— E onde a senhora estava quando o seu marido foi morto? — Perguntei.

— Dormindo. Estou ficando em um motel, não posso pagar outro lugar.

— Tem provas ou testemunhas de que estava lá?

Lágrimas desceu pelo seu rosto e ela negou.

— Norma, preciso saber se seu marido tinha dívidas ou desafeto com alguém. Pode me dizer isso?

— Ele não tinha! Só era violento comigo e se procurar informções dele no trabalho verá que era um homem impecável. O único defeito dele era quando bebia. Mas, eu juro, doutora. Não matei o meu marido.

~~

    Batuco os dedos na mesa de centro formando um pensamento. Não tem como provar que ela estava onde disse, apenas a um comprovante de entrada de dias atrás antes do crime. Ele era um cidadão modelo, ela nunca deu queixa ou contou sobre os abusos a ninguém... Não tem provas além da palavra dela.

Passo a mão pelo cabelo respirando fundo. Poderei atestar que ela não o matou usando seu físico, mas a promotoria usaria um ataque de adrenalina que é totalmente compreensível e aprovado na medicina.

Preciso de uma testemunha. Alguém deve ter visto ou uma câmera de segurança flagrado alguma coisa. Precisarei procurar mais. Deixei meu número com várias pessoas para o caso delas terem visto algo, ainda tenho fé que algumas delas irá me ligar.

Acabo pegando no sono no sofá da sala de jogos e acordo com a senhora Gertrudes me chamando. Abro os olhos preguiçosamente a vendo na minha frente. Me sento no sofá passando a mão no rosto.

— Madame, um dos seguranças quer falar com a senhora — Avisa.

Franzo o cenho.

— Agora? — Pergunto.

— Vou pedir para ele esperar...

— Não, está tudo bem. Vou encontrar ele na cozinha, me dê alguns minutos.

— Sim, madame.

Ela sai me deixando sozinha. Olho para a bagunça na mesa de centro e junto todos os papéis e coloco dentro da minha pasta. Prendo meu cabelo em coque e fecho o robe da minha camisola passando uma manta pelos meus ombros e vou até a cozinha.

Um homem alto, negro, de terno, me espera. Ele é muito alto. Quando me ver ele se levanta e assume uma postura rígida.

— Madame, desculpe por incomodá-la.

— Está tudo bem. O que aconteceu?

— Senhora, relatei ontem que uma mulher tem a vigiado nos lugares públicos que frequenta.

Troco um olhar com a senhora Gertrudes que parece assustada.

— Tem alguma imagem dela?

— Sim, senhora.

Ele tira o celular do bolso e me mostra a gravação feita pela câmera do carro. A imagem está borrada, mas posso ver que a mulher parece está de olho em mim, não de forma hostil. Ela é uma senhora acanhada e parece querer se aproximar.

— Sabe quem é ela? — Pergunto.

— Estamos investigando, senhora.

— Me deixe ciente de tudo sobre ela, por favor. Obrigada por ter vindo avisar.

Ele faz um aceno com a cabeça e sai da cozinha me deixando com a senhora Gertrudes. Respiro fundo.

— Vou preparar seu café da manhã.

Senhor E Senhora HartmannOnde histórias criam vida. Descubra agora