Chapter 03

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E então eu senti arrepios em meus ossos
A respiração que eu vi não era a minha própria
Eu sabia que a minha pele, que me envolvia
Não fora feita para jogar este jogo
|A Car, a Torch, a Death - Twenty One Pilots|

E então eu senti arrepios em meus ossosA respiração que eu vi não era a minha própriaEu sabia que a minha pele, que me envolviaNão fora feita para jogar este jogo|A Car, a Torch, a Death - Twenty One Pilots|

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Atormentada, já fazia dias em que eu não conseguia me concentrar no trabalho, o que resultou no gerente chamando minha atenção diversas vezes. Clientes também reclamavam da minha falta de atenção, e eu tinha que engolir minha vontade de mandá-los ir à merda, sabendo que eu estava errada. Não podia misturar meu trabalho com meus problemas pessoais, estava cansada de saber disso. Mas como iria me concentrar se, dois dias atrás, havia mandado meu pai ir à merda e enfiar o que ele sabia sobre a Harper onde bem lhe cabia? Eu não devia tê-lo desafiado, mas também não podia aceitar sua proposta absurda. A questão era que, nos últimos dias, eu estava vivendo num colapso de pavor, porque eu sabia do que meu pai era capaz. Eu vi, senti, eu presenciei o quão ruim ele podia ser. E aquele foi só um dos motivos pelos quais eu saí da casa dele.

Na hora da raiva, o xinguei sem remorso algum, porém, após meu sangue esfriar, medo puro passou a correr pelas minhas veias. Isso porque, por saber com exatidão como Christian era, eu sabia também que ele iria revidar minha afronta. Meu pai era como o diabo, e só seus inimigos e eu conhecíamos sua outra face.

Evitava meu pai porque não tinha forças para lutar contra ele. Eu nunca ganhava, de qualquer forma – ele sempre parecia estar um passo à frente. Mas, de todas as nossas lutas, aquela era a que mais estava me preocupando. Como meu pai nunca foi muito afetuoso, nunca levei a sério seus avisos dizendo que queria me casar. No entanto, vendo que ele estava falando absurdamente sério, eu mal podia evitar pensar em por qual razão meu pai queria tanto um maldito casamento. Não era por mim, disso eu sabia com certeza. Talvez fosse pela vontade de querer um herdeiro homem, era bem provável. Mas, no fundo, algo me levava a crer que tinha um motivo a mais.

Christian Queiroz, além de machista, era ambicioso e superficial. Quando o assunto era dinheiro, ele não tinha escrúpulos e não media esforços para subir na vida, mesmo que fosse de forma desonesta. Por essa razão, mesmo sem conhecer o maldito que estava caindo na teia do meu pai, eu sabia que o sujeito, que ele queria que eu casasse, tinha dinheiro – decerto, muito mais que o meu pai.

Fechei os olhos por alguns segundos, quando os abri, forcei um sorriso ao ver clientes se aproximando. Era um casal, e eu já estava familiarizada com eles. Aquilo me aliviou por eu ter com o que me distrair, mas não tanto já que minha mente continuou longe.

— Olá, boa noite — o rapaz disse.

— Como vão nesta noite agradável? — indaguei com uma falsa animação.

— Vamos bem! — a mulher relatou, simpática. — Temos uma reserva no nome do Donovan.

— Sim, senhora. Me acompanhem, por favor, Sr. e Sra. Lautner. — Os guiei para dentro do restaurante de luxo, até uma mesa no meio do lugar, onde eles ficavam sempre.

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