Até que a Morte nos Separe - Parte I

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Eu queria poder impedir a mim mesma, mas Ela o deixou sozinho e correu para junto de Milena. Acompanhei enquanto as duas atravessaram a rua lado a lado, indo em direção ao suposto carro.

Lentamente o vidro foi descendo, revelando o rosto impiedoso de Otto:
- E aí gatinhas? Vocês vêem ou não?

Aquela voz me deixou tonta, estarrecida... nauseada. A lembrança daqueles olhos fundos de caveira, ainda perturbava a minha alma. Tentei gritar, mas a minha voz era inaudível, o tempo simplesmente me calava.

Como se fossem dois cordeirinhos assustados, elas entraram no carro. Sob os meus aturdidos olhos e os olhos apreensivos do Rafa, Helena e Milena desapareceram na estrada.

 Sob os meus aturdidos olhos e os olhos apreensivos do Rafa, Helena e Milena desapareceram na estrada

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Acordei suando frio, ao meu lado, na cama Thiago me acalmava.
- Calma meu amor, foi só um sonho!
Confusa olhei para aqueles olhos verdes, e parecia que eles sabiam exatamente o que eu sonhara.
- Foi só um sonho!? - suspirei aliviada.
- É normal as noivas ficarem agitadas no dia do casamento!

Passei a manhã a refletir: Teria sido apenas mais um de meus perturbadores sonhos? Ou  desta vez se tratava de uma lembrança perturbadora?
Se era uma lembrança, por que o meu subconsciente estaria escondendo essas lembranças de mim?

Haviam tantas perguntas e nenhuma resposta, olhei com insegurança para o vestido de noiva estendido sobre a cama, eu precisava sair daquele quarto, eu precisava de ar.

Tencionava ir à cozinha buscar um copo de água, ou sair para dar uma volta com Dick, mas o tom alto da voz da senhora Margarida me deixou intrigada, era estranho ouvi-la naquele tom, pois ela era sempre muito gentil e educada.

Aproximei-me da porta do quarto a fim de entender qual drama se desenrolava.

- Nenhum convidado... Não vem ninguém por ela, nenhum amigo... não há nenhum parente vivo! Não acredito que vocês não achem isso no mínimo esquisito!
- Não seja tão insensível com a moça!
- Você que é muito condescendente!! Aliás, você e o Thiago são! Mas a culpa é toda sua Portes, você que a trouxe para esta casa!
- Fale baixo Guida, o Thiago pode chegar a qualquer momento e a mocinha está no quarto!
- Estou farta de guardar minha insatisfação com esse casamento!
- Barbaridade, Helena é uma boa moça!
- Não é boa suficiente para o meu filho!
- Nosso filho! - exclamou o Senhor Portes, aumentando o tom de voz, igualando-0 ao de sua esposa.
- Eu entendo que você goste da moça Portes! Mas ela não é a sua filha, até porque se ela fosse, esse seu ato altruísta, não passaria de um incesto.

Encostei meu corpo trêmulo na parede, e cobri minha boca com uma de minhas mãos, eu estava perplexa. Nunca imaginei que a Senhora Margarida nutrisse tal desdenho por minha pessoa, como pude ter sido tão ingênua?

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