Capítulo 4 - O Arrependimento

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Clara: E... o que você tá querendo dizer ? - Engoli em seco.

José: Quero dizer q... - Meu celular vibra e o interrompe. Sem pensar duas vezes, apenas o desliguei sem ver quem era. Voltei a olhá-lo - ... Que eu tenho que pegar mais leve e entender que eu não estarei aqui pra sempre, que você não vai me ter aqui pra sempre como o seu guardião de todos os perigos e se eu não te deixar voar... não estarei te preparando pra vida... - O olhava atenta, esperando que dissesse mais, que dissesse o que ele realmente queria dizer... - Me desculpa ? - Me olhou com um olhar baixo de arrependimento.

             Não sabia o que responder de imediato. Primeiro que, como disse, essa atitude dele era estranhíssima! Segundo que, eu ainda esperava ele dizer mais...

Clara: Ah... - Cocei a cabeça - Ok, eu... desculpo. - Meu coração ainda batia forte. - Ele se aproxima para um abraço, outra coisa estranha, pois... digamos que ele não era muito chegado a abraços. - Ah... era só isso que tinha pra me falar ? - Me soltou. Franzi o cenho.

José: Sim, eu sei que falei demais e tomei seu tempo, mas... - Dá um tapa na lateral da perna - Eu precisava falar isso.

Clara: E o que te fez vir aqui se desculpar ? - Ainda estava atordoada com tudo isso.

José: Nada, filha. Apenas... a... as pessoas mudam, sab... - Falava gaguejando e desviando olhar para o chão.

Clara: Pai, fala a verdade, vai! Foi a mamãe que pediu pra você vir aqui, não foi ? - O interrompi e pus as mãos na cintura.

José: Não, claro que nã...

Clara: Qualé pai! As pessoas não mudam do dia pra noite! - O encarava.

José: Ok, ok. - Mexia as mãos - Foi a sua mãe... - Confessou desconfortavelmente. - Ela chegou agora pouco e a contei sobre o que aconteceu e... você sabe como é a sua mãe, né ? Acabou me fazendo reconhecer meu erro... - Suspirou.

Clara: Mas é obvio! Tava na cara! Você sempre manteve sua postura de pai durão sem abraços e sem desculpas, sempre bem absoluto, aí do nada "PAW!" - Ergui as mãos enfatizando meu aumento de voz. - Vem todo maternal pra cima de mim...

José: É, eu sei, o que seria de mim sem a sua mãe nessas horas viu... - Esfregou a testa ainda evitando contato visual.

              Eu não sei se eu era sortuda demais ou qualquer outra coisa do tipo, mas ia agarrar esse reconciliamento com unhas e dentes porque coisas boas não acontecem duas vezes! Embora, eu esperasse ele dizer pra eu fazer minhas malas, Graças a Deus ele não disse! Sendo assim, resolvi, mandar a tal proposta, ok... poderia ser cedo demais pra isso, mas eu não podia mais esperar, Josh estava esperando uma resposta minha e eu implorava pra que ela não fosse um não! E sem contar que deveria aproveitar esse coração mole dele agora, vai que mais tarde ele muda de ideia de novo...

Clara: Pai, é... - Ele caminhava em direção à porta - Já que tá tudo certo, então... - Me olha. - É... queria saber se posso dormir na casa da Sabina hoje... ? - Fiz uma careta mostrando os dentes. Não tinha o costume de mentir e isso me deixava tensa e sem saber como agir direito. O coração disparava, pensava em mil e uma possibilidades negativas que não consegui antes elaborar uma resposta prévia.

José: Mas olha só! A gente não pode ser bonzinho uma vez que você já quer abusar ? - Riu cruzando os braços.

Clara: Lembre-se do que acabou de dizer... - Dei de ombros.

José: Ok... você pode! - Balançou a cabeça positivamente. - Maaaaas.... - Ergueu o dedo indicador - Esteja em casa amanhã antes das 18h.... - Sorri exaltada confirmando com a cabeça - E isso é só porque é na casa da Sabina. - Saiu do quarto.

Um Coração FrágilOnde histórias criam vida. Descubra agora