Diário de uma sobrevivente do século XXI

A epidemia do mundo

O mundo está se esvaindo em epidemias. Estamos com medo da morte. Existe uma preocupação que toma conta de nós, não queremos estrangeiros por perto, não pelo individuo, mas por temor mesmo. As noticias que chegam para nós não são boas. Até agora, 2.788 pessoas já morreram, apesar de não ter a certeza das noticias ou se são verossímil.

Algumas pessoas não conseguem sair de casa e os recursos estão findando. Gastamos muito tempo preocupados com coisas supérfluas que estávamos ficando cegos, sim, demoramos muito para olhar ao nosso redor,e agora? Estamos na beira de um abismo. Esperamos que alguém lance uma corda para nos tirar daqui.

A morte se aproxima de nós, e o que conservava a nossa racionalidade parece que nos abandonou. O ódio tem aumentado, as guerras estão prestes a serem anunciadas. A água já não serve para o uso. Estamos ficando sem forças. A escola já foi extinta e os professores foram queimados nas praças e os livros que nos consolavam, tornaram-se lenha para aumentar o sofrimento dos nossos antigos mentores.

Os tiranos vêm se utilizando das mídias para divulgar suas mensagens de amor e paz, mas conhecemos bem suas intenções. O voto já se tornou restrito, uma pequena parcela da população ainda tem esse direito. Fomos limitados. Por mais que eu tente me lembrar de como viemos parar aqui, não consigo.

No ano passado, as mulheres começaram a ser utilizadas para ajudar na reprodução da nossa espécie. Eu já estou na academia de fecundação, é um prédio enorme e o ambiente aqui é bem frio e mórbido. Não podemos ter acesso a nenhum tipo de cultura, porém guardo este diário na parede do dormitório, já que as paredes antigas ainda foram preservadas, utilizamos o espaço para guardar nossas memórias de nossas antigas vidas.

Já é tarde.

As luzes já estão se apagando e com isso, nossas memórias também.