Hall

35: Minha Vida, Meu Futuro, E Meu Coração.

Eles bateram as taças, eu entreguei o microfone para o cara da banda novamente e saí. Ficou um pouco mais simples do que o que eu tinha planejado, mas ainda assim eu fui bem. Eu estava voltando para minha mesa quando me deparei com uma dupla inesperada coversando: Gabriel e minha avó.

Eu me aproximei dos dois.

- Ei - cumprimentei colocando meu braço ao redor de sua cintura. - O que andam conversando?

- Você fez um belo discurso, minha querida. - falou minha avó - Sua irmã deve ter ficado contente.

- Obrigada! - falei - E nem era meu discurso original, Charlie perdeu o papel.

- Então aquele é seu amigo que estava em coma? - ela apontou para Charlie que conversava com Naomi e Aaron.

- Sim.

- Certo, eu vou lá falar com ele.

- O que? - sorri.

Ela não me respondeu mais e saiu andando. Eu continuei rindo.

- O que falavam? - perguntei.

- Nada demais. - ele me puxou para si. - Você fez um ótimo discurso. - ele me beijou.

- Pensei que desistiria de vir hoje, que iria chegar cansado.

- E perder a oportunidade de te ver linda desse jeito?

Eu estava com o cabelo solto e um vestido rosa nude longo com mangas compridas, e aquilo era proposital, afinal, ninguém era obrigado a ter que ficar vendos minhas cicatrizes em um momento de felicidade como aquele.

- Mas e aí? - ele sorriu para mim. - Algum dos quartos dessa casa está livre?

Eu sorri.

- Podemos descobrir.

Eu segurei sua mão e nós saímos. Subimos para o andar dos quartos, e eu abri a primeira porta do quarto de hóspedes, mas eu parei por aí, já que assim que abri, vi Lucas beijando outro garoto. Eles tomaram um susto e olharam para nós.

- Lucinda... - Lucas começou.

- Foi mal - eu disse e fechei a porta novamente.

- Então seu irmão é gay? - Gabriel comentou casualmente.

Eu fiz sinal para que ele fizesse silêncio e o empurrei para descermos as escadas. Eu já sabia há um tempo que meu irmão era gay, mas ele nunca contou a nossa família, e sabendo que deveria ter um motivo para não contar, resolvi não cutucar aquilo antes que ele estivesse pronto.

Eu já estava saindo da casa quando ouvi Lucas me chamar do início das escadas.

- Lucy.

Eu parei de andar.

- Vai, eu encontro você depois. - falei para Gabriel.

Ele passou pela porta e eu voltei para a sala, onde Lucas já terminava de descer as escadas.

Ele andou até a minha frente e disse:

- Eu sou gay.

- Eu sei.

- Sabe?

- Sei, já tem um tempo, na verdade. - sorri.

- E por que não disse nada? - perguntou.

- Bem, eu acho que você não quer que nossa família saiba. E não entendi porquê, eu não acho que eles vão...

- Eu sei que não. É complicado.