gramado e só fico pensando.

– Posso saber no que?

– Você iria ficar tão confuso quanto eu. – Rimos. – São as coisas mais aleatórias possíveis.

– Eu gosto de coisas aleatórias. Elas são divertidas.

– Verdade. – Me virei para ele. – Mas e você, o que tava fazendo aqui? Você parece que caiu numa poça.

– Correndo um pouco, mantendo o corpo ativo. – Ativo, hum? Bom saber.

Aquela era a primeira vez em que eu conversava com Yoongi sem que a vontade de me jogar da ponte me atingisse, eu não estava gaguejando, meu corpo não ficava dando aqueles chiliques de ficar corando a cada palavra, meu coração estava calmo, mas acho que era uma forma que meu corpo achou de não morrer aos dezesseis anos na frente do cara por quem sou apaixonado e faz meu pipi ficar durinho. Já era humilhante o suficiente ficar como um pimentão na frente dele e travar, imagina se eu travasse por ter morrido. Um enorme boner killer.

Tudo que passava na minha mente agora eram as piadinhas de Moonbyul e Jungkook, mas tudo que corria por meus olhos era o peitoral de Yoongi subindo e descendo como se ele tivesse parado de correr exatamente agora. Que imagem maravilhosa para uma sexta à tarde, não é mesmo?

Ficamos calados por alguns minutos, não era um silêncio ruim ou constrangedor, mas é que eu só queria conversar mais com ele, prolongar aquele momento o quanto mais eu pudesse.

– Então, você tem assistido mais alguma série esses dias? – Ele puxou assunto. Obrigado meu senhor! Mais um pouco e eu começava uma reza para agradecer ao ser todo poderoso (qualquer um) por ter nos tirado daquela quietude maldita.

– Você já ouviu falar de Penny Dreadful? – Perguntei simples e o vi negar com a cabeça. – Ah, eu comecei a assistir ela já tem um tempo, tô na metade da segunda temporada, e é simplesmente maravilhosa. – Comentei e ele parecia interessado.

– Mas o que tem de tão bom assim nela?

– Se você gosta de umas coisas que envolvem umas coisas meio macabras e tal, você vai adorar. É uma releitura de vários contos de terror clássicos, tipo Dr. Frankestein e Dorian Grey. É insano, cara. – Falei animado, eu adorava aquela série e fazer dela mais algo do que eu teria em comum com Yoongi ia ser maravilhoso.

– Eu adoro esse tipo de série. Mas tipo, eu não curto muito assistir sozinho, sabe? – Assenti. – Eu fiz Wheein assistir comigo Freak Show inteira, por causa dos fantasmas, e bem, do palhaço. – Rimos. – A gente poderia assistir junto? – Eu ouvi direito? Alguém me bate, acho que não tô bem. Acho que eu morri mesmo. Fodeu. Como será que mamãe deve ter ficado com a notícia?

– É-é claro, cara. Só combinar que a gente assiste junto, de boa. – Eu tentei soar o mais normal possível. Consegui? Espero que sim, pois eu não ouvi nada do que falei, nos últimos segundos.

– Ótimo, então eu vou colocar na minha lista de séries pra assistir e a gente vai se falando, certo? – Eu apenas assenti, estava catatônico demais para qualquer outra função. – Ah, só um minutinho. – Seu celular começou a tocar e ele o atendeu depois de ver quem chamava na tela. – Oi omma... Certo, já chego aí... Não, eu tava correndo, já chego... Beijo, te amo também. – Ele revirou os olhos rindo com algo que ouviu ao telefone. – Tá certo, dona Iseul, eu já to indo. Tchau. – E desligou.

– Você já tem que ir?

– É... – Ele parecia decepcionado. – Eu queria mesmo ficar aqui e conversar mais sobre séries e tudo mais, mas tão precisando de mim em casa, coisa de família. Sabe como é. – Sim, até demais. – Então eu vou lá. – Levantou e pegou sua garrafa, se preparando para voltar a correr. – A gente se vê qualquer dia desses, ou na escola. Falou. – Me mandou uma daquelas malditas piscadelas que eu já conhecia tão bem, mas que me afetavam como se fosse a primeira vez. Eu tenho certeza de que ele sabe que eu o quero e fica fazendo essas coisas só para me tentar ao pecado.

Me joguei novamente no gramado, completamente aberto. Minhas pernas jogadas para os lados, assim como meus braços, eu parecia uma estrela do mar gigante jogada no meio de um parque.

Min Yoongi vai ser o motivo de minha morte, assim como suas clavículas maravilhosas e sorriso gengival meigo. Eu acho que não poderia morrer de modo melhor que não por seus encantos. Oh, eu tô tão fodido nessa vida que não conseguia conter minhas emoções presas, então simplesmente comecei a rir sozinho como se tivesse acabado de ouvir a piada mais engraçada do mundo, mas de certo modo havia um piada, e ela era eu e minha vida fodidamente cômica, para não dizer trágica.

Eu tô fodido.

Até a próxima att💜

i got a girl crush - [taegi]Onde histórias criam vida. Descubra agora