Me levantei e ele me agarrou pela cintura, largando Coral no sofá.
- Alissa, eu queria passar o resto da tarde com você.
- Eu também, Bê.
- Não me chame assim, por favor, eu gosto de como você me chama de Bernardo.
Meu sorriso ficou maior e ele me beijou, tão forte, tão profundamente que eu não conseguia sair de seus braços. Minhas mãos subiram por seus braços, tocando com carinho aquele cara que estava se tornando tão vital para a minha vida.
Sua mão agarrou minha cintura mais forte, e nos jogamos sobre o sofá.
- Trabalhar... – me afastei, suspirando pesadamente – Pre... ciso.
- Te levo de carro, fica mais um pouco – disse, tampando os olhos, como se precisasse se recuperar.
- Não, eu preciso mesmo ir – falei mais calma, meu corpo já estava esfriando – E vou de ônibus...
- Por quê? Eu posso te levar! – falou desenganado.
Balancei a cabeça em negação, não era certo, ele tinha coisas para fazer. Tinha certeza disso. Bernardo não podia viver em função do que acontecia na minha vida, já tinha faltado ao trabalho para ficar comigo na terça, e agora precisava voltar aos seus serviços.
- Eu vou ficar bem, e é isso.
Ajeitei minha blusa, Coral tinha nos deixado enquanto nos beijávamos e agora só tinha sobrado nós dois na sala. Quando olhei para cima, Bernardo sorria para mim, um sorriso doce.
- Dorme aqui hoje...
- Não posso, tenho algumas coisas pra fazer amanhã e você tem que trabalhar, ou seu pai vai fazer como aqueles magnatas de filmes e livros, e me chantagear para terminar tudo com você... E então nos reencontraremos daqui uns anos e eu vou estar com gêmeos e você vai descobrir que são seus, e acabaríamos numa confusão.
Bernardo me encarava sem dizer nada, e eu sorri.
- Sua mente é muito fértil.
✽
Abri a porta do Café, tinha vindo sozinha, assim que cheguei em casa, Maite já tinha saído sem deixar nem mesmo um recado. Isso tudo estava virando uma bola de neve. Sabia que ela estava magoada com o que eu tinha feito por suas costas, mesmo assim aquilo começava a me enfurecer.
Queria ter evitado tudo isso, mas ainda faria, era bom ter um lugar para morar sem se preocupar com aluguel, Laura uma vez me disse que o aluguel dorme e acorda com a gente. E depois de anos vivendo sobre as regras e imposições de Patrícia, eu tinha direito sobre alguma coisa. Uma casa não era o fim do mundo, e foi o fim, aquele último encontro foi o fim. Não me encontraria novamente com meus pais.
Acabou.
Maite passava a vassoura no chão, e Gustavo estava sentado enquanto encarava minha amiga. Os dois conversavam sobre alguma coisa e ela ria dele, com certeza contava alguma obscenidade, ele adorava fazer isso.
Gustavo era o tipo de pessoa que qualquer um deveria ter em sua vida, ele te dava suporte, carinho, amizade sem fim, e momentos de risos. Tudo que alguém precisa.
- Oi Gusta.
Ele acenou para mim e continuei meu caminho para o banheiro, Jolene e Henrique conversavam na cozinha sobre algo, e não quis interromper. Quando coloquei meu avental e peguei os produtos para passar pano nas mesas, ouvi a conversa dos dois.
- Você acha que vamos ter que demitir alguém?
- Não acho que chegue a tanto, talvez diminuir a carga horária de alguém... Eles são minha família, Lene... – o café ia mal? – O show da Alissa foi muito bom, talvez se ela só fizesse isso? Vamos pensar em outras alternativas...
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Encontro ao Acaso - Série ao Acaso [COMPLETO]
RomanceAlissa e Maite dividem muitas coisas, um apartamento, um emprego e uma amizade que surgiu do jeito mais inusitado. Não poderia ser diferente quando as duas se apaixonam ao mesmo tempo, ao acaso o amor pode chegar para qualquer um. Alissa nunca foi...