Conversa importante

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— Como sabe?

— O esperto me disse — revirou os olhos e eu ri fraco, a bebida já fazendo efeito sobre mim. — Você tem condições pra ter arranjado alguém melhor — bufou. — Sério que me trocou por aquilo? — Olhou para trás e eu fiz o mesmo, observando Minhyuk puxar o saco do meu pai. — Ele tenta ser legal, mas não consegue. O seu pai não suporta.

— Claro que suporta — rebati e ele riu. — Você está se comportando como um mal amado.

— Então isso quer dizer que você me amou muito mal — aproximou-se tanto que a sua respiração batia quente em meu rosto. — Fez um péssimo trabalho.

— Isso quer dizer que aqui — estiquei a palma da mão sobre o seu peito — não há amor.

— Há sim, posso te garantir — sussurrou encarando-me fixamente. Por não conseguir sair de perto, mantive a troca de olhares com intensidade. — Vamos conversar.

— Sobre o quê? Já falamos tudo o que tínhamos pra falar. Eu já sei que você tem ódio de mim, que se sente traído por causa de Minhyuk e que não vai conseguir me perdoar por aquelas palavras, assim como você sabe o que eu sinto em relação a tudo. O que mais deveria ser dito? — um garçom recolheu o meu copo vazio e eu encarei Jeongguk com cansaço.

— Temos novidades — disse baixo. — Me ouve primeiro e depois tome a atitude que achar melhor — eu via verdade em seu olhar e sentia o meu coração bater cada vez mais rápido em meu peito. Não sei se a bebida também ajudou, mas caminhei até o lado de fora e logo fui seguida por ele.

Eu tinha a bolsa pendurada no ombro direito e segurava a alça com força em busca de algum ponto que pudesse me acalmar. A cada passo que dava na direção do estacionamento, minhas mãos pareciam suar mais. Eu mordia o lábio inferior e olhava para os lados, incerta sobre o que estava fazendo. Tomando como base o que Jeongguk fez até aqui e o que ele representa, eu não deveria sequer ter respondido a pergunta que iniciou a nossa conversa. Porém algo mais forte me guiava e eu, de forma inconsciente, fazia tudo ao contrário do que combinava comigo mesma em relação ao Jeon.

— O que tem a dizer? — Virei-me para ele quando chegamos a uma parte vazia. Nada de pessoas transitando. Apenas nós dois e os carros. — Jeongguk? — Chamei sua atenção ao perceber que ele não falaria nos próximos segundos.

Sem dizer absolutamente nada, Jeongguk se aproximou para findar o espaço entre nossos corpos e segurou o meu rosto com as duas mãos, acariciando minhas bochechas com os seus dedões. Ele não usava força alguma em seu ato e por um momento me vi mole, tanto por causa do seu toque quanto por seu cheiro que invadia as minhas narinas com intensidade. Eu tinha a atenção voltada para os seus olhos inquietos, que alternavam o foco em algumas partes do meu rosto.

— Você está tão linda — murmurou.

— Você também está — falei sem que pudesse segurar. As palavras apenas foram saindo. Jeon sorriu abertamente e eu fiz o mesmo.

— Nós precisamos conversar com calma.

— Mas...

— Precisamos ter a conversa que não tivemos nesses três anos que se passaram — encarei-o em confusão e ele suspirou. O nosso fim foi claro e não havia dúvida sobre nada, não era? — Se tivéssemos conversado como pessoas civilizadas uma ou duas semanas após o término, certamente estaríamos juntos hoje.

— É — concordei de imediato, sentindo-me levemente incomodada. Poderíamos ter sido felizes nesses últimos anos.

— Vamos até um lugar onde ninguém possa nos atrapalhar — apertei a alça da bolsa, nervosa novamente. Olhei para os lados, encerrando o contato de suas mãos em meu rosto, enquanto ponderava se deveria ir ou não. — Por favor — insistiu. O encarei e suspirei pesadamente. Ele parecia estar totalmente desarmado e eu sentia que deveria dar uma chance.

Em nome da vingança | Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora