CAPÍTULO 2 - Comportamentos

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Talvez eu realmente precisasse de um plano para irmos a Londres o quanto antes.

Quando saí da sala do diretor até me senti mal, eu realmente não era esse tipo de pessoa, mas já havia passado. Provavelmente eu ia ser vista como um problema de curto tempo para a diretoria já que, pelo meu adorável histórico, ele também não imaginava que eu fosse ficar muito tempo pela região.

Ao sair da sala do diretor, encostei meus ombros lentamente na parede branquíssima dos corredores, aguardando a pessoa que vinha me ajudar com a escola. Eu não conseguia parar de questionar que tipo de lugar tinha aquilo. Quem precisava de um orientador particular em uma escola no meio do nada?

A falta de imperfeições em Bourton-on-the-Water era surreal. Eu observava as pessoas andando pelo pátio super bem ornamentado e se esquivando pelos corredores com armários recém-pintados. Nada daquilo parecia certo ou normal. Os uniformes passados demais, os cabelos dos alunos brilhantes demais. Sorrisos demais às sete da manhã. Parecia que eu estava vivendo um dos piores filmes da atualidade, onde todos exalavam uma felicidade constante e eu simplesmente não conseguia sentir o mesmo.

A última pessoa que eu gostaria que fosse meu orientador na escola era algum popular fútil ou a garota mais linda do lugar. Meu uniforme era o mais cafona, eu tinha mau humor e não havia penteado os cabelos ao sair (como forma de protesto). Mas como o destino nunca foi muito favorável aos meus desejos, vi uma garota perfeita caminhando até a minha direção, cumprimentando quase todos que passavam pelo largo corredor. Ela mantinha seus cabelos perfeitamente loiros moldados por uma tiara dourada, assim como o sorriso extremamente branco em seu rosto. Suas vestes eram as mesmas que as minhas, na técnica, pois eu parecia muito uma versão pobre das princesas da Disney perto daquela perfeição toda.

— É Amanda, não é? – a menina me olhou de lado, guardando alguns papéis em sua prancheta branca. Concordei em um sussurro. O que aconteceu comigo? Uma garota perfeitinha do interior não teria poder algum contra mim — Seu nome é lindo. Último ano? – ela me entregou uma pastinha com vários papéis dentro.

— Obrigada. – peguei o objeto em suas mãos, com cuidado — Sim, último ano.

Ela parou a minha frente, sorrindo abertamente — Sou Zara Ward. Penúltimo ano, chefe da comissão estudantil de direitos humanos. – ela fez uma careta — E sua orientadora na escola.

Ótimo. Até nome de princesa ela tinha.

Após sua apresentação nada modesta, Zara me levou em todos os cantos possíveis da escola. Para uma cidade do interior onde cabras, ovelhas e feno são atrações principais, a escola era grande. O suficiente para que eu me sentisse completamente perdida entre corredores, grandes portas e muita gente. E para uma cidade do interior onde não existem cachorros para se comprar ou adotar, havia muitas crianças e adolescentes pelo pátio principal. Se existia algum lugar secreto na vila onde os alunos pudessem descontar suas frustrações com cigarros, bebidas, baseados ou fazendo sei lá o que, eles escondiam bem.

— Nossa escola recebe todos os estudantes das regiões próximas. Stroud, Stow-on-the-Wold e outros. Por isso você vai ver muita gente que não pertence a nossa vila. – concordei com um gesto enquanto olhava as pessoas passando pelos enormes corredores — A psicóloga da escola quer vê-la depois. – ela ainda sorria para mim. E eu já estava extremamente cansada disso. Além dos olhares que recebíamos constantemente dos demais alunos. O pior era receber esses olhares por estar ao lado de Zara, somente — Você pode ficar depois do horário algum dia?

— Psicóloga?

— Procedimento padrão para novos alunos. – assim que ela terminou de rabiscar algo na prancheta, levou seus olhos até os meus — Te vejo mais tarde, boa aula!

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