CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

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— Lembra do caminho que Gustavo e Chloe fizeram para encontrar o elevador que nos leva ao Guto? — indagou ele.

Ela franziu o cenho. Mau sinal.

— Mais ou menos — respondeu. — Por quê? Chloe vai nos ditar o caminho.

Ele balançou a cabeça, negando.

— Acho que ela tá ocupada demais pra isso agora. Você tem que ver a bagunça que eles estão fazendo no térreo... Tá uma loucura lá embaixo. E não podemos esperar mais. Temos que ser rápidos — ele explicou. — Vamos seguir o caminho que você sabe e torcer pra ele nos levar na direção certa.

A garota deixou um buraco pequeno aberto entre seus lábios. Suas feições mostraram hesitação.

— Eu... eu não...

— Kaya, precisa confiar em si mesma agora - ele incentivou, colocando as mãos sobre os ombros dela. - Consegue nos levar até seu irmão?

Ela ficou paralisada. Dava para ver, em seus olhos, o esforço sendo feito para lembrar. Leyr queria poder ajudar, mas não prestou atenção nessas minúcias do plano - como de costume, aliás. Sempre se focava em sua parte, sempre matinha contato com Chloe, sempre falava com Hug. Mas, daquela vez, tudo era diferente. Eles estavam por conta própria.

— Tudo bem — ela disse. — Eu consigo.

E, de repente, alarmes começaram a soar, relatando a presença de invasores no edifício.

***

Hock atravessou as portas de vidro da entrada junto com todos os outros soldados. Eles não conseguiram entrar na garagem, estavam sem acesso àquele portão. Uma confusão se instaurara no local, como se a manifestação tivesse se transportado até ali. Contudo, os manifestantes ainda não se mostravam. Escondiam-se nas nuvens espessas e vermelhas. Podiam estar em qualquer lugar.

Podiam nem mesmo estar naquele andar. Com esse pensamento, o líder comandou suas tropas. Os soldados precisavam procurar em todos os lugares, não só ali. Caçariam Leyrdalag sem descanso.

E ele tinha um objetivo principal, um único intuito imposto por sua própria mente: proteger Guto dos invasores.

Por isso, enfrentou a cegueira e foi direto a um dos elevadores.

***

Kaya guiava seu parceiro conforme avançavam pelos corredores. Esforçava-se o máximo para conseguir se lembrar da voz de Chloe falando sobre os caminhos, as alas que passariam, os pátios que atravessariam. Até o momento, estava tudo bem. Pareciam estar indo na direção certa, além de ainda não terem se encontrado com nenhum Sem-Cara.

Ela sussurrava para si mesma as direções: "esquerda, esquerda, pátio, ala D, direita". Leyr a seguia com a arma do governo erguida. O alarme ecoava, fazendo os ouvidos da adolescente doerem. Afetava seu desempenho com a audição; como saberia se tinha soldados se aproximando?

E logo o problema chegou: ao virarem em um corredor, se depararam com dois soldados vindo do final dele. O coração da garota deu um salto de surpresa. Seu corpo congelou. No entanto, o rapaz foi rápido. Agarrou a mão dela e a trouxe de volta para o corredor anterior, tirando-a da mira dos homens. Balas passaram bem ela estava posicionada.

O garoto virou a cabeça dela para ele enquanto tiros atingiam a parede que os protegia. Em sua mão, oferecia uma pistola à adolescente. O primeiro gesto de Kaya foi automático: virar a cabeça para os lados, negando. Matara alguém há tão pouco tempo... não podia... não.... Porém, Leyr insistiu.

O Lado de ForaWhere stories live. Discover now