Era uma tarde quente demais quando o carro saiu. Era uma noite muito fria quando Dulce descobriu que sua vida iria mudar de cabeça para baixo.
Com o luto não vem apenas a tristeza, vem a raiva, vem a negação, vem a dor profunda. O silêncio, o silên...
- Deixa pra lá, a gente se vê depois. Aproveite a festa Nick e Addie.
- Você também. - Addie não deixou Nicolas responder, ela o puxou para dançar antes.
Voltei a procurar Lorena.
Meu copo derramou algumas gotas de suco quando alguém bateu em meu braço.
- Me desculpe...- Comecei, mesmo a culpa não sendo minha.
- Olha por onde anda, porra. - Eu já mencionei o quanto odeio Luana?
Eu a odeio, e muito.
- Com licença? Quem bateu em mim foi você. - Ela apoiou as mãos no quadril, o olhar se voltou enfurecido em minha direção.
- Ah, é mesmo?
Fiquei em silêncio, não iria submeter minha boca a falar todas as coisas sujas que eu tinha vontade. Luana levantou as sombrancelhas escuras, o rosto bonito formou uma careta feia.
- Você é ridícula. - Eu ri, incrédula com o que tinha escutado.
- Como é?
- Esse seu jeitinho todo simples, blá-blá-blá, olhem para mim, eu sou um anjo, me beije. Você é ridícula, estúpida.
- Olha aqui garota, em momento algum eu te xinguei, controle essa sua boca imunda.
- Por que você simplesmente não tenta arrumar outra pessoa? É difícil parar de tentar roubar o namorado de outras pessoas?
Eu queria enfiar o copo de suco na garganta dela.
Respire Dulce. Controle-se.
- Mateus nem gosta de você pra começo de conversa. Vocês não tem nada.
Ela me olhou mais enfurecida ainda, o rosto ficando vermelho. Eu sorri, parada onde estava, encarando Luana se autodestruir.
- Eu só vou te falar uma única vez, sua estúpida. Se você tentar roubar ele de mim, vai se arrepender. - O tom de voz era intimidador. Bem, tentava.
- Está me ameaçando?
- Estou te alertando. Entenda como quiser.
No final de tudo, não tive tempo de dizer o que Luana realmente merecia ouvir.
Lorena apareceu atrás da garota em um piscar de olhos, levantou o copo azul, e derrubou o líquido sobre a cabeça de Luana.
O vinho escorreu pelos cabelos descendo pelo rosto, pescoço, e sujando por fim, o vestido caro. Luana balançou as mãos no ar, fechando os olhos e soltando um gritinho. As pessoas envolta começaram a olhar e rir. Ninguém tentava esconder a diversão.
Lorena parou ao meu lado, o vinho parecia sangue escorrendo pela pele da garota, era terrível, e iria começar a grudar e feder logo logo.
- Oi, coisa linda. - Lorena escondeu a risada, a voz sarcástica. O sorrisinho de lado aumentou quando Luana a encarou incrédula. - Acho que ainda não nos conhecemos da maneira correta.
- Qual a merda do seu problema? - Luana sussurrava irritada, tentando falar baixo para as pessoas não escutarem. Era tudo inútil.
Lorena segurou o queixo da garota, as unhas grandes e azuis se destacando na pele suja de vermelho. Luana a encarou incrédula, os olhos arregalados. Lorena aproximou a boca de seu ouvido, sussurrou baixo, mas eu escutei porque estava perto.
- Se você se meter com minha prima novamente, não vai ser o vinho que vai escorrer vermelho na sua pele. Não me subestime, lindinha. Isso não é um aviso, é uma ameaça.
Luana ainda tentava raciocinar quando Lorena se afastou e me puxou para longe.
- Uma pena ser bonita, um desperdício.
Eu ri, porque aquilo tudo era loucura demais.
- Eu amo você. - Minha prima riu, jogou o braço por cima de meus ombros e pegou meu copo de suco.
- E quem não ama?
- Ei! Finalmente te encontrei, as mensagens não estavam chegando. - Dylan parou na nossa frente.
Lorena virou a cabeça para o lado e o olhou de cima a baixo, Dylan olhou para ela e sorriu um sorriso brilhante e gentil.
- Oi, a gente ainda não se conhece. Sou o Dylan. - E estendeu a mão.
Lorena olhou para ele e depois apertou a mão, balançando de leve.
- Me chamo Lorena.
- Desculpa, eu desliguei o celular. - Dylan me encarou, enquanto balançava a cabeça.
- Imaginei que você estivesse me ignorando, mas fico feliz de só estar com o celular desligado.
- Sou meio esquecida no quesito de celular.
- Do que é a sua fantasia? - Lorena perguntou, parecendo horrorizada.
- Ah. - Dylan corou, as bochechas ficando vermelhas. - Era pra ser um médico vampiro. Mas acho que não deu muito certo.
Dylan deu uma voltinha, eu ri, Lorena arqueou uma sombrancelha. A fantasia não estava tão ruim assim, era simples. Um conjunto branco com um jaleco grande demais, manchas de sangue simulando mãos e gotas, e dentes falsos de vampiro.
- Isso é uma ofensa a moda. Preciso de álcool. - Lorena beijou minha bochecha antes de sair em direção para a mesa de bebidas. Olhei para Dylan pedindo desculpas.
- Ela é meio louca por moda. Sua fantasia está legal, não liga não.
- Tudo bem, eu sei que está ruim. Mas eu gostei da sua. - Ele levantou a mão e apontou para mim. Sorri convencida e dei uma voltinha.
- Lorena que me ajudou, se não eu teria vindo como uma múmia.
Dylan gargalhou, me estendeu o braço e eu aceitei, entrelaçando nossos braços fomos juntos em direção a pista.
- Sabe dançar?
- Se com dançar você quer dizer inventar passos malucos parecendo estar doida, sim, eu sei.
- Ótimo, vamos parecer dois doidos então.
- Gosto da ideia, sabe o passo do boneco de posto?
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