—SAI, PONCHO! Vai quebrar minha cama! — Gritei e caímos os três na gargalhada. Ele não se conformou em subir, ele deitou entre nós. Tudo bem que a cama era solteirão, mas ficou bem apertado. Como um menino podia ser tão fofo, esperto, chantagista e cheio de argumentos assim?
—Eu mereço! — Wiliam sorriu contrariado e deitou de costas, com as mãos atrás da cabeça.
—Então tudo bem, já que está carente e quer conversar, põe pra fora. Somos todos ouvidos. — Propus.
—Pô, Wiliam! Abaixa esses braços se não num dá! PARA DE SER FOLGADO!​—Ralhou sério. —Poncho, é você quem está no lugar errado. — Retrucou calmo e paciente.
—Faz assim, Poncho, se quer deitar com a gente, me deixa ficar aí perto dele, que eu colo nele e sobra espaço para você.
Mudei na cama e fiquei deitada entre os dois. Wiliam me abraçou apertado, colocando as pernas em cima de mim e o nariz nos meus cabelos para cheirar.
—Então tá, aqui é o meu divã, vou colocar TUDO pra fora. — Sorrimos de suas insinuações. —Eu estava pensando profundamente... Raciocinem comigo... Minha mãe, já teve um rolo com o seu pai quando eram novos... Eu tenho que ficar aqui... Wiliam pega você... Já pensou se nossos pais namorassem de novo? Ia ser um sexo meio geriátrico, mas nossa família não ia mais se separar!
—Tá louco, Poncho! Minha mãe tá em outra! Nem toca nesse assunto. — Wiliam repreendeu mal- humorado.
—O quê que é, Wiliam?! —Entrei na discussão. — Qual o problema disso, se eles quisessem?— Encarei-o chateada.
—May... Você sabe... — Abaixou o tom intimidado.
—Sei o quê, Wiliam? — Pressionei petulante. Ele desviou o olhar. —Ih... Briga de novela mexicana. —Poncho ironizou. — Tava bom demais para ser verdade. Tô fora. — Saiu.
Eu queria mesmo conversar sobre isso com Wiliam. Se meu pai quisesse se relacionar com Barbara, eu iria ficar muito decepcionada se Wiliam se opusesse. Ele não tinha mais motivos para implicar. Não tinha o direito de ficar se intrometendo na felicidade dos outros.

—Vamos, Wiliam, eu quero saber por que eles não podem ficar juntos, se quiserem? Qual a desculpa? Você já conhece o meu pai, sabe que ele tem consideração por ela. Por que você é contra? Eu quero ouvir.
Ele olhou para o teto me ignorando, sem mostrar a mínima intenção de responder.
—Eu não quero brigar com você por tudo, mas eu quero que você pense. Não seja injusto. Dê uma chance pras pessoas... — Movi seu rosto para ele olhar para mim. Ele desviou o olhar, carrancudo. —Wiliam, por favor, conversa comigo. — Disse carinhosamente tentando resgatar a paz. —Olha, Wiliam, eu não estou pedindo para você apoiar, só quero que dê uma chance, só deixe acontecer...
Ele não respondeu e minha paciência se esvaía.
—Tudo bem, prefere ficar brigado? É a ultima chance... — Acariciei seu queixo. Por que a mulher tantas vezes tem que ser o equilíbrio da relação? —Vou lá embaixo. Quer ir comigo lanchar lá ou prefere que eu suba com algo pra você? — Sentei-me e calcei a chinela para sair.
—Não precisa trazer nada para mim. Não estou com fome.
Virei para olhá-lo. —Tudo bem. Estou descendo. — Inclinei e dei um beijo em seu rosto. —Espera, May. — Segurou meu braço. —Não fica chateada, não...
Deitei de novo na cama de frente para ele. —Eu não estou chateada, só acho que temos que aprender a conversar... Fala para mim qual o problema... Eu entendo os seus motivos antigos de não gostar do meu pai, mas hoje, você tem certa obrigação de tentar gostar dele, porque se você gosta de mim e sabe o quanto eu amo o meu pai, então, você devia tentar gostar dele também, independente dele ter algo com sua mãe ou não.
Ele segurou meu rosto entre as mãos.
—May, eu não tenho nada mais contra o seu pai... —Garantiu sincero.
—Então por que você agiu daquele jeito quando Poncho disse aquilo?
—Foi só um sentimento retrógrado de superproteção que eu vou lutar para dosar.
—Então promete para mim que não vai se intrometer, e que vai deixar o destino acontecer. — Encostei a cabeça em seu peito e ele passou o braço em minha volta. —Prometer? — Repetiu,em dúvida.

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