Missão: Parte 7

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— Mu Qing... você sabe que isso é mentira.

— Certo, teve aquela época, mas, de novo, éramos jovens, recém transformados em deuses. Não havia se passado nem muitos tempo que tínhamos perdidos os corpos humanos. Mas depois disso nos mudamos! Não tem sentido isso vir agora. Entende? É culpa destes corpos!

Por alguns segundos Feng Xin o encarou apaticamente — como se Mu Qing fosse um quebra cabeça tão complicado que, sequer tentar compreender como as peças se encaixavam, era um uso de energia mental e de vida gasta em vão —, então ele apenas o contemplou admirando a força e empenho que ele parecia ter em construir aquele raciocínio. Feng Xin sabia que ele estava tentando achar uma desculpa que o livrasse da responsabilidade pelo que tinha feito. O livrar de ter de pensar naquilo.

O homem encarou o chá em sua xícara e apertou os lábios.

Havia demorado mais que o necessário no andar debaixo para "aquecer o chá", isso porque, para começo de conversa, o chá nem mesmo estava frio quando fugiu do quarto naquela hora. Mentiria se dissesse que não hesitou muito na porta antes de entrar, que não havia ficado ansioso sobre como seria entre eles depois de ceder a vontade daquele jeito. Ele mesmo não sabia dizer o porquê de o ter beijado! Feng Xin ergueu os olhos para Mu Qing que parecia ansioso, o olhando com se suplicasse para que aceitasse aquela desculpa para não terem de pensar sobre o que aconteceu.

De alguma forma, aquilo o incomodou.

Era algo tão impensável para Mu Qing que Feng Xin quisesse o beijar? Porra, se ele pudesse fazer um ranking de coisas que amava fazer, beijar Mu Qing seria o primeiro lugar sem pensar muito e ele não se importava nem um pouco em ter aquilo claro para si mesmo. Era a verdade! Para além de sentimentos — que ele sabia que não tinha — beijar Mu Qing era bom. Era viciante! A sensação era prazerosa!

Mas os olhos do outro continuavam implorando para que ele negasse aquilo. E talvez fosse mais fácil mesmo se ele concordasse. Afinal, não era como se fosse acontecer de novo ou tivesse significado algo.

— Talvez você tenha razão. — disse Feng Xin baixo erguendo a xícara e desviando o olhar de Mu Qing para os pães. — Mas eu não me arrependo de ter te beijado.

— Tanto faz. — disse Mu Qing e Feng Xin não quis o olhar ainda.

Não queria ver o alívio em seus olhos por ele aceitar aquele trato de "não vamos mais falar nisso, não significou nada". Porque era basicamente isso que aquela conversa inteira significava, mas Mu Qing nunca dizia nada diretamente a não ser sobre muita pressão. Feng Xin podia ser um pouco lento para compreender na maior parte das vezes, mas aquele contrato deles — sobre aqueles momentos onde passavam linhas — era antigo e muito conhecido. Ele entendia por entre as entrelinhas de Mu Qing. Ele mesmo havia escrito muitas delas.

— Mudando de assunto. — começou Feng Xin bebendo em uma golada todo o chá, engolindo a amargura daquela conversa e o resto do gosto de Mu Qing que continuava em sua boca. — Vamos falar da missão.

— Seu pássaro achou alguma coisa? — questionou Mu Qing mordendo um pão e Feng Xin negou com a cabeça.

— Ainda não, mas ele está seguindo para o leste. O dono da hospedaria me contou algumas fofocas ontem a noite também, sobre uma seita chamada ChangYao. Aparentemente são violentos em seus trabalhos e vendem licores de pêra.

— O que o licor tem a ver com o cultivo?

— Não faço ideia. Mas é como as coisas são. Ele disse que são bem famosos.

— E o que você sugere?

— Vamos seguir meu pássaro para o leste e ver o que acontece. Pela forma de atuação desta seita, talvez eles não sejam cultivadores comuns e estejam fazendo algo demoníaco. O velho disse que, onde vão, deixam uma trilha de sangue. Cultivadores não fazem tanta bagunça desnecessária.

O tempo que podemos terOnde histórias criam vida. Descubra agora