Caderno de 5 reais

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Nós pagamos e resolvemos dar um rolê no shopping.

—Vocês já pensaram no que vão prestar?

—Moda. –Disse Brooke.

—Gastronomia. –Disse Aquaria.

—Direito.

Eu encarei Vanjie.

—Vai ser engraçado eu gritando nos julgamentos.

Eu ri.

—Com essa voz delicada.

Ela me mostrou o dedo do meio.

—E você Monet?

—Teatro.

—Humanas. –Vanjie bateu em minha mão.

—Alguém sabe o que a Cracker seria?

—Maquiadora. –Dissemos eu e Vanjie ao mesmo tempo.

—Olha só o casal, uma maquiadora e a outra chefe de cozinha.

Aquaria corou.

—Nós não somos um casal, ainda.

Cracker passou por nós e continuou andando. Eu havia mandando mensagem para essa vir depois do almoço.

—SAPATÃO.

Ela olhou e acenou pra nós.

—Como foi o almoço com a maravilhosa Natália? –Disse Vanjie ironicamente.

Cracker revirou os olhos.

—Eu odiei. Ela continuou falando da minha Mãe e como eu a matei.

Nós a olhamos em silêncio. Essa menina tá sofrendo mais do que imaginei.

—Onde vocês almoçaram?

—No Podrão na esquina da escola.

—Seu Zé, adoro ele.

Ela estava falante, o que normalmente era um bom sinal, exceto quando ela finge estar interessada e entretida, só para não nos preocuparmos com ela.

—Podem me chamar de Brianna.

—Cracker, por que isso?

—Eu aceitei. Foi o nome que a minha mãe me deu, sabe aquela que se matou? –Ela fingiu uma risada.

Aquaria tocou em seu braço.

—Eu tô bem. Tudo certo aqui. Vamos comprar doce.

Ela levantou, Aquaria foi atrás dela.

Aquaria

—Ei.

Ela me olhou. Vou entrar no jogo dela e fingir que tá tudo bem.

—Onde quer comprar doce?

—Em qualquer lugar, desde que seja doce.

Ela riu forçado. Eu queria abraçá-la, mas eu sei que ela desmoronaria ali, então preferi me segurar. As meninas ficaram sentadas conversando, talvez confiassem demais em mim para conversar com Cracker.

—Eu amo doce de morango com chocolate, quer namorar comigo? –Ela me olhou na última frase.

Eu congelei.

—Oi?

—Eu disse que amo doce de morango com chocolate e perguntei se você quer namorar comigo.

—Cracker...

—Brianna.

—Cracker. –Reforcei. —Você não está bem.

—O que você está falando? Eu estou ótima, comecei a questionar se sou a razão do suicídio da minha mãe e cheguei a conclusão que sim. Sabe por quê?

Ela me olhou. Eu neguei.

—Porque eu gosto de garotas, então, pra fazer a minha mãe feliz, você quer namorar comigo?

Ela ajoelhou com um pacote de balas em suas mãos. Algumas pessoas nos olharam, esperando a minha reação, eu a levantei corada.

—Para com isso.

—Eu só estou fazendo o que a minha mãe quis. Que eu fosse feliz com quem eu escolhesse, independente do gênero.

As lágrimas desciam de seus olhos. Ela se contradisse tanto, tudo isso porque está confusa. Eu a abracei forte, ela apertou ainda mais o nosso abraço.

—Eu só queria que ela me aceitasse Aquaria e me amasse.

—Eu te aceito e te amo Cracker.

Eu a beijei.

Autoria: a profissão da Aquaria é uma referência àquele capítulo em que ela discute sobre massa com a Cracker.








A Few Notes (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora