- Vamos, pai? Eu preciso de um banho. - Falo, querendo ir embora de uma vez, pois me sinto um pouco sufocado nesse quarto.
Meu pai concorda com um aceno e assim que a mãe de Uriel volta ao quarto, nós nos despedimos e vamos embora. Não digo uma palavra durante o nosso caminho para casa, pois eu não me sinto com a mínima vontade. Por mais que eu tente não pensar, a última conversa que tive com Uriel está ecoando em minha mente.
Eu queria dizer a ele que estava confuso e pedir desculpas por aquele dia com Celine, mas não parece importar muito para ele. Eu disse que ele não sentia nada a mais por mim, mas decidi acreditar nos outros, como se alguém fosse substituir o que a boca dele diz. E falando em boca, por que merda eu senti vontade de beijar ele de novo? Ou melhor, beijar ele de verdade?
Merda! Por que isso agora? Eu estava bem e de repente vem toda essa pressão em cima de mim. E eu juro que não queria estar nessa situação, não mesmo.
- O que está acontecendo, Dylan? - A pergunta do meu pai me desperta e então percebo que já estamos em casa, mais precisamente, estacionados na garagem.
- Você já se apaixonou, pai? Mas de verdade mesmo, não o amor que tinha pela minha mãe... Amar outro homem? - Pergunto, tomando uma coragem que não faço a mínima ideia de onde vem.
- Sim... Você está amando alguém, ou melhor, está amando um certo garoto chamado Uriel? - Ele pergunta sem rodeios, com um sorriso no rosto e isso me deixa sem resposta.
- Amar é uma palavra muito forte e que me causa certo medo. - Confesso e vejo a expressão dele se tornar mais séria.
- Por que? - Ele questiona e solto um suspiro, passando minhas mãos por meu rosto.
- E se não der certo, pai? Por que eu vou começar a amar alguém pra perder depois? Isso dói demais. - Falo e sinto meu peito se apertar apenas por lembrar da minha mãe, que não está mais aqui e me faz sentir sua falta a cada segundo.
- Ei, não sinta medo de amar por causa de uma perda, filho, pois, isso pode fazer com que você perca ainda mais. Nós não sabemos o dia de amanhã e às vezes temos que nos jogar no escuro com a esperança de sermos felizes. Ficar na nossa zona de conforto nunca é a melhor escolha, pois só quem se arrisca alcança as melhores coisas. - Ele diz, segurando em meu rosto, olhando em meus olhos ao dizer cada palavra e elas me tocam de alguma forma.
- Mas isso não importa, pai... Ele não gosta de mim. - Falo e me afasto dele, saindo do carro em seguida.
Pego minha mochila no banco traseiro e começo a seguir até à porta da frente, acenando rapidamente para o jardineiro que vem uma vez na semana.
- Ei, quem disse isso? - Meu pai me alcança de forma rápida e arqueio uma sobrancelha, já que ele está muito interessado na minha vida amorosa.
- Ele mesmo. - Falo e abro a porta de casa, entrando em seguida. Tiro meus tênis, os deixando jogado no corredor de entrada e jogo a mochila no mesmo lugar, seguindo até à sala onde me jogo no sofá macio e confortável.
- Duvido! - Meu pai diz sem acreditar e isso me faz bufar baixinho.
- Pois acredite! Eu fui pedir desculpas a ele por ter beijado Celine na frente dele, achando que o havia ferido de alguma forma, mas ele disse que isso não importava e que o beijo que ele me deu foi um erro e que somos amigos e apenas isso. Vocês estavam enganados quando disseram que ele gosta de mim. - Falo e dou de ombros, mesmo que dizer tudo isso deixe um gosto amargo em minha boca.
- Filho, com todo o respeito, você é burro! - Ele diz ao se sentar em minha frente e olho para ele indignado.
- Ei! - Reclamo, me sentindo ofendido com isso.
- Menino, Uriel gosta de você, mas é claro que ele não quer te dizer, pois tem a certeza que você é hetero, o que sabemos que não é... Ou é? - Ele questiona e isso me deixa mudo.
Minha primeira reação é deixar o medo falar mais alto e dizer um belo "sim", mas eu sei que não é a verdade e estarei mentindo para mim mesmo. Então em silêncio, eu balanço a cabeça em negação, deixando essa confirmação sair de mim pela primeira vez.
- Não sou. - Falo por fim, pois um cara hetero jamais estaria apaixonado pelo amigo. Porra, o que foi que eu acabei de pensar?
- Então... Uriel não sabe que você é bissexual, ele não sabe dos seus sentimentos, então ele está tentando se proteger. É claro que aquele beijo teve um significado enorme para ele, e ele também sentiu quando você beijou uma garota na frente dele. Uriel deve pensar que você fez isso para jogar na cara dele que gosta de garotas e ponto. Na cabeça dele, ele não tem chances com você. Então para que lutar? - Meu pai explica e confesso que não havia pensado por esse ângulo, mas faz muito sentido.
- Tá, mas o que eu vou fazer? Eu nem sei o que eu sinto de verdade. - Falo em frustração e vejo ele abrir um sorriso pequeno.
- Sabe sim, só está com medo. - Ele responde e se levanta em seguida.
Abro a boca para o responder, mas fico em silêncio, vendo ele me deixar sozinho poucos segundos depois. Fico um bom tempo deitado no sofá, vegetando em meus pensamentos, até soltar um suspiro pesado e subir para meu quarto.
Assim que entro no cômodo, fecho a porta e sigo até o banheiro, tirando minhas roupas pelo caminho. Paro de frente ao espelho e só agora reparo no estrago maior. Eu disse a todos que foi apenas hematomas em meu rosto, mas meu peito, abdômen e costas estão coberto de roxos. Meus lábios estão ainda mais inchados por ter conversado, mas o corte não tem mais sinal de sangue.
Solto um suspiro e fecho meus olhos, inclinando meu corpo sobre à pia. Meu corpo inteiro dói, mas eu não me arrependo de nada, apenas de não ter estragado mais a cara daqueles babacas.
Eu havia acabado de fazer minha prova quando sai da sala e minha intenção era ir encontrar algo para comer na cantina, mas de repente me veio uma vontade louca de usar o banheiro e fui no do segundo andar, que geralmente é mais vazio. E não sei que força me levou até lá, mas me sinto fraco por isso.
Ver aqueles covardes ameaçando Uriel foi como injetar ódio em minhas veias e não pensei muito antes de agir. Poderia ter dez idiotas lá, eu faria a mesma coisa apenas para o ver bem. Porque por alguma razão, eu não suporto a ideia de vê-lo machucado ou triste.
Solto um suspiro e abro meus olhos, seguindo até o box. Deixo a água fria cair sobre meu corpo, relaxando meus músculos cansados e doloridos e por um segundo a imagem dele vem novamente à minha cabeça. E com isso eu não tenho mais dúvidas.
Eu posso ter medo, posso mentir para mim mesmo às vezes e não faço ideia de como as coisas serão no futuro, mas agora eu tenho a plena certeza de que sim, eu estou apaixonado por Uriel... E não faço a mínima ideia do que fazer em relação a isso.
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Se preparem para o dilúvio, pois alguém admitiu estar apaixonado por um certo ursinho.
Gostaram, jujubas??? Eu disse que as coisas iam andar, finalmente. 🤭
Bjus da Juh, até a próxima 😘😘
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Maktub | Livro 01 - Trilogia Destinos [DEGUSTAÇÃO]
RomanceLIVRO COMPLETO DISPONÍVEL PELA AMAZON!!!! Um segundo pode mudar tudo. Pode ser o fim de uma vida, mas também a continuação de outra. Uriel e Dylan nunca se viram na vida, mas a ligação deles começa no mesmo instante em que Uriel recebe uma parte im...
Capítulo Vinte e Cinco
Começar do início