- Ele reagiu melhor do que imaginei. - Ele começa suspirando. - Sabe, sempre achei que havia algo de errado entre ele e eu, e agora eu sei que era porque estávamos nos escondendo em uma baita mentira. Eu principalmente. Eu me odeio mais que tudo agora.
- Não se preocupe. Eu gosto de você por nós dois. - Murmuro com o queixo em sua cabeça.
Davi dá uma risada fraca.
- Minha mãe vem para cá. Amanhã à tarde.
- Estarei preparado, você quer descansar?
- Você leu meus pensamentos, Will.
Andei com ele até o quarto dele. O coloquei na cama e o ajudei a tirar os sapatos. Quando estava saindo ele me perguntou o porque de eu não ficar com ele.
- É muito cedo. - Murmurei.
- Mas você pode ficar até que eu durma, já fez isso antes.
- Não tenho como argumentar contra.
Ele abre espaço para mim onde estava, deito-me e o trago para o meu peito devagar, hesitante. Mas ele se aconchegou. Suspirou no meu peito.
- Pode citar alguma coisa? - Pergunto no silêncio.
- Não se acha a paz evitando a vida. Virginia Woolf.
Beijo o topo de sua cabeça de novo e começo a fazer cafuné; é inevitável, fazia mesma coisa com meus irmãos quando eles tinham pesadelos ou corriam assustados para meu quarto porque não conseguiam dormir sozinhos.
⁎⁎⁎
Acordo às oito.
Eu não havia dormido com Davi, infelizmente. Quando vi que ele não acordaria por nada levantei da cama e saí do quarto.
Preparei algumas coisas e coloquei em cima da mesa: Mas antes que eu pudesse levar até o quarto de Davi, ele apareceu na cozinha.
- Isso não vale. -Digo. - Pode voltar para o quarto?
- Não vou voltar, está tudo bem. O que é isso?
- Fiz torradas, suco e tem bolo bem à esquerda.
- Parece ótimo.
- Não sou tão bom quanto... Esquece.
- Billy. - Ele conclui.
Mordi a língua para não falar mais nada; o dia já não poderia ter começado pior. Acordar e não sentir o cheiro de café que Billy faz foi estranho. Não falei mais nada mesmo, apenas me aproximei dele e segurei sua mão. Não foi algo que eu planejei, colocar essa parede de silêncio constrangedor, e o pior é que não sei como consertar isso.
- Você iria me levar isso?
- Eu iria sim. É bem cafona, mas...
- Podemos planejar para acontecer depois. - Ele sussurra perto do meu queixo.
- Senta aqui. Eu fazia o lanche dos meus irmãos, então me arrisquei a fazer algo, mas não crie muitas expectativas.
- Quer me contar sobre seus irmãos? Os meus você já conhece.
- Justo. Eu sou o mais velho, depois vem Wess... Não vale muito a pena falar sobre ele. Depois Léo, Ty, Lívia e Bevy. Léo trabalha muito, mal tem tempo de ficar em casa. Ty é muito inteligente, ele adora computadores... Mas ele está... Um pouco doente. Lívia é um pouco... Atrevida, mas isso é porque vive com o meu pai, então tudo que meu pai diz, ela concorda. Mas ela pequena demais para entender tudo e por fim, Beverly, a minha princesinha... Não sei muita coisa sobre ela agora, nem mesmo sei se gosta de bonecas ou se... Gosta de pintar. Ou correr.
- Eu seria muito intrometido se perguntasse porque você não os vê?
- Não. - Toco sua mão. - Foi no dia... Treze de maio, aconteceram coisas que ainda não estou pronto para falar abertamente.
- Foi o dia em que foi preso?
- Foi. Mas eu juro que eu não sou culpado do que aconteceu.
- Eu sei. Foi um caso mixuruca. Poucas provas, baixa importância. Mas mesmo assim você foi culpado, passou um ano na cadeia e... Depois...
- Ainda tento entender tudo. - Confesso.
- Will... Antes de dormir eu anidei pensando que... Não quero mais mentir para mim ou para as pessoas que eu gosto.
- O.k. - Liberar apenas isso fez minha garganta secar de medo. Ele vai dizer que não gosta de mim como achava? Ou eu supus tudo isso de modo bobo?
- Não saber quase nada sobre você me deixa receoso. Inseguro. Li a sua ficha, é verdade, mas é apenas uma parcela do seu passado. Se não está pronto, vou entender, entendo perfeitamente. Mas que tal coisas básicas? Você também não me conhece tão bem, de fato, mas estou disposto a abrir mão de algumas lembranças para você.
- Tudo bem. Posso fazer isso. Mas... Eu...
- O quê?
- Estava pensando... Sua mãe vai vir para cá então...
- Sim. Vamos ter que nos comportar. - Ele dá um sorrisinho maroto. - O que vai ser complicado.
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Minha Solução | Série Irmãos Laurent-(Livro 3) (Romance Gay)
RomanceOs últimos anos não tem sido fáceis para a família Laurent, e agora Valentim e Vanessa tentam convencer seu terceiro filho que ele precisa de um segurança. Davi Laurent não aceita a ideia de primeira, mas para tranquilizar seus pais ele decide fecha...
Capítulo 27
Começar do início