Ele mudou.
Guerras tendem a ter esse efeito sobre todos, como se passar por tudo tirasse de nós aquela inocência, aquela pureza que nossos pais insistem em preservar. Então era óbvio que ele mudaria. Nós mudamos de alguma maneira.
E pensando sobre isso não sei se seria certo dizer que mudou. Talvez a palavra certa seja amadurecimento. Ele amadureceu. E vê-lo nessa transformação me fazia amá-lo de uma forma que eu não sabia ser possível.
Ele se preocupava comigo, enquanto eu procurava por meus pais, enquanto eu resgatava as memórias deles. Ele se preocupava com sua mãe enquanto ela passava mais tempo olhando pela janela. Se preocupava com seu pai enquanto ele se trancava na garagem. Se preocupava com cada um dos irmãos de uma maneira particular. George não conseguia se olhar no espelho, Gina não sabia como agir sem parecer frívola, porque ela entendia a dor mas também entendia que precisavam continuar, Gui tinha uma família para cuidar, mas não conseguia desgrudar deles, Carlinhos voltou para casa por um tempo indefinido, Percy em um luto eterno trazendo toda a culpa para si, mesmo todos entendendo que a fatalidade aconteceu não apenas com eles, mas com todos.
Ele se preocupava com Harry, porque não parecia fácil esquecer todas as verdades sobre sua família, sobre o professor Snape, e ainda tinha Teddy, com um destino tão parecido com o dele.
Mas enquanto ele se preocupava com todos e com tudo, eu ficava observando sua dor, suas mudanças, o jeito como evitava falar sobre a guerra, o quanto aquilo era difícil. Ele se preocupava com tudo. Eu me preocupava com ele.
Agora ele tinha mania de acordar cedo e preparar café da manhã. Tinha mania de treinar feitiços em árvores imóveis do quintal. Tinha mania de jogar xadrez mesmo que contra o vazio. Sempre dizia bom dia. Sempre abraçava a senhora Weasley e a beijava no rosto. Sempre ajudava o senhor Weasley na garagem. Fingia não ver a aproximação crescente de Gina e Harry. Sempre entrelaçava suas mãos nas minhas sem dizer nada.
― Será que um dia conseguimos deixar de sentir falta? – me questionou em uma tarde. Depois de fazer sua nova rotina.
― Acho que normalmente acostuma-se com a falta, mas não sei se é possível deixar de senti-la. – Fui sincera em minha resposta.
― Que bom, porque não quero deixar de sentir.
Não resisti tanta sinceridade e tamanha fragilidade. O beijei exatamente como o fiz na guerra. Sem aviso. Com todos os sentimentos revirados. Ele mudou. Amadureceu em meses o que pessoas levam anos. E ainda continua sendo o mesmo Rony por quem me apaixonei.
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Olhos meus
Olhem em volta
Me vejam, me mostrem
Primeiro encontro oficial, e fora de Hogwarts, é claro que meu pai iria desconfiar se dissesse que ia sair a noite, é claro que tenho que fingir e inventar uma desculpa convincente para ele não notar que irei sair.... Que irei sair com Scorpius.
― Mãe, vou dar uma volta com... Alice no...
― O que está acontecendo Rose? – ok. Minha mãe já desconfiou, eu não tinha amigas em Hogwarts para disfarçar, de vez em nunca conversava com Alice Longbottom, mas nunca sai com ela ao ponto de sermos melhores amigas.
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Somos Nó(s)
FanfictionSe uma pessoa é formada de momentos, o que poderíamos falar de uma família? Todos os detalhes da vida da família Granger/Weasley será apresentada em várias linhas temporais, narradas em primeira pessoa pelos membros dessa família. Mostrando momentos...
Olhos meus
Começar do início